Sobrou bagunça

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FLASHBACK - 14

GIZELLY

Eu estava empolgada com a mudança. Com um apartamento maior, poderia até trazer minha mãe e minhas primas para São Paulo mais vezes, enquanto fosse ficar por aqui. Já havia comprado uma grade para colocar fotos, uma cama de casal enorme e confortável, uma mesa maior... Bianca também já havia me mostrado um novo sofá e deu a ideia de mandarmos cobrir o que ficava na sala do antigo apartamento e leva-lo para o novo, ele era uma relíquia.

- Bia, você já sabe como a gente vai levar essa geladeira, o fogão e a televisão? - perguntei. A parte de transportar as coisas era o mais complicado, já que o carro de Banca não era muito grande. Desde que ela havia viajado, seu carro tinha ficado comigo e estava abarrotado de papéis.

- Eu não sei muito bem - respondeu baixo - a gente pode ver um daqueles caminhões? Vou procurar saber quanto custa e como funciona e te falo - completou por fim.

- Ei, tá tudo bem? - levantei da mesa e fui sentar com ela no sofá.

Bianca andava estranha ultimamente, mas não queria conversar, sempre que eu tentava tocar nesse assunto, ela se esquivava ou falava sobre outra coisa. Sentei do seu lado e segurei sua mão, ela me olhou com os olhos marejados e apoiou a cabeça em meu ombro. Dei um pequeno beijo no topo de sua cabeça e permanecemos daquele jeito por um bom tempo.

RAFAELLA

Cancelei todos os meus compromissos por três dias, Fernando não entendeu muito bem os meus motivos, mas aceitou ficar no comando durante esse tempo. Definitivamente eu não estava bem. Minha cabeça parecia que ia explodir de tanta culpa e eu só queria desaparecer. Minhas redes sociais ficaram sendo controladas por Fernando também e minha mãe acabou me ligando.

- Tá tudo bem mesmo, filha? - conseguia notar a preocupação em sua voz.

- Tá sim, mãe - menti com os olhos cheios de lágrimas - só estou cansada, precisando relaxar um pouco, só isso.

- Tem certeza, Rafaella? Estou sentindo pela sua voz que você não está bem... Se você quiser, posso pegar um avião hoje mesmo e a gente passa uns dias juntas.

- Não, mãe, não precisa, eu vou ficar bem... É só a cabeça que está muito cheia.

- E cadê a Gi? Como ela está? - eu conseguia visualizar minha mãe sorrindo ao dizer o nome dela.

- Ela deve estar ocupada, mãe - lágrimas quentes escorriam por minhas bochechas e eu tentava ao máximo controlar minha voz para que ela não soubesse que estava chorando.

- Converse com ela, ela sempre tem ótimos conselhos e o que ela mais me disse quando veio aqui foi que vocês, antes de namoradas, eram amigas! Tenho certeza que ela vai lhe dar uma animada!

- Claro, mãe... Agora eu preciso ir. Eu amo muito você, viu - desliguei a chamada.

Claro, mãe, claro que eu vou ligar para a mulher que eu amo e vou dizer que caguei em cima de tudo de bom que tivemos e que na primeira oportunidade que tive, fiquei com uma de suas melhores amigas, na casa de outra amiga dela. Eu sou uma piada.

GIZELLY

- Taís, você consegue fechar o escritório sozinha? Eu vou precisar sair... - falei enquanto recolhia alguns papéis de cima da minha mesa de trabalho.

- Claro que sim, amiga, aconteceu alguma coisa? 

- Eu ainda não sei... A mãe da Rafaella acabou de me ligar, ela tava toda preocupada, falando que a Rafa não estava bem. O que me deixa puta da vida é que eu já mandei quase vinte mensagens pra Rafaella, já tentei ligar e ela nem responde, nem atende, nem porra nenhuma...

Ela é amiga da minha mulherOnde histórias criam vida. Descubra agora