Rebeldia Real - Trilogia Real - Volume 1

Capítulo 15

     Não vi Matteus até às 10:00 da manhã seguinte, pois teríamos aulas de estratégia juntos. Sim eu tinha aulas particulares, mas não todas. Estratégia eu fazia com alguns soldados da minha idade, porém a parte mais fascinante, a da luta em si, eu mal poderia participar, pois segundo o meu professor, é o dever de um soldado proteger a sua rainha.

      Chegando na sala de aula escolhi o lugar detrás de Matt para que eu pudesse me desculpar. Eu não queria fazê-lo se sentir mal ontem ou até mesmo estragar o nosso momento. Só queria ajudar, pois vejo que não falar com a mãe o machuca. Lembro-me bem do seu primeiro dia das mães aqui no palácio e como ele chorou escondido no banheiro. Na época não entendia, mas desde a nossa conversa passei a entendê-lo melhor.

         Ele estava rindo de alguma piada que Carl Schnauzer tinha feito. Mas quando eu cheguei todos os garotos que estavam rindo, pararam. Alguns até esticaram as costas, limparam a garganta e até desviaram olhares. Esse último foi a caso de Matt. Me cortou o coração essa atitude dele. Sentei no lugar e cochichei:

        - Me desculpe por ontem. Só quis ajudar. Saiba que sempre estarei ouvindo quando você precisar falar.

       Ele apenas sorriu com o canto da boca.

       - Atenção classe- disse professor Arnold Schnauzer, que diferente de seu filho Carl, que era alto e forte, o professor era um homem baixinho e pardo que já estava na casa dos 50 anos. Possuía cabelos grisalhos, cabeça chata e olhos pretos separados até demais. Além disso, usava uma bengala, já que em sua última batalha como soldado levou um tiro no fêmur. Por conta de sua aparência os meninos o chamam de senhor Pug. - Hoje a aula será diferente. Nos primeiros 45 minutos, falaremos sobre combate em terrenos irregulares, e nos 45 minutos restantes, treinaremos o que aprendemos na teoria.

         - Nada de diferente- disse Carl em tom de deboche, fazendo com que uma parte da turma, inclusive Matt e eu, soltasse alguns risinhos.

        - Bela observação senhor Schnauzer- o professor respondeu em tom de brincadeira arrancando alguns risos da turma. - Mas hoje nós não faremos o treinamento na Sala de Combate- os alunos se entreolharam confusos.- Faremos nas Terras Reais.

         Os garotos começaram a comemorar, pois queriam muito algo diferente. Já eu, saberia que o meu papel seria o mesmo de sempre: tentar entrar na passagem secreta mais próxima. Na minha opinião, nós da família real, independente da posição na linha de sucessão, deveríamos aprender o básico de autodefesa para o dia que precisarmos. Garanto que se a minha avó soubesse lutar, não teria sido morta pelos rebeldes.

- É importante procurar estar sempre no topo das colinas para se ter uma vista mais panorâmica. Mas fiquem atentos, pois se não utilizada de maneira atenciosa, essa estratégia pode ser uma faca de dois gumes. Afinal, o pior inimigo, se esconde na mais alta árvore. Portanto se desse modo, vocês ficarem mais vulneráveis e se estiverem sozinhos, será pior. Por isso, em campo aberto, sempre andem em duplas ou trios.

Os minutos teóricos restantes se resumiram em o professor e Carl Schnauzer fazendo uma cômica demonstração de autodefesa, exercícios no livro e um esquema no caderno. Então senhor Pug, digo, senhor Schnauzer, disse:

- É mais comum as batalhas de guerra ocorrerem em campo aberto, portanto quero que vocês não pensem apenas na defesa. É essencial que vocês também dirijam seus pensamentos para o ataque. Como em um jogo de xadrez.

" Só que no jogo de xadrez a peça mais poderosa é a rainha e o objetivo é defender o rei, que por sinal mal sabe lutar"- completei mentalmente.

- Para isso- continuou o professor- vou dividir a turma em dois grandes grupos, e cada equipe deverá tentar sequestrar uma princesa, enquanto defende a sua. Vocês terão 15 minutos para montar a estratégia. O grupo adversário ao da senhorita Amberly, terá também a tarefa de escolher um general- então ele se dirigiu até mim.- Senhorita, a sua irmã estaria livre para treinar conosco?