Capítulo 23

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Me sentia com a cabeça nas nuvens quando me recordava daquele dia. Principalmente dos momentos com Matt. Seu olhar, seu toque, sua voz, faziam com que uma chama se acendesse em meu coração e com que os meus pensamentos flutuassem. Ele era tão hipnotizante que quando cantamos e dançamos, parecia só haver nós dois.

    A semana passou de forma tranquila e sem imprevistos. Estava tão certa na minha decisão em ter Matt como Primeiro Guarda, que havia esquecido de um detalhe importante.

   Os jantares de despedida, eram mais tristes por si só, contudo tive uma sensação estranha naquele, como se algo não estivesse certo.

   - Com licença, necessito ir ao toalete- falei baixinho para minha mãe, que concordou com a cabeça.

   Cruzei o corredor aflita. "Algo de errado vai acontecer" pensei. E estava certa. Ao sair do toalete, vi um grupo de guardas correndo em direção à sala de jantar e comecei a ouvir tiros. Sem pensar duas vezes, corri em direção ao grupo de soldados, até sentir uma mão em meu ombro.

   Meu coração parou. Meu corpo gelou. E se fosse um rebelde tentando me sequestrar? E se ele quisesse me matar, mas gostaria de ver a dor em meus olhos? Mil perguntas começaram a surgir em minha mente, mas o meu corpo estava paralisado. Lentamente virei-me e vi Matt com uma expressão preocupada. Ele apenas inclinou a cabeça na direção oposta e saímos correndo.

   - E os outros?- Disse correndo enquanto tentava segurar a bainha do vestido.

   - Estarão mais seguros assim que você entrar em um abrigo. Desse modo, vou poder ajudá-los também.

   Viramos a esquina e logo chegamos ao local. Quando Matt estava prestes a girar a estátua em cima da mesinha, ouvimos um barulho estranho. O barulho do engatilhamento  de uma arma. Rapidamente Matt e eu nos olhamos e nos viramos lentamente. Era um menino. Não devia ter mais de que 14 anos e estava terrivelmente assustado. Nunca devia ter pego em uma arma antes e o terror era visível em seus olhos. Como um rebelde tinha armas? Não sabia. Assim como não sabia como que depois de um disparo eu estava no chão frio, mas ilesa.

Não demorou muito para descobrir. Após levantar a cabeça e ver o garoto correndo ao longe e a arma no chão, ouço um gemido de dor. Olho para trás e vejo o guarda que havia arriscado para salvar a minha vida, no chão tentando cobrir um ferimento na lateral de seu tronco.

- Matt!- Digo correndo ao seu encontro. - Aqui- digo passando o seu braço, que não cobria o machucado, e o levantei.

Com muito esforço, consegui fazê-lo andar um pouco e quando estava prestes a girar a estátua, vejo pelo canto do olho outro rebelde armado.

Antes que ele pudesse preparar a arma, peguei a de Matteus, engatilhei e atirei. Não o acertei, mas passou perto o suficiente para assusta-lo e fazê-lo fugir. Coloquei a arma de volta no coldre e finalmente girei a estátua. A passagem secreta na parede, começou a abrir eu olhei para trás conferindo se estava tudo certo.

O abrigo não era muito diferente do qual eu fiquei com o senhor Schnauzer. Havia um grande banco no fundo e prateleiras nas laterais. Havia também uma pequena pia ao lado da porta. Sentei Matt no grande banco de metal e comecei a tirar o seu paletó e a desabotoar a camisa para ver melhor o ferimento. Ele gemia e suava de dor. Rapidamente avistei e peguei um kit de primeiros socorros em uma prateleira. Retirei de lá um frasco de soro fisiológico, alguns esparadrapos e ataduras. Como não havia nenhum pano por perto, tive de usar a camisa do guarda como um.

    - Perdão, Matt. Mas vou precisar da sua camisa.

    Ele não disse nada, apenas concordou com a cabeça e me ajudou a tirá-la como pode, o que não foi muito. Molhei a camisa com a água da torneira e me agachei em frente ao ferimento.

Rebeldia Real - Trilogia Real - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora