Fusível

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A senhorita Torres estava nervosa. Não sabia o que diria para ele quando chegasse. Deveria contar sobre seus sentimento? Deveria fingir que era penas sexo? Com tinha se deixado apaixonar por alguém em pouco mais de uma semana? Aquilo era realmente possível?

Eram tantas perguntas rondando sua cabeça que ela teve medo de explodir. 

Marcus bateu na porta com hesitação. Os últimos dias estavam sendo muito estranhos quando se tratava de Kris. Ela era a principal suspeita do assassinato, mas por causa de Marcus não se dar por vencido até ter todas as provas ela ainda não estava presa. Ela o havia ignorado sem motivo nenhum aparentemente. Ele tinha dado um tiro nela, numa tentativa vã de defendê-la. Ele havia praticamente fugido dela depois de uma quase declaração. E agora, estava se sentindo um adolescente esperando que ela abrisse a porta.

- Oi - Kristen disse também hesitante.

- Oi. Posso entrar? 

- Claro.

Marcus entrou e logo o cheiro amadeirado do perfume dele tomou conta de todo o ambiente. Kristen notou que ele estava observando o local. Parecia que ele também estava pensando em por onde começar. A história dos dois era complicada e agora parecia que se complicaria mais ainda.

- Eu fiz brownies, você quer?

- Quero - respondeu com um sorriso.

Marcus seguiu Kristen até a cozinha e se sentou num dos banquinhos do balcão. Ele a observou abrir o forno e pegar uma badeja com os brownies já cortados. Era óbvio que ela não havia feito. Naquela noite no hotel ela também havia dito que não era fã de cozinhar. Marcus pegou um e provou, estava muito bom.

- Não foi você quem fez, não é?

- Não - ela riu ao ser descoberta. - A empregada dos meus pais é realmente boa na cozinha.

- Transmita meus cumprimentos a ela - ele disse limpando a mão no guardanapo.

- Com prazer.

De repente Marcus tomou uma postura séria, de cenho franzido. Mas olhou para Kristen e seu semblante se suavizou. Ele esticou a mão e pegou no braço dela, depois a fez dar a volta e a puxou para seu colo. Marcus enterrou a cabeça no peito de Kristen, emanando seu cheiro, com o cabelo dela fazendo cócegas em seu rosto.

- Por que parece ser uma eternidade desde que estivemos assim? - Marcus perguntou.

- Acho que tem muita coisa acontecendo, o que faz os dias parecerem muito mais longos do que realmente são.

- Com certeza os minutos longe de você fazem os dias parecerem infinitos.

- Ahh - Kristen torceu o nariz ao ouvir aquilo.

Marcus olhou para a careta que ela fez e sorriu.

- O quê?

- Não sabia que você era tão piegas - ele gargalhou.

- A culpa é toda sua.

Ele pegou no queixo de Kristen e a puxou para um beijo, suave e demorado. O sol estava se pondo e aquela luz deu um toque magico a cena toda. Kristen se sentia leve e se questionava como poderia viver sem aquilo novamente. Nesse momento todas as luzes se apagaram.

- O que aconteceu?

- Parece que acabou a luz - Kristen o encarou como se dissesse "gênio".

Ela foi até a janela da frente e viu que a luz na casa de seus pais ainda estava acesa, ou seja, somente ela tinha ficado sem luz. Mas como morava sozinha a algum tempo, ela sabia o que fazer. Voltou para a cozinha e pegou duas lanternas, entregando uma para Marcus. A luz do sol quase não existia agora.

Com a lanterna ela foi até onde guarda as chaves e pegou um molho, foi até o quadro de energia, abriu com a chave e soltou o molho no balcão. Testou os botões e nada aconteceu.

- Onde ficam os fusíveis? - perguntou Marcus.

- Lá fora, na casinha onde guardamos as coisas da piscina - comentou ainda procurando o problema.

Kristen não entendia muito de elétrica, e quanto mais olhava para o quadro de energia mais certeza tinha que o problema não estava ali.

- Marcus pode iluminar mais aqui, fazendo um favor? - Sem resposta. - Marcus?

Kristen sentiu um frio na barriga. Olhou no balcão e não viu o molho de chaves. Kristen se praguejou enquanto praticamente voava para a casinha. Quando abriu a porta deu de cara com Marcus. Ele a abraçou e a empurrou de volta para dentro de casa.

- E fez-se a luz - disse com um sorriso.

Kristen reparou que as luz estavam todas acesas. 

- Era um fusível que estava mal encaixado - Marcus informou.

Um medo incrivelmente grande cresceu dentro do peito de Kristen e ela se atirou aos braços de Marcus. Ele a abraçou e retribuiu o beijo urgente da garota. Em meio a beijos Marcus foi a empurrando até o sofá. Onde a tipoia do braço de Kristen e as roupas de ambos foram tirados as pressas. Os dois tinham urgência de voltar a sentir um ao outro.

Depois que fizeram amor continuaram abraçados, como se pudessem prolongar aquele momento ao máximo. Kristen usava a camiseta de Marcus e ele estava apenas de cueca. Estavam assistindo uma série na Natflix, como qualquer casal normal, apesar deles não serem.

- Seu curativo está vazando - Marcus avisou olhando o ombro de Kristen.

- A sua camiseta, me desculpe.

- Não tem que se desculpar. Onde tem uma caixa de primeiros socorros?

- Na porta do meio, no balcão.

Marcus levantou e foi pegar a caixa. Kristen não podia deixar de reparar no quanto Marcus era lindo, o corpo trincado de músculos, mas ainda assim era tão aconchegante abraçá-lo. Ele voltou com a caixinha de primeiros socorros e se sentou ao lado de Kristen. Tirou a camiseta dela e com muita delicadeza trocou o curativo.

- Onde aprendeu a fazer curativos tão bem?

- Mais velho de três irmãos - ele sorriu com as lembranças.

- Sente saudade?

- Sinto, mas estou fazendo o que eu amo e eles também tem a vida deles.

- Quantos anos eles tem?

- Aaron tem 20, é o bebê da família. E Fred tem 27.

- E você com 59? - ela provocou. 

- Engraçadinha - ele riu. - Tenho só 8 anos a mais que você.

- Ainda assim eu não deveria namorar um cara tão velho.

Marcus de repente ficou tenso. Ele encarou Kristen com uma intensidade que ela ainda não tinha visto. Então, ela se deu conta do que tinha acabado de dizer. Kristen sentiu medo mais uma vez. Mas Marcus a surpreendeu com um beijo tão suave que ela sentia-se flutuando, ele a tocou como se ela pudesse quebrar a qualquer momento em seus braços.

- Namorado é? - ele provocou separando seus lábios.

- Cale a boca - ela respondeu rindo.

- Sim senhora.

E beijou-a novamente. Naquele instante eles eram a calmaria que antecede a tempestade.

Principal SuspeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora