Surpresa

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NARRADOR

Os dias foram passando e as quintas-feiras foram ficando mais importantes. Geralmente, era na quinta que Gizelly retornava a São Paulo e sempre que havia uma brecha na agenda, corria para encontrar Rafaella e vice versa. O relacionamento das duas foi tomando proporções que nenhuma imaginou.

Sim, elas eram amigas, mas mais que isso. Ambas compartilhavam, mesmo que a distância, boa parte de seus dias, suas felicidades e angústias. Agora, dois meses depois de se beijarem pela primeira vez no banheiro da balada, já estavam se beijando na casa de amigos em comum, num cineminha no sofá de casa e claro, ainda não sabiam tudo a respeito da outra, mas quem sabe tudo? Não havia pressa e elas tinham tempo.

FLASHBACK - 5

RAFAELLA

Estava estressada. Acho que hoje, foi um dos dias mais estressantes da minha vida. Aquele típico dia em que tudo dá errado e que se você soubesse, nem teria levantado da cama. Minha garganta arranhava, febre, náuseas, uma agenda lotada... Perguntei ao Fernando -  meu assessor - se o plano dele era me matar e ele sorriu dizendo que me amava. Ele simplesmente esqueceu de desmarcar meus compromissos de hoje. - você é um mentiroso e se ousar rir pra mim mais uma vez...  - eu o fuzilava com os olhos - o famoso olhar do Raio de Safira, como Gizelly diz. Lembrei dela e fui feliz por dez segundos, em seguida fui puxada para a realidade.

- Vamos precisar refazer essas últimas fotos, a luz não ficou legal e se você quiser, a gente grava logo aqueles vídeos para você publicar no insta - Bruno, o fotógrafo falou.

- Claro, vamos fazer isso de uma vez, pode ser? Minha cabeça está explodindo - mas trabalho é trabalho - pensei.

Refizemos as fotos e gravamos os vídeos. Agradeci aos céus e ao fotógrafo pela paciência. Tudo pelo que mais estava ansiando era chegar em casa, tirar esse sutiã, tirar essa roupa, tomar um banho e dormir por um dia inteiro.

- Você tá tomando algum remédio? - Fernando perguntou no carro enquanto olhava fixamente para a estrada.

- Estou. Sinto como se meu corpo fosse apagar a qualquer momento, sabe?

- Vai dar tudo certo, Rafa. Já estamos chegando... Você quer ir no hospital?

- Não, Fê. Quero ir pra casa, tomar um banho e dormir - eu estava exausta.

- Tem alguma coisa que eu possa fazer pra te animar? Quer assistir um filme... Pedir uma pizza? 

- Não... Não tô no clima, desculpa - respondi seca. Essa conversa toda só estava me irritando mais. Não queria ficar sozinha, mas queria estar acompanhada de uma pessoa específica.

- Você sabe que isso é saudade, né? - Ele me encarou no sinal vermelho - já te vi bem pior que isso! Naquele Villamix - acelerou o carro quando o sinal abriu - você estava no auge da dengue, toda desgraçada e mesmo assim estava curtindo, estava feliz. O que piorou sua situação foi descobrir que a Gi não viria para São Paulo esse fim de semana.

Eu nem tinha como responder, ele chegou na voadora e suas palavras me atingiram como um soco no estômago. Eu sabia que ele tinha razão. Sim, estava doente, mas essa não era a razão de todo o meu mal humor. Gizelly não conseguiu vir para São Paulo essa semana. Estávamos sem nos ver há duas semanas. DUAS SEMANAS. Na semana passada, ela não conseguiu vir porque estava com vários casos para estudar. Nessa, não veio porque foi comemorar o aniversário da avó em Iúna. Ela me convidou para ir, mas eu já tinha esse trabalho marcado e ir conhecer a família dela toda... A gente nem tinha nada sério ainda... Claro que eu entendia que a família era algo importante para ela, era pra mim também, mas não sabia que a falta dela iria me afetar tanto. Enquanto Fernando dirigia, aproveitei o tempo para mandar uma mensagem para Manu. A baixinha estava sumida por uns dias, enfurnada num estúdio gravando seu novo disco, ela me matava de orgulho e apesar de toda correria, sempre arranjava tempo para me responder e me ajudar quando necessário.

Ela é amiga da minha mulherOnde histórias criam vida. Descubra agora