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ATUALMENTE

 GIZELLY

- Toma, Gi, bebe que vai te acalmar um pouco - disse Letícia me entregando um copo. Virei o líquido na boca e quase cuspi.

- Isso é água com açúcar,  Letícia? 

- É pra você se acalmar - disse ela calmamente.

- Letícia, pra me acalmar agora, só depois que eu beber uma grade inteira de cerveja - Minhas mãos ainda tremiam, meu coração ainda batia acelerado... Eu não me orgulhava da situação que havia ocorrido lá em baixo, mas agora já estava feito.

Eu subi para o aparamento de Taís e quando as meninas acordaram, o cabaré já estava feito, eu já estava no chão chorando sozinha há horas, mas estava fazendo isso baixinho, as meninas não mereciam serem acordadas para passar por aquilo. Mas me levantaram, me enfiaram comida goela abaixo e cuidavam de mim desde então. Pela janela, eu vi o dia passar e percebi que passei a tarde inteira chorando.

- Explica de novo como foi que aconteceu, Gi - pediu Taís.

E então eu expliquei que estava no carro com a Rafaella, que tinha acabado de descobrir que havia sim, sido traída, contei tudo detalhadamente para Taís e Letícia, que faziam cara de surpresa ou de choque... O problema foi quando a Bianca chegou e começou com uma conversa de "todos somos seres humanos", " o ser humano erra" e que ela estava pronta para arcar com as consequências dos seus atos e a Rafaella só pedia desculpas e dizia que aquilo não ia se repetir... Claro que não ia se repetir, acabamos - pensei. Em todos os anos de amizade que eu tive com aquela filha da puta, nunca fiz nada que a magoasse, nem nunca menti pelas costas, nem nada que justificasse essa atitude dela e a Rafaella... E ai a Marcela entrou na história, ela quem descobriu meu chifre, ela quem pressionou as meninas para me contarem. Precisava falar com ela depois.

- A Bianca é muito cara de pau mesmo, né? - disse Taís.

- Ai eu não aguentei... Minha cabeça já estava cheia, eu já tinha pedido para a Rafaella destravar as portas do carro inúmeras vezes, eu só queria ir embora dali, mas ela não obedecia... Vocês sabem que eu não gosto de explodir... Isso me deixa muito mal e me faz lembrar do meu pai - meus olhos ardiam. Eu não tinha mais água pra chorar, isso era fato! Mas meu corpo ainda insistia em tentar... - Foi quando eu dei um tapa na cara da Bia... Ela ficava pedindo pra eu ter calma, pra deixar a Rafa se explicar... "Calma de cu é rola" eu disse em seguida dei o tapa. A culpa rodava os quatro cantos da minha mente, eu não deveria ter feito isso...

- Pois eu acho que você bateu pouco! Nossa, se eu pego a Bianca e a Rafaella na rua agora... Não ia ter sororidade certa que me impedisse de dar umas pauladas nas duas, o pau ia cantar - disse Letícia.

E então eu comecei a chorar de novo, o corpo tremia, a cabeça rodava... A sensação de perda doía muito. Meu relacionamento havia acabado da pior forma possível... O problema não era o fim, de fato, mas a forma suja como aconteceu. Como elas fizeram isso comigo? Sem nenhuma consideração? Será que eu sou tão desprezível assim? Que nosso relacionamento foi tão insignificante... A Taís tinha ido no mercado comprar cerveja e a Letícia ficou no sofá comigo.

- Eu preciso ir até lá, Leleca - falei e em seguida respirei fundo, limpando as lágrimas que insistiam em cair.

- Você precisa descansar, Gi... Você passou a tarde inteira assim... Essa situação toda é muito exaustiva, imagino o quanto está doendo... - eu a interrompi.

- Minhas coisas estão no apartamento da Bianca, preciso tirar tudo o que for meu de lá...

-Eu sei, eu sei, a gente vai lá sim, fica tranquila - disse Letícia me puxando para seus braços. E eu chorei de novo.

Ela é amiga da minha mulherOnde histórias criam vida. Descubra agora