Capítulo 04: A casa assombrada, e seu nome?

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Um vento frio sobrava, ele vinha vinha do sul, mas parecia vir do norte, e se encontrava com o leste, e ao mesmo tempo com o oste.

- Isto certamente lhe lembrará algo, não é? Claro.

Ele acabava por dar adeus a sua primeira vida, seu primeiro lar, ou aquele a quem via como seu primeiro castelo. Em alguns minutos, ele conhecerá seu novo lar. Mas, para isto acontecer você deve contar de: um a dez, pausadamente. Conte comigo, vamos?

-Um.

-Dois.

-Três.

-Quatro.

-Cinco.

-Seis.

-Sete.

-Oito.

-Nove.

-Dez.

Seja bem-vindo a seu lar, Valério.
Um raio estremeceu ao chão, como nos filmes de terror ao qual estamos acostumados, aquela chuva continuava forte e intensa. Ao que parece, a chuva sempre acompanha nosso autor, talvez por que ambos estejam interligados, como o caos e a serenidade, a beleza e o medo.
Como você imagina sua casa assombrada? Escura e gélida? Sabe, sinto o arrepio na espinha, cada pelo em meu braço reage, fico arrepiado.
Estava escuro e a chuva cobria tudo, não foi fácil sair do carro, mas também não foi difícil perceber a recepção dos novos vizinhos, que observavam atentamente a chegada do nosso pequeno garoto. Desculpa, não consigo deixar de questionar: o que será acontecerá?

Valério, era um garoto inocente, por mais que tenha trago consigo fardos de seu antigo castelo. Mas, mesmo assim, ele fazia jus ao seu nome. Ele era preenchido e cheio de vida, alegre e calmo, e como toda criança no início de sua infância, medroso.
Eu posso imaginar o medo de entrar naquela casa.
Antes mesmo de adentrar, ele pode ouvir um grito, alguém gritava, e esse grito ecoava de dentro da casa.

-Por que ninguém está assustado? Será se não estão ouvindo nada? Por que estão ignorando isso? - Ele se questionava.

Mesmo se questionando, e sem a reação dos outros com aqueles gritos, ele seguiu adentro, mesmo com as mãos trêmulas, e suas pernas sem forças, mancando, ele continuou a seguir.
Três quartos, escuros. 7 cômodos ao todo, um dava mais calafrio que o outro, a cada passo tanto a frente, quanto para trás. A casa continuava vazia, e então, na chuva, se iniciou sua mudança.
Todos os móveis entraram, tanto os móveis, quantos seus 5 cachorros. Incluindo o mais belo de todos, grande e peludo, liso, como um lobo. Seu tamanho era extraordinário, Valério conseguiria perfeitamente montar nele. Ambos tinham uma ligação, de filho do dono, para com o animal de estimação.
Ele às vezes parecia cuidar de Valério como se fosse seu próprio filho, era carinhoso e cuidadoso. Sim, como era...belo, isto.

Ah, vejam só. A chuva cessou. Hora de dar uma volta, conhecer a vizinhança, quem sabe ela é melhor do que a casa, afinal?
Ele saiu, e então, ao por seus pés fora de casa, ouvia duas pessoas sussurrando:

-Uma bruxa morava aí, o espírito dela vaga pela casa.

Ao ouvir isto, de imediato Valério se assustava, queria correr ou questionar o que ouvia, dois passos em direção aquelas pessoas ele deu, mas, já eram exatamente 20h45m.
Você sabe que horas são? Não?
Hora de crianças irem dormir, na verdade, já havia passado da hora.

-Entre Valério, e vá dormir, agora.- Com um tom de reprovação, exclama Mary, sua mãe.

Valério então seguia rumo ao quarto de Teodora, sua avó. Onde lá, ele iria dormir, pela primeira vez. Mas, não era sua primeira vez dormindo naquele lugar, era sua primeira vez acordado a noite toda, temendo, naquele lugar.
E assim, aconteceu.

No dia seguinte, com o raiar do Sol um novo dia se inicia. Valério durante toda a noite permaneceu acordado, ouvindo gritos e sorrisos. Mas, deixou tudo de lado e começou a viver seu novo dia, com seus amigos que vieram com ele. Dias e noites, noites e dias, sem cansar, eles brincavam. Quantos amigos tinha Valério afinal? Vários!
Há quase 1 semana depois de sua mudança, e adaptação em sua nova casa, ele passou noites em claro ouvindo gritos, e dias acordado, brincando com seus amigos. Até e, chegou o momento de dialogar com aqueles que comentaram sobre a bruxa. Valério questionou seus nomes, mas antes, se apresentou.
"Carlos e Isabel" eram seus nomes.
Eles conversaram por horas, e assim foram convivendo. Os amigos de Valério, vendo que ele começou a se aproximar de outras pessoas, começaram então a se afastar, deixando Valério apenas para aqueles dois.
Valério era alegre, então facilmente se apegou e desenvolveu um vínculo com os dois, mas ele se apegou bem mais a Carlos, que vinha a se tornar seu melhor amigo, daquele momento, até certo ponto do futuro.
E assim aconteceu, dos seus 6 anos de idade, até os 12 anos, eles foram melhores amigos. Mas...nossa vida é repleta de vindas e idas, e agora que Valério já tinha 12 anos, ele deveria começar a aprender mais afundo.
Com os seis anos que se passaram, os gritos da bruxa também se foram, e ele finalmente conseguia dormir, sem se tremer. Ao ver que Valério estava perdendo aos poucos seu convívio com seus novos amigos, os antigos amigos dele começaram a voltar, aos poucos.
Até que então:

-Você nunca deve nos deixar, por mais que a gente se distancie, você sempre voltará para a gente, e nós sempre voltaremos para você.- Com um tom de conclusão, falavam os amigos de Valério.

- Valério não é meu nome. Na verdade, não é mais. Devo começar a amadurecer...como uma pedra, ou um rochedo. Já se passaram 6 anos aqui e eu tenho que mudar, ou começar a crescer, então...se quiserem me chamem de "V" é a abreviação de Valério. No entanto, meu verdadeiro nome é...

Espera!
Ah, me desculpe por interromper. É que uma pergunta surgiu aqui do nada. Vocês também não estão se perguntando, afinal?
Será se vocês não perceberam ainda?
Se não, bem...onde está Juan?

O Garoto SolitárioOnde histórias criam vida. Descubra agora