Leonor
Ao atender a chamada da Bruna, ouvia a mesma a chorar desesperada. Estava preocupada pois ela não conseguia falar. Ainda não o tinha feito desde que atendeu.
- Bruna? Fala comigo. - pedi desesperada, e a mesma não falava - Vá lá, conta o que se passa.
- Diz-me Leonor, que mal fiz eu? Andaram a dizer-me que o Pedro me traiu ontem á noite.
- Tem calma. Já falas-te com ele?
- Não. Ainda não tive coragem.
- Mas tu nem sequer tives-te com ele ainda?
- Não...tenho andado a evitá-lo. Não consigo estar com ele depois do que soube. Porra, eu confiava tanto nele!
- Podem ser rumores. Sabes que pode ser algo para vos tentar separar, mas não deixes que isso aconteça. Vocês gostam um do outro e quando falares com ele, de certeza que te dá uma explicação.
- E se for verdade? - ela suspirou - Eu não sei se o vou perdoar. Foda-se, começamos a namorar á pouco. Ele anda a gozar com a minha cara.
- Calma! Hum..olha, pede para ele ir ter contigo e dizes-lhe o que te disseram ok? Não tires conclusões precipitadas, se não não acaba bem.
- Não tenho coragem de ir ter com ele.
Até ele me anda a evitar, nem sequer me chama nem diz nada. Juro, eu vou-me passar se for verdade.- Não faças nada para depois te vires a arrepender, Bruna. - ela não respondeu - Vai correr tudo bem.
- Secalhar vou tentar falar com ele mais daqui a pouco. Preciso de me acalmar, estou muito irritada. - E não quero chegar á beira dele para lhe dar uma chapada. - comecei-me a rir -- Sabes, eu fiz isso ao Ander quando cheguei a Madrid. Estava tão chateada, foi logo o primeiro ato.
- Meu deus, a sério?
- Sim.
- Olha, por vezes é o que eles merecem para ver se deixam de ser estúpidos. Andam aqui a gozar...
- Pois. Mas olha fala com ele e com calma. Não te ponhas a disparar coisas sem sentido, sim? Vá, preciso de ir tenho que ir ao cacifo, a minha aula está quase a começar. Depois diz algo.
- Está bem... beijinhos.
Quando a chamada desligou, respirei fundo. Na verdade, achei que fosse algo mais grave, embora a situação o fosse porque se fosse comigo eu também dava em maluca.
Mas de a ouvir a chorar daquela forma, até pensava que era outra coisa. Nós éramos o desabafo uma da outra e sinceramente considerava-a como a minha melhor amiga.
A primeira coisa que acontecia, era logo á Bruna a quem contava tudo. Pois entendiamo-nos bem.
Dirigi-me então ao cacifo, e tirei o material da parte da tarde, que tinha guardado para o caso de não fazer peso. Deixei o material da manhã, e nem me daria ao trabalho de o vir buscar depois da última aula já que amanhã iria ter as mesmas disciplinas.