Capítulo 5

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Os olhos de Olívia  se abriram. Ela viu o sol radiante da manhã refletindo nas ondas do mar. Do lado de fora da janela, os ambulantes abriam os guarda-sóis coloridos na areia branca da praia de Copacabana. As pessoas já se aglomeravam na praia, para trabalhar ou se divertir, usando biquínis minúsculos, ou até a roupa usada na boate na noite anterior. Os cariocas não deixam que nada impeça sua busca pelo prazer... assim como Ian.
Ian!
Ela sentou ereta, percebendo que adormecera em seu ombro. Não apenas isso, mas ela chegou a babar um pouquinho em sua camisa!
— Por quanto... tempo eu dormi? — ela sussurrou. Ele sorriu para ela.
— Uns 20 minutos.
— Ah! — As faces dela ficaram quentes. Discretamente passou a mão na boca. O que havia de errado com ela? Nunca adormecera perto de Timothy. Nunca. É claro que ele era um cara estável, respeitável. Ela estava com os sentimentos emba-ralhados, e aparentemente só conseguia relaxar no banco de um Bentley, com o maior playboy do mundo ocidental!
Estou apenas cansada, disse a si mesma. Desde que ficara grávida, ela estava constantemente cansada. Mas por que o homem seguro a deixava tensa e o perigoso a fazia relaxar? Havia algo realmente errado com ela.
O Bentley encostou diante do Carlton Palace.
Olívia olhou, para o prédio estilo anos 20, um flat, de arquitetura Luís XV.
— Você se lembra desse lugar?
Claro que ela lembrava. Ela sempre o revia em seus sonhos. Foi o lugar onde ele a seduziu. O lugar onde ele a fez perder o último resquício de decência, junto com sua roupa...
Ela estremeceu, apesar do calor que a percorreu, fazendo surgir uma gota de suor entre os seus seios.
— Sim.
Depois de levá-la para cima, não teria escapatória. Ele poderia fazer o que quisesse com ela. Qualquer coisa. Se quisesse seduzi-la, ela não teria como resistir. Era só esticar a mão e pegá-la. Ela não teria como impedir.
Se quisesse impedi-lo...
Ao sair do carro, Ian deu a volta no Bentley para abrir a porta dela.
— Você disse que ia me levar para casa. — Ela olhou para o prédio, timidamente. — Essa não é minha casa.
— Eu quero que seja. — Ele esticou a mão. — Mas você está molhada e cansada, podemos discutir isso depois. Agora, você precisa descansar, comer e tomar um banho quente. — Quando ela não se moveu, ele disse: — Por favor. Dê-me a chance de tratá-la com a atenção que você merece.
Um banho e um café da manhã soaram bem. Mais cativante' ainda foi o sorriso que ele deu ao estender a mão. Aquele sorriso que a envolveu de um jeito como nem toda a força do mundo o faria.
Ela olhou sua mão forte e musculosa. Ele tinha antebraços grossos, masculinos, coberto de pelos escuros. A mão de um lutador. Eleja provara isso. Mas também era uma mão que sabia fazê-la perder a cabeça, com suas carícias sensuais...
— Tudo bem — disse ela, respirando fundo. — Eu vou lhe dar uma chance.
A mão dele encobriu a dela e a ajudou a sair do carro. Ela estremeceu diante do contato dos dedos que a haviam tocado de formas incríveis. Na última vez que eles estiveram no Rio, ele fizera coisas em seu corpo virgem que mesmo agora, ao lembrar, a deixavam sem fôlego.
Você é tão linda, dissera ele, inebriado. Vou morrer se não a tiver. Ela lembrava do prazer proporcionado pela língua dele não parecendo com nada que ela poderia imaginar. A sensação de quando ele deslizou um dedo para dentro dela... depois dois... três. A maestria de seu beijo. Seu ataque sensual que a fez tremer e explodir. Ela se contorcera, agarrara-se a ele, beijando sua boca. Ele a segurara firmemente, com o peso de seu corpo musculoso, tão másculo e estranho para ela... Oh, meu Deus, meu Deus, Ian, eu amo você, eu amo você.
Ela mal podia acreditar que três meses antes o deixara despi-la e que a seduzisse, levando-a a um êxtase que jamais pensou sequer existir. E quando ele percebeu que ela era virgem e tentou recuar, ela não deixou. Tremendo diante de sua própria ousadia, ela o segurou com força. Não queria soltá-lo nunca mais.
Tanta coisa acontecera desde então! Ele a engravidara. Mentira para ela e a ignorara.
Mas algo havia mudado na' favela. O quê? O que o fez subitamente relaxar e se transformar no homem de quem ela se lembrava? Ele, subitamente, começou a agir quase como se realmente se importasse com ela...
Não! Ela não podia começar a pensar assim. Quem poderia saber onde levariam pensamentos perigosos desse tipo?
Ele a conduziu para dentro do hotel, passando pelas palmeiras, móveis elegantes e recepção refinada. Mas Olívia mal notou. Ela só tinha olhos para Ian. Num pequeno elevador privativo, ele virou a chave e apertou o botão do último andar. As portas se abriram e ele passou por dois seguranças no corredor. Eles os cumprimentaram respeitosamente, quase sem olhar para Olívia.
Mas por que deveriam notá-la? Provavelmente, o viam com uma mulher diferente a cada noite. Ela era apenas mais uma em sua longa lista de amantes. Amanhã, ele estaria com outra.
