Tudo passa

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SEMANAS DEPOIS

GIZELLY

A maior dificuldade na minha nova mudança, foi apenas arrumar o local. As caixas já estavam arrumadas e as coisas empacotadas, eu mal tinha saído de uma mudança e já estava em outra. Taís e Letícia me ajudaram a achar um novo apartamento e hoje era o dia de o caminhão ir  levar as coisas para lá. Bianca fez questão de deixar que eu ficasse com alguns móveis, já que a gente comprou alguns em conjunto... O caminho para o aeroporto estava tranquilo, se não fosse pela playlist de sofrência de Taís, eu estaria ilesa, mas certas músicas ainda me abalavam.

- Taís, coloca outra coisa pra tocar, parece que você sofre o dia todo - disse Letícia.

- Até na hora de ir embora tu incomoda, pelo amor de Deus... Duas Metades é um hino, todos sabemos disso e música sertaneja é tudo! Se estiver achando ruim, desça do carro e vá andando.

- Tá bom, mas você vai bater em mim? - disse Leleca com os braços pra cima.

- A Rafa... - me arrependi assim que comecei a frase - ela adora música sertaneja... Gosta muito do Jorge e Mateus também. 

As meninas ficaram em silêncio. Lembrar da Rafa era como respirar, acontecia de forma natural e espontânea, sem que eu fizesse esforço nenhum. Infelizmente eu via uma mulher de um metro e setenta na maioria das coisas  e dos lugares, o que é estranho, pois sei que a cabeça dela é grande demais para caber em certas coisas, mas eu não controlava.

Chegamos no aeroporto e dizer adeus a Letícia foi sofrido. Ela é, de fato, uma das minhas melhores amigas e foi essencial nesses dias. Me ajudou muito no trabalho com a Taís e na mudança... e em todo o resto. Eu não era uma pessoa chorona, mas depois dos últimos episódios, lá estava eu, chorando no aeroporto. 

Na volta do aeroporto, Taís me deixou na casa da Marcela, já fazia dias que ela queria falar comigo e eu precisava agradecer, por ter sido uma amiga leal e uma pessoa bacana.

-- Oi, meu amor - disse ela sorrindo enquanto abria a porta. 

A beleza de Marcela me perturbava as vezes, assim como suas roupas indianas e caras. A casa parecia um museu esquisito, gente rica gosta de cada coisa, né. 

- E então, como você está? Quer uma xícara de chá? - duas horas da tarde, um calor desgraçado e a Marcela me vem com essa, sem contar no cheiro horroroso desse chá... 

- Marcela, pelo amor de Deus, eu quero é uma cerveja gelada... Esses negócios de chá... Eu não sei muito bem como estou.

Na verdade, eu estava levando. Minha mãe me ligava todos os dias, as meninas me davam uma atenção extra e eu estava 200% focada no trabalho, parecia uma máquina de engolir e estudar processos. Se eu estivesse com a cabeça cheia demais, talvez ela fosse embora...

Ela foi na cozinha buscar uma cerveja e trouxe uma das que seu amado e querido namorado gostava. O Daniel só tem bom gosto para mulher, nem cerveja sabe escolher...

- Amiga, eu fiquei chocada quando vi as duas na casa da Thelma - disse ela me contando sua versão da história.

- Ai, Marcela... Tantas coisas me deixaram chocada, sabia que eu arranquei um tufo de cabelo da Rafaella?  Também tentei agredir a Bianca - eu não me orgulhava disso e eu não me lembrava muito bem, mas a Letícia disse que me viu com um tufo de cabelo na mão e que eu voei em cima da Bia.

- Como assim? Um tufo de cabelo? - Marcela parecia se divertir com a história.

Tive que explicar que a Rafa usava uns apliques pra poder ter cabelo em todo aquele cabeção...A tarde acabou passando rápido. Eu gostava de conversar com a Ma, de certa forma, ela me acalmava e me deixava mais aliviada, fazia tempo que eu não me sentia assim... Aproveitei a oportunidade para mostrar minha nova tatuagem. "Isso também passa" , que agora é um estilo de vida. Toda turbulência, toda dor, tudo de ruim que eu passei... Tudo passa! 

Ela é amiga da minha mulherOnde histórias criam vida. Descubra agora