Cap. extra - Cancelamento

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RAFAELLA

- Rafa, infelizmente não vou poder sair hoje, sei que a gente tinha combinado, mas não vou poder - disse Bianca com a voz de choro.

- Bia? Não sei se é a ligação que está ruim, mas parece que você está chorando, tá tudo bem?

- Eu tô meio mal, mas não é nada demais... Vou ter que ir agora, beijo.

Continuei o dia de trabalho na empresa, mas passei a maior parte do tempo inquieta. Meu coração estava dividido, eu deveria ir ver se a Bianca está bem? Ou deveria deixar isso pra lá? Mas a Bia já me ajudou enquanto eu estava mal... Aquele dia do aniversário da Gizelly, ela foi a única pessoa que conseguiu arrancar um sorriso do meu rosto.... Estava decidido: depois do trabalho eu ia passar na casa dela!

Fernando veio até minha sala com um dos fotógrafos responsáveis pelas fotos da minha última campanha e o resultado do ensaio era muito mais que satisfatório. As fotos ficaram lindas e meu assessor me mostrou uns dados... Uau. O Instagram da marca tinha conseguido atingir a marca de 5 milhões de seguidores! Depois que eu comecei a sair mais, a ser mais vista, os números foram subindo rápido. Aproveitamos para fazer mais umas fotos na própria empresa mesmo, os negócios iam bem, pelo menos.

No fim do dia, voltei em casa e fui olhar meu Whatsapp, Bia havia respondido minhas mensagens, mas não dá forma que eu queria. Mandei várias mensagens diferentes, esperava que ela respondesse todas na ordem, ela respondeu duas e, mandou três figurinhas do Bob Esponja que me fizeram revirar os olhos e fim.

Fui direto pro banho, coloquei a roupa mais confortável possível: um conjunto de moletom, salvei o número de um sushi e assim que saí de casa, liguei pedindo pra entregar lá. Bia estava mal, mas comer sempre a deixava mais feliz. Peguei o carro e alguns minutos depois, já estava na garagem do prédio, meu acesso já era liberado, então entrei no elevador e subi.  A Bianca que abriu a porta para mim não era a que eu estava acostumada.

- Ei, o que aconteceu? - falei calmamente. Eu não estava tão preocupada, até perceber o estado em que ela estava. Olhos fundos de tanto chorar, a voz embargada e suas mãos tremiam.

Ela falava e eu não conseguia entender nada, tirei meus sapatos e os coloquei perto da porta, como de costume e fomos caminhando até o grande sofá.

- Nem o Bob Esponja está me animando hoje - disse ela fungando. Ela só gostava de assistir desenho?

- Bia... você pode conversar comigo, ok? Cadê o Miguel, você já conversou com ele? Esses últimos meses eu aprendi muito sobre conversar e sobre como ajuda as vezes... - e era verdade. As vezes as palavras que a gente não fala vão nos sufocando aos poucos e vão criando barreiras entre nós e quem amamos. 

- O Miguel foi passar o fim de semana com a família dele, no Rio.

O interfone tocou e eu fui pegar o sushi. Desci sem avisar a Bia o que era que havia chegado, mas o rosto dela se iluminou assim que ela notou que era comida, organizamos tudo na mesinha da sala e comemos ali mesmo, no chão. O jantar foi tranquilo e trocamos alguns comentários sobre o quão delicioso tudo estava e sobre algumas preferências alimentares. Eu quase morri depois de descobrir que Bia gosta de miojo com leite ninho. Acho que os órgãos internos dela choraram só em lembrar que ela realmente come isso. Ela havia parado de chorar, o que já era alguma coisa.

- Rafa, eu não sei nem como agradecer, sério - disse ela com a boca cheia.

- Não precisa agradecer, mas a gente poderia conversar se você quiser...

- Você vai querer esse último rot holl? - disse ela apontando com o hashi.

- Não, pode comer - sorri. Ela ficava extremamente fofa comendo.

Ela é amiga da minha mulherOnde histórias criam vida. Descubra agora