Perto de Você - Karlena

Família Luthor

A agente do Serviço Secreto, Kara Danvers, e três outros colegas, se apressaram a entrar no Memorial Hospital de Nova York atrás do vice-presidente dos Estados Unidos e da esposa. Apesar de manter suas emoções sob controle durante o trabalho, Kara não conseguiu deixar de se solidarizar com Lessa Luthor, a segunda-dama, pois se lembrava nitidamente da noite em que o pai falecera em um lugar como aquele. Tinha quinze anos e ficara gravada em sua memória a imagem de Alex, sua irmã mais velha, chorando em seus braços.

Se aproximaram da recepção, onde foram recebidos por um homem impecavelmente vestido.

- Sr. vice-presidente, Sra. Luthor. Sinto muito encontrá-los sob tais circunstâncias. Sou o administrador do Memorial.

- Obrigado por vir a esta hora. - agradeceu Clay Owen.

Kara viu quando Clay amparou a esposa. Em seis anos no Serviço Secreto, acreditava que esse casal de políticos era o que demonstrava seus sentimentos mais abertamente. A maneira como se tratavam sempre despertara comentários, nem todos agradáveis, entre os influentes em Washington.

Como Lessa se encontrava no quarto mês de gravidez, Clay se mostrava ainda mais atencioso.

Enquanto o casal conversava com o médico, Kara esquadrinhou a recepção do hospital. Mitch Callow, seu parceiro e responsável pelo destacamento da segunda-dama, e Tim Jenk, o agente encarregado pela segurança do vice-presidente, se aproximaram de seus protegidos.

- Vou mostrar o caminho. - o administrador informou.

Mitch Callow olhou para Kara e fez um aceno em direção ao outro lado da recepção. Uma bela ruiva discutia com um homem que segurava uma câmera. Como a mídia soubera da viagem repentina do vice-presidente, de Washington a Nova York, no meio da noite, e passara pelos guardas na entrada do hospital? Verdade que o Serviço Secreto não tivera tempo de planejar nada, visto se tratar de uma emergência, mas, mesmo assim...

Preocupada, ela cruzou o saguão e se aproximou dos dois.

- Eu já disse que não, Ross. Não vamos nos intrometer. Vamos embora... - dizia a ruiva.

- Ela tem razão, vão embora por favor. - concordou Kara do alto de seu um metro e setenta e seis.

- E quem vai nos obrigar? - perguntou o câmera.

Kara afastou o paletó, deixando a arma semiautomática exposta, e mostrou o distintivo. Podiam supor quem ela era pelos trajes e pelo broche da bandeira americana na lapela, mas um pouco de pressão não faria mal.

- Serviço Secreto dos Estados Unidos. A imprensa não está autorizada a ocupar esta área. - Meneou a cabeça, inconformada, deixando de lado sua costumeira condescendência. - Não sabem agir como gente séria, só para variar? Se trata de uma emergência familiar.

- A Primeira Emenda nos dá o direito de...

A ruiva deu um passo à frente do colega, o interrompendo:

- Eu sou Rachel Scott, da WNYC. Recebemos a notícia de que o vice-presidente Owen e a esposa viriam diretamente ao Memorial quando chegassem à cidade, mas não pretendemos incomodar. Agora que sabemos do que se trata, vamos nos retirar.

- Obrigada. A saída é por aqui. - O comentário de Kara foi neutro, conforme as instruções dos treinamentos.

Não confirme nem negue os comentários dos jornalistas. Eles estão sempre atrás de notícias. Qualquer coisa que for dita poderá ser usada como uma citação sua.

Seu primeiro chefe dera boas dicas, em todos os aspectos, para que se tornasse uma boa agente. Havia sido seu mentor até lhe dar as costas, fato que ainda a enfurecia. Por sorte, acabara naquele trabalho em Washington, sob a proteção de Mitch. Quando ele fora chamado para trabalhar na cobiçada Divisão de Proteção ao Vice-Presidente, ele a escalou para cobrir folgas de agentes e também quando fosse necessário um reforço no esquadrão. Depois de um ano, uma das agentes precisou ser substituída, devido ao rodízio obrigatório de pessoal, e Lessa solicitou que Kara fizesse parte do destacamento permanentemente.