Planos

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A observação a deixou ainda mais irritada. Contudo, tinha de ser honesta e admitir: o problema não era a agente.

Estava zangada consigo mesma e com o pai, por terem ignorado possíveis sinais da doença. Estava furiosa com a vida, de modo geral.

Mesmo assim, isso não evitou que continuasse o ataque.

- Sua família, de que me falou antes... Ela é relevante?

Houve apenas um lampejo nos olhos cor de âmbar. Sem dizer uma única palavra, Kara voltou para perto do sofá, de onde podia tomar conta de sua protegida, cruzou os braços e fixou o olhar em um ponto qualquer.

Os irmãos se dispersaram, constrangidos, e Lena voltou para junto da janela. Depois de um instante, Mitch se aproximou.

- Me faça apenas um favor. - O tom de voz não era o de alguém que pedia, mas que comandava. - Tente não agredir meus agentes.

- Tenho um plano.

Os olhos de Lessa brilharam de excitação. Kara suspirou.

Conhecia aquele olhar que, geralmente, significava mais trabalho para o Serviço Secreto. Os esquemas da segunda-dama costumavam criar verdadeiros pesadelos logísticos, como na vez em que ela resolvera fazer a festa de halloween das crianças na residência da Observatory Way. Embora tivesse sido divertido, de certa forma, os agentes haviam passado a noite verificando pais e fantasias para saber quem entrava e saía.

- Acho que não quero ouvir. - Patrick afirmou, ao se encostar à parede do quarto privativo para o qual o pai havia sido transferido quatro dias antes.

- Os seus planos são sempre uma encrenca.

Kara olhou para Mitch, que se limitou a dar de ombros. Pelo jeito, ele sabia o que Lessa planejava e, por isso, os dois tomavam parte dessa reunião familiar.

O velho Luthor parecia bem mais corado e alerta.

- O que é, querida?

- Acho que podemos ir todos para o chalé, no lago Keuka, para a sua recuperação. Ou pelo menos alguns de nós. Só precisamos voltar no início de agosto para o acampamento de escoteiros de que Rory, Mike vão participar.

Kara nunca tinha ido à residência do lago que, aliás, não se parecia nem um pouco com um chalé pelo que ela vira nas plantas da Divisão de Proteção ao Vice-Presidente. A casa não era problema, já que havia sido preparada com o melhor esquema de segurança disponível... O lago, porém, era outra coisa.

Ninguém poderia controlar inteiramente o acesso a este. Toda vez que o vice-presidente ia para lá, mais agentes eram chamados para reforço.

- Nós quem? - quis saber Lucas.

Lessa olhou para o marido, que lhe deu um sorriso encorajador.

-Mamãe e papai, é claro, eu e as crianças. - Olhando para Lex, acrescentou: - Podemos levar Mike, já que ele estará de férias. Assim, ele poderia ver como papai está melhorando...

- E quanto à reabilitação? - Patrick perguntou.

- Bem, a fase um, que inclui hospitalização, aconselhamento sobre dieta e medicação, está concluída. A fase dois pode ser realizada no lago. Contrataremos uma enfermeira, para acompanhar a evolução dele três vezes por semana, e um fisioterapeuta para que faça os exercícios.

- Não posso pagar isso, mocinha. - Lionel avisou, lhe segurando a mão.

- Eu sei, mas Clay e eu podemos. - Lessa, então, deu sua cartada final ao colocar a mão sobre o ventre. - Além do mais, o bebê quer que o avô tenha os melhores cuidados médicos...

Perto de Você - KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora