Leonor
Andava de um lado para o outro.
Uma vez que os meus tios - e prima - partiam no domingo á tarde, a minha mãe convidou-os para jantarem connosco.
Tanto eu como a Bruna, tínhamos a tarefa de encaminhar pratos, talheres, guardanapos, bebidas, tudo o que era essencial para a mesa.
Enquanto isso, o meu pai e o meu tio estavam sentados no sofá ambos de braços cruzados a falarem sobre o jogo de futebol que ocorria na tv.
Eram mesmo irmãos.
A forma como os dois falavam seriamente, as poses, o estilo. Tudo fazia neles serem realmente irmãos.
Apesar de, eu e a minha prima não termos muito a ver pois a pessoa dela era bastante diferente. Ela era loira, e isso já mudava imenso.
A minha mãe encaminhou a lasanha para a sala, com luvas nas mãos e pousou a mesma no centro da mesa.
Elevou o tom de voz, chamando os homens para virem jantar. Eu e a Bruna olhamos uma para a outra, e começamos a rir pela forma com que a minha mãe havia falado.
Os lugares ocuparam-se num instante.
Eu e a Bruna ficamos do lado da parede, a minha tia e a minha mãe ficaram de frente para nós e os machos ficaram em cada ponta.
A Bruna começou a gozar, a dizer que as mulheres tinham seguranças na mesa. Gargalhadas encheram a mesma, devido á sua piada/ironia.
- Isto não é fácil, acaba por se complicar na partilha do vinho.
Respondeu o meu tio, e voltamos a rir.
Na verdade, já sentia saudades do ambiente português e só queria voltar á minha terrinha para ver o pessoal.
Falar com eles apenas por chama e mensagens não era o mesmo, pois não tinha a presença deles comigo.
- Então Leonor, vais começar as aulas não é? - balancei a cabeça assentindo. - Já escolheste a escola e o curso?
- Sim, já tenho tudo feito.
Uma pequena conversa sobre a minha entrada na nova escola, acabou por se surgir á mesa. E claro, era sempre um dos temas que não podia faltar.
Já para não falar na conversa sobre namorados. Sempre que um familiar me encontrava, estava pronto para me perguntar se namorava.
A isso chamava-se conversas á português.
Peguei na garrafa da coca cola. A mesma estava gelada, tornando-se mais agradável pois ao natural, não era a minha cena. Já que enchia o meu copo, enchi o da Bruna também.
Mais tarde, após o jantar, eu e a minha prima saímos da mesa com autorização enquanto os adultos ainda ficaram a tomar café e a falar.
Regressamos ao quarto, para continuarmos a falar e aproveitar os poucos minutos que restava com ela.
- Porra, cheguei ontem á noite e nem me acredito que já vou embora amanhã á tarde. - resmungou. -
- Mas ao menos já tens uma noção do que é a Espanha, menina. Também, daqui a uns dias estás cá outra vez.
- Pois é, mas parece que não aproveitamos quase nada.
Balancei a cabeça, entendo-lhe.
Enquanto falava com ela, recebia mensagens do meu grupo de chat. Várias mensagens sem sentido, como emojis, memes e entre outras coisas. Até dava piada, na verdade.
Desde sempre, que o meu grupo era um pouco desvairado da cabeça, então eu já não me surpreendia.
Entretanto, bateram á porta do meu quarto e apareceu a minha tia a avisar a Bruna para irem embora.
A loira levantou-se da cama e acompanhei-a até á porta. No corredor, despedi-me dos três.
Claro que ainda ficaram um pouco á conversa, e a dizer as típicas piadas levando as gargalhadas tomarem conta do hall de entrada. Após ouvir os agradecimentos, eles abandonaram a vivenda.
Ajudei a minha mãe a arrumar tudo novamente e regressei ao quarto, para trocar de roupa. Usei uma roupa mais confortável, já que era para dormir.
Deitada na cama, coberta até á cintura mantinha-me no telemóvel a trocar mensagens com os meus queridos amigos portugueses.
Algumas vezes, ria-me sozinha devido a mensagem estúpidas.
Queria juntar-me a eles, novamente.