Inteligência ou Proteção?

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- Pai, preciso falar com você.

Como o clima ainda estava agradável, o patriarca dos Luthor se encontrava no quintal do bar, sentado com um livro no colo. Parecia saudável e em paz, e Lena imaginou que aquela seria uma boa hora para conversarem. Recostou-se em um pilar.

- Desde o infarto, tenho pisado em ovos ao seu redor. Sentia culpa, pensando que nossa discussão fora a causa. Depois aconteceu o acidente no barco...

- Deus do Céu, menina, quantas vezes tenho que lhe dizer que nada disso é culpa sua?

- Sei disso agora. Só precisei de um tempo para perceber.

- Como todo o resto.

- O que quer dizer?

- Andei refletindo sobre o porquê de ter demorado a me falar sobre sua vontade de seguir carreira na fotografia.

- Não sei. - Lena deu de ombros. - Achei que fosse ficar bravo. - Meneou a cabeça. - Não é só isso. O maior problema foi minha falta de confiança no meu trabalho. Talvez eu o estivesse usando como uma desculpa. - Se endireitou e encarou o pai. - Mas agora vou atrás disso, pai. Vou trabalhar como fotógrafa a sério.

- Tudo bem.

- Se precisarem de mim, poderei trabalhar no bar por meio período.

- Eu disse tudo bem, filha.

- Disse? - Lena franziu a testa. - Estranho... Sempre foi contra.

- Eu sei, mas tive muito tempo para pensar desde que fiquei doente. - Segurou o livro que trazia no colo. - Fui egoísta querendo que vocês ficassem ao meu lado. E senti que sua paixão pela fotografia te levaria para longe de nós.

- O que o fez mudar de ideia?

- Isto. - Levantou o livro e Lena viu que era um álbum de fotos.

- É um dos álbuns de Lessa? Onde o conseguiu?

- Não. É um presente de aniversário para mim. E para você também, de certa forma.

- Quem lhe deu?

- Veja por si mesma. 

Entregou o álbum. Lena folheou as páginas com o coração aos saltos.

- Dei estas fotos a Lessa.

- Mas não para mim. - Ele suspirou. - Mas entendo por quê. - Meneou a cabeça. - Agora gostaria de tê-las visto antes.

- Por quê?

- Quando as vi, ouvi outra vez a risada de Lara, percebi a tristeza de Mike mesmo ao dormir. Elas mostram o quanto ama seus irmãos, sua mãe, a mim... Você tem um dom, filha, e deve abraçá-lo.

Lena engoliu um nó na garganta. Não havia percebido até o momento, mesmo já tendo decidido perseguir seu sonho, o quanto a aprovação do pai significava para ela.

- Não sei o que dizer.

- Eu diria obrigado para a sua agente secreta.

- O que quer dizer com isso?

- Leia a carta no final.

Lena viu a mensagem de Kara. Com carinho, leu cada palavra... E também o subentendido.

Quando levantou o olhar para o pai, não conseguiu evitar o sorriso de satisfação e felicidade que se espalhou por seu rosto. 



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Kara se encontrava diante de quase cem pessoas reunidas para o seminário da Inteligência. Os administradores do centro de treinamento haviam solicitado que preparasse uma palestra sobre as investigações a respeito da tentativa de sequestro de Rory e da ameaça a Lessa. Após a explicação detalhada de cada passo da investigação, começaram as perguntas.

- É verdade que pulou do alto de uma roda-gigante para salvar Rory Luthor Owen?

- Sim, e não recomendo.

- Quanto tempo levou para se recuperar? 

O suficiente para me apaixonar. Pensou.

- Cerca de uma semana. Então pegaram o vice-presidente como refém, e voltei a Nova York para ficar com a sra. Luthor.

Muitas outras perguntas foram feitas. Até que uma, em específico, a fez vacilar.

- Agente Danvers, o que prefere: trabalhar na Inteligência ou no serviço de proteção?

- Não é tão simples assim. - Kara respondeu. - Gosto da divisão de proteção. É excitante, interessante e você fica perto de pessoas que fazem história...

- Qual é o lado negativo, então?

- Não é um lado negativo, mas um fator positivo da Inteligência. O trabalho que eu realizava em Nova York era desafiador, recompensador de uma forma diferente. Minha mente trabalhava, em vez de eu ficar horas observando as pessoas sem nada para fazer, o que pode ser bem aborrecido. Na Inteligência eu resolvia enigmas, solucionava crimes. Para conseguir um pouco de adrenalina, que todos nós parecemos ter necessidade, às vezes trabalhava na proteção a dignitários da ONU.

O comentário iniciou uma polêmica e Kara ficou quieta, só observando, ocupada com um único pensamento: tivera um emprego que amava na mesma cidade em que Lena morava, e só o havia deixado por ter sido forçada pelo chefe.

Que hoje deixaria o cargo no escritório de Nova York.




Perto de Você - KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora