Nem tudo são flores

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ATUALMENTE

BIANCA

A Marcela estava me enchendo a paciência! Ela já havia me ligado umas noventa vezes. Eu havia respondido sua mensagem, explicando que não devia satisfação nenhuma a ela, que iria conversar com quem realmente está envolvida na história, mas ela parecia não entender.

Antes de eu ir embora para o Reino Unido, tive um pequeno rolo com a ela. Pra mim, foi só uma ficada normal, a gente saiu, se beijou e foi isso, mas meses depois, acabei sabendo pela própria Marcela que ela só ficou comigo, para não ficar com a Gizelly. E na época eu entendi, a Ma sempre foi muito protetora e sempre usou desse discurso em relação a F5, mas agora, vendo a situação por outro ângulo, acho que a Marcela só quer atenção, acho que ela quer ter alguém por perto para aplaudir suas conquistas e ficar exaltando o ego dela. Venho percebendo que ela fica querendo descer o pau em cima da Rafaella...

Mas quem é você pra opinar sobre alguma coisa, Bianca? - pensei.

Agora, não imaginava que seu senso de amizade estava tão aguçado assim e que ela queria ser uma ótima amiga e queria simplesmente se meter onde não estava sendo chamada.

São Paulo era só chuva e acabei fazendo mais um dia de trabalho de casa mesmo, só nas planilhas e reuniões.


RAFAELLA

- Manu, será que a gente poderia conversar hoje? 

- Oi, bebê... Amiga, aconteceu alguma coisa? Sua voz tá tão tristinha.

- Mais tarde aqui em casa?

- Tá, tá bom! Me manda o horário que eu chego aí


GIZELLY

- E ELA ANOTOU SEU NÚMERO? AS COISAS SÓ ACONTECEM QUANDO EU NÃO ESTOU PRESENTE,  ISSO QUE É FODA! - gritava Tábata.

- Não, e vocês precisavam ver a cara da Gizelly, fingindo uma naturalidade, uma classe... eu e Taís quase morremos de rir - Letícia e Taís ficavam imitando minha cara o tempo inteiro, insuportáveis - pensei.

- Vocês são ridículas, sério - respondi brincando.

- Ela já ligou marcando o horário? 

- Não, né Ana Paula! Você acha que a gente estaria de boa aqui falando água se soubesse que a Gizelly ia encontrar a Fernanda Keulla? - disse Taís.

- Eu nem sei se vou, gente. Não estou muito no clima de sair... Sinto que tem alguma coisa acontecendo e eu não estou sabendo. A Rafaella anda muito estranha ultimamente, ela respondeu minhas mensagens de uma forma seca, estranha, sei lá.

Isso vinha me perturbando, ultimamente. Eu estava longe por pouco mais de uma semana e ela havia falado comigo pouquíssimas vezes e eu não tinha noção do que estava acontecendo, já que ela não retornava minhas ligações, nem respondia as mensagens direito.

- Até parece que uma das maiores e melhores advogadas do Brasil anotou seu número, foi super gentil com você e você simplesmente não vai por estar com um pressentimento de que alguma coisa está errada. Isso é uma oportunidade única, Gi - disse Letícia.

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- Eu sempre amei esse tipo de trabalho, achei uma iniciativa linda, Gi! - disse Fernanda Keulla.

- Já faz um tempo que tento expandir esse projeto, para todas as penitenciárias femininas. É muito gratificante ver o projeto dando certo, com as meninas ajudando... Eu tenho uma amiga chamada Ivy que é modelo, mas parece uma maquiadora profissional e uma outra amiga chamada Marcela, que é medica e sempre tentamos nos reunir, levando conhecimento e cuidado para as mulheres que vivem na situação de cárcere - respondi.

A noite foi passando e eu fui me soltando. A Fernanda é uma mulher maravilhosa!

- Gi, fiquei sabendo de uns boatos sobre sua vida amorosa... Você namora com a digital influencer Rafaella Kalimann, não é? 

Ela sabia sobre Rafa? Ela estava pesquisando sobre a minha vida? Conhecia meu trabalho, meus projetos...

- Sim, Fernanda, estamos juntas a um tempo, mas as coisas não andam muito bem ultimamente, na verdade, não sei em que pé estamos... - e eu realmente não fazia ideia do que estava acontecendo, mas sabia que as coisas não estavam bem,

Contei sobre como começamos o namoro e sobre os ocorridos dos últimos dias, abri meu coração para a advogada, que ouviu pacientemente, pontuando suas opiniões onde achava pertinente e quase caí com suas últimas palavras antes de entrar no Uber.

- Quando você voltar pra São Paulo, conversar com ela e entender que você merece alguém melhor, sabe onde me encontrar, Gizelly Bicalho. Você ainda não percebeu que é incrível demais para perder tempo com esses joguinhos? - ela me deu um beijo no canto da boca e foi embora.

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- NOSSAAAAAA GIZEEEEELLLYYYYYY, PORRRAAAAAAAAA - Tábata gritava. E a gritaria rolando solta dentro do quarto, até que eu tive que gritar para todo mundo calar a boca para eu poder atender meu celular, era a Marcela ligando, mas a essa altura ninguém me respeitava mais, uma falando por cima da outra, a Taís gritando uns negócio em inglês "GAY PANIC", eu não entendi nada.

- Oi, Ma - falei tentando fazer uma concha com a mão para ela não ouvir toda a algazarra que estava tendo no quarto.

- Amiga, preciso que você volte pra São Paulo o mais rápido possível - sua voz parecia tensa.

- O que? Como assim, Marcela? - afastei a boca do celular - EEEEI, silêncio ae que a coisa é séria.

As meninas no quarto fizeram silêncio e Marcela começou a contar uma história sem pé nem cabeça, dizendo que no dia seguinte, eu deveria voltar para São Paulo de surpresa, pra uma comemoração.

- Marcela, para com essa palhaçada e conta logo o que está acontecendo, consigo ouvir tua voz de mentirosa daqui - não fazia sentido nenhum.

Ela é amiga da minha mulherOnde histórias criam vida. Descubra agora