Que susto

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FLASHBACK - 18

BIANCA

Eu amava dançar. Independente de gênero musical ou ritmo, era sempre bom entregar todos os membros e os sentidos a uma melodia. Sentia todo o meu corpo e o suor escorrendo em meu pescoço, se acumulando e ensopando o top marrom que eu usava, era bom estar viva. Agarrei o topo do pole e subi com o corpo, quase tocando o teto. Quando mergulhei para trás, com as coxas firmes na barra de ferro, fui descendo aos poucos, até conseguir apoiar as mãos no chão, uma inversão contrária perfeita, foi então que eu a vi parada na frente da porta. Soltei rápido demais e acabei caindo de uma vez.

Ela rapidamente colocou umas caixas para dentro, fechou a porta e veio correndo em minha direção.

- PUTA QUE PARIU, RAFAELLA, VAI TOMAR NO SEU CU, SUA FILHA DA PUTA -  gritei enquanto me sentava sem jeito no chão. Acabei absorvendo todo o impacto da queda com o braço e um lado da cabeça.

- Você está bem? - ela se ajoelhou ao meu lado com os olhos verdes arregalados de preocupação e foi logo afastando o excesso de cabelo do meu rosto e examinando meu braço.

- Tô, tô - disse puxando o braço de uma vez e me levantando indo em direção a cozinha.

- Tem gelo aqui? Você bateu a cabeça, é bom colocar gelo pra não fazer um galo - disse ela caminhando atrás de mim - e desculpa, não quis assustar - completou baixinho por fim.

Abri o freezer, peguei a bolsa térmica que estava congelada, enrolei num pano de prato e encostei no braço, que estava doendo mais.

- O que porra você está fazendo aqui uma hora dessas e por que tá toda ensopada? Molhou o chão todo... - eu queria demonstrar  que estava brava, mas não conseguia, não com ela me olhando toda preocupada.

- Chegaram essas coisas lá em casa e a Gi pediu para eu vir trazer... E também tem um contrato que você precisa ler e assinar - ela caminhou até a aonde estavam as caixas, pegou o envelope amarelo e colocou em cima do balcão, e sentou em um dos bancos atras da bancada, depois passou as mãos pelos braços. Ela está com frio - pensei.

- Entendi... - falei colocando o gelo na cabeça - você quer uma roupa limpa ou uma toalha, sei lá?

- Eu espero você acabar de colocar o gelo na cabeça - disse ela baixinho - gostei do lugar - disse ela olhando para a sala e para a cozinha.

- Que bom - respondi seca.

- Eu já estava pensando que você ia escolher um apartamento todo rosa, cheio de ursinhos carinhosos e umas fadas penduradas no teto, junto com uns minions - ela brincou e sorriu. Seu sorriso era perfeito, assim como todo o resto e eu sorri também,não pelo comentário, mas por vê-la sorrir.

- Essa era minha segunda opção de apartamento. - respondi guardando a bolsa de gelo no freezer.

- Você vai me deixar ver essa testa agora por bem ou eu vou ter que te amarrar e te levar num hospital? - disse ela já vindo em minha direção. 

- Você é um saco, sabia? - mas deixei ela analisar minha testa. Agora que reparei que ela usava um cropped branco e um short, o cabelo colado nas bochechas, pequenas gotículas d'água ainda escorriam no rosto. Seu toque era delicado, mas sua testa estava franzida e seus olhos me inspecionavam, sorri, segundos depois sua expressão suavizou.

- Tá tudo bem, sim!

- Obrigada, doutora Rafaella Kalimann - respondi sarcástica - agora vamos ver se eu tenho alguma roupa que caiba em você.

Seguimos para o meu quarto, mas fui apresentando o resto da casa mesmo assim. Quando abri a porta do banheiro do corredor, quase desmaiei com um trovão que caiu, Rafaella riu. Ainda haviam algumas caixas no chão do corredor, mas ela ignorou esse fato. Caminhamos para o meu closet e entreguei uma toalha de banho que ela prontamente enrolou no cabelo molhado.

Ela é amiga da minha mulherOnde histórias criam vida. Descubra agora