Fotos

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- Quando percebi que não poderia ter os dois, escolhi Clay.

- Nunca se arrependeu?

- Encontrei o meu caminho em Washington, ajudo da minha maneira, mas é claro que às vezes sinto falta.

Kara desviou o olhar. Lessa teria coragem de perguntar alguma coisa sobre Lena diretamente, deixando de lado aquelas comparações veladas?

Felizmente foram interrompidas pelo choro de Lara na babá eletrônica.

- Desculpe interromper a nossa conversa. - Lessa se levantou.

Antes de sair, porém, se voltou para Kara mais uma vez:

- Kara, você amava seu trabalho na Inteligência, não é mesmo?

- Sim.

- Foi o que pensei. Mais uma coisa: Clay falou a sério quando disse que faria qualquer coisa por você em retribuição por ter salvado Rory. Se precisar de uma recomendação, por exemplo... Estaremos à sua disposição.

Lágrimas ameaçaram inundar os olhos de Kara e ela se virou. Estava de costas, quando Lessa continuou:

- Entende o que quero dizer?

- Sim, e sou muito grata.

- Quero que seja feliz...

As próximas palavras seriam "com minha irmã". Lessa não as pronunciou, mas a mensagem era clara.


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Enquanto organizava as fotos que acabara de imprimir, Lena relembrou a conversa que tivera com Kara durante o piquenique no lago. Ela estava certa, não poderia guardá-las.

Assim sendo, as mandaria para ela. Deixaria o envelope no correio a caminho do encontro com uma pessoa, pois conseguira seu endereço com Alex no telefonema do dia anterior.

Quando ia pegar mais um maço de fotografias, algumas caíram no chão. Ela praguejou ao se abaixar e rever os momentos no lago, imagens que prometera não olhar nunca mais. Juntou-as de qualquer modo. No entanto, as fotos que acabaram por cima da pilha chamaram sua atenção. Eram de Lena: dormindo, enrolada no lençol, admirando o lago, descansando no deck. Havia vinte, no total, e cada uma delas trazia a mesma mensagem. Tinham sido registradas por uma mulher apaixonada, sem dúvida.

Maldição. 

Como Kara podia fazer aquelas fotografias e depois insistir que estava tudo terminado? Como podia fazer amor com ela, como se sua vida dependesse disso, e sumir horas depois?

Colocou as fotos junto com o cartão de memória, e depois o lacrou, nervosa. Queria ver o que ela acharia disso tudo.


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Era o dia de folga de Kara. Só por isso ela se encontrava com as mãos ocupadas com sacolas de compras e roupas da lavanderia. Ao se aproximar do prédio, alguém saiu de trás dos arbustos.

- Deus do Céu! - Largou tudo, lembrando, tarde demais, que não carregava uma arma. - Alex! Quase me matou de susto. Se eu estivesse armada...

- Acha que conseguiria me pegar?

Apesar do estado miserável em que se encontrava, Kara riu da arrogância da irmã. Era tão bom vê-la. Os e-mails trocados não eram o suficiente.

Alex se abaixou para ajudá-la a pegar as coisas.

- Sua correspondência chegou e há um envelope para fora da caixa do correio.

- Pegue para mim, por favor?

Entraram no apartamento e ela levou as compras para a cozinha.

- Quer alguma coisa?

- Uma cerveja. - Alex olhou ao redor. - Este lugar é aconchegante.

Depois que guardou a roupa no armário, Kara voltou para a sala e encontrou a irmã mexendo em um grande envelope pardo.

- O que é isso?

- Me diz você. - Alex falou em um tom complacente.

- Não faço ideia. De quem é?

- Do amor da sua vida.

Kara sentiu a cor sumir do rosto.

- Não sei do que está falando.

- É de Lena Luthor, a mulher por quem está apaixonada. Nem tente negar. Ainda conheço você e, além do mais, falei com ela algumas vezes.

- Por quê? - Kara perguntou, ressabiada.

- Liguei quando estava machucada. - Alex corou, se traindo por ter feito algo errado. - Fui eu quem sugeriu que ela fosse até a casa da mamãe. - Ao ver a reação da irmã, levantou as mãos e continuou: - Não fique irritada! Ela é louca por você, só precisava de um empurrão. - Tomou um gole de cerveja. - Pedi que a convencesse a deixar o trabalho.

- Não tinha esse direito.

- Preciso contar às vezes em que você se meteu na minha vida?

- Alex, por favor, isso é sério, não uma paixão adolescente. Não posso pensar em uma vida ao lado dela, e você só está tornando tudo mais difícil. 

Por saber que seus olhos se enchiam de lágrimas, ela se levantou e foi até a geladeira. Alex a seguiu e apoiou as mãos em seus ombros.

- Não posso ficar de lado e deixar isso acabar com você. E não posso acreditar que Lena foi tão covarde a ponto de deixá-la partir.

- Lena não é covarde. É sensível e me ouve, ao contrário de você.

- Se ela fosse uma mulher de verdade, estaria aqui em vez de mandar pacotes. Eu já disse isso a ela também.

- Quando?

- Quando me ligou para saber seu endereço. Acho que para mandar isto. - Alex foi até a mesa, pegou o envelope e o estendeu para ela. - Abra.

- Não. - Kara tinha um sentimento ruim a respeito do pacote. A mesma sensação que havia tido ao conhecer Lena.

- Eu abro, então.

- Alex!

Kara se deixou sentar em uma poltrona, desanimada. Vinha se sentindo cansada, mal-humorada e solitária. Deixou que Alex fizesse o que bem entendesse. Pegou uma cerveja, mas, pelo canto do olho, viu quando a irmã despejou o conteúdo do envelope na mesa. A curiosidade levou a melhor e a fez se levantar novamente e se aproximou. Parou no meio do caminho quando viu o que era.

Alex examinou as fotos, sorrindo.

- Vamos fazer o seguinte: sente-se e olhe cada uma dessas imagens. Se ainda assim me disser que não quer mais nada com ela, nunca mais toco nesse assunto.

Deus! Eram todas as fotos que Lena havia tirado dela. As de ioga, na cama, na doca... Outras mais antigas, com Rory no piquenique.

Mas, o que era aquilo? Fotos da feira?... De súbito, sua mente clareou e seu coração bateu mais rápido. Lentamente, separou as fotos daquele dia.

- Meu Deus... Alex, veja isto.

- O que foi?

- Lena tirou fotos no dia da tentativa de sequestro de Rory.





Perto de Você - KarlenaOnde histórias criam vida. Descubra agora