Essa idéia lhe provocou um calafrio.
— Você está tremendo — disse Ian, observando-a atentamente, enquanto destrancava a porta da cobertura.
Ela estava batendo os dentes.
— Não, estou bem, de verdade.
— Entre. Eu logo vou aquecê-la.
Ela o seguiu meio tonta, tirou os sapatos enlameados e pisou no carpete branco. Foi uma sensação boa tirar os sapatos dos pés doloridos, porém nada mais nessa cobertura a fazia se sentir confortável. A decoração era moderna, minimalista e fria. Uma escultura de vidro e metal estava posicionada junto à parede branca. O teto alto e as janelas circundavam a lareira branca.
Era a casa mais sofisticada que ela já vira. Elegante, certamente, e muito cara, mas séria e inamistosa como um cubo de gelo.
Quando Ian fechou a porta, ela esfregou seu punho machucado. Ainda estava doendo, mas já não era a mesma dor aguda.
— Você se machucou? — perguntou ele.
— Não foi nada. Eu caí em cima do pulso, mais cedo...
— Deixe-me ver — ordenou ele. Relutantemente, ela estendeu a mão, protestando.
— Agora está bem melhor. Mesmo. Você não precisa...
Então ele a tocou e ela puxou o ar pela boca. O fogo percorreu seu corpo, enquanto ele a observava, gentilmente movendo sua mão para a direita e para esquerda.
— Seu pulso não está quebrado — disse ele, soltando-a. — Passei dez anos aprendendo capoeira nas ruas. Sei reconhecer uma fratura ou luxação. Você não tem nenhum dos dois. Mas, se doer, eu posso chamar uma médica e ela....
— Não, mesmo — ela respirou. — Estou bem. — Não conseguia parar de olhar para o belo rosto. As curvas de seu queixo, as maçãs do rosto e o nariz ligeiramente torto que lhe davam aparência de guerreiro. Sua boca sensual. Os lábios que ela desejava voltar a sentir em sua pele...
Ele a olhou, e seu olhar negro a fulminou.
— O que quer fazer primeiro?
Primeiro? Ela lambeu os lábios. Ela queria que ele fizesse amor com ela, ardentemente. Que sussurrasse com a voz rouca em sua pele, que a quisesse para sempre. Que ele dissesse que seria um pai amável para o filho deles e seria sempre...
— Olívia?
— O quê? — Nervosa, ela colocou os cabelos atrás da orelha. — O que eu...
— Quer tomar café primeiro? Ou... não. — Ele xingou a si mesmo, diante de sua indecisão. — Estou sendo um tolo. É claro que vamos começar por tirar sua roupa.
Foi como se ele tivesse lido seus pensamentos.
— Minha... roupa?
O que ela estava pensando? Não, não, não! Ela não podia deixar que isso acontecesse!
Segurando o vestido molhado, ela recuou. A cada passo que dava para trás deixava um rastro molhado no chão.
— Não serei sua amante, Ian — disse ela, em voz alta, querendo acreditar naquilo. — Não serei seu programa de uma noite!
— Por que acha que é isso que eu quero? — perguntou ele, baixinho.
O coração dela se apertou no peito. Ele queria mais? Ela lambeu os lábios secos.
— O que mais poderia ser?
— Você está grávida do meu filho. Eu quero você... que fique confortável e aquecida. Você está encharcada, querida. Precisa tomar um banho quente. Café da manhã. Roupas secas.
É claro. Olívia queria chutar a si mesma. E claro que era isso que ele queria dizer. Ela realmente pensou que ele estivesse desesperado para seduzi-la? Era pra rir! Ian podia ter qualquer mulher que quisesse, não só as beldades, mas as inteligentes, lindas, que tinham seus próprios negócios e diploma de faculdade. Não as garotas que haviam abandonado o ensino médio, como ela! Seu rosto ficou vermelho de humilhação.
Ele caminhou na direção dela, esticando a mão para pegar seu vestido.
— Não. — Ela cambaleou para trás, subitamente, não querendo que ele a tocasse. — Não preciso da sua ajuda.
Ele riu.
— Esse vestido de noiva pesa mais que você. Venha aqui. Com uma calma arrogante, ele esticou o braço para pegá-la. Como uma covarde, ela deu meia-volta e saiu correndo para o outro cômodo. Viu uma parede envidraçada com vista para a avenida Atlântica e a praia de Copacabana. No meio do quarto havia uma cama grande, branca.
Era o quarto dele. Ela ficou envergonhada. Era o último lugar onde queria estar! Dando a volta, tentou escapar, mas ele já estava em pé na porta. Tentou fechar a porta na cara dele, mas ele facilmente a impediu.
— Obrigado, querida — disse ele, com um sorriso sensual.
— Assim fica bem mais fácil.
Ele foi até ela e a segurou com força, junto ao seu corpo, depois desceu o zíper do vestido. Apele úmida de Olívia subitamente sentiu frio ao ser exposta. Seu corpo teve uma sensação de leveza, livre do peso do vestido, enquanto ele retirava as saias grossas, passando por suas coxas, num único puxão; Ela olhava os metros e metros de tafetá caindo aos seus pés, e percebeu que estava diante dele, sem nada, só de calcinha e sutiã brancos, que, grudados em sua pele, estavam transparentes.
Ela tentou cobrir os seios com um braço e a calcinha com o outro. Ele deu um sorriso.
— Posso vê-la nua a hora que eu quiser, Olívia — disse ele, parecendo se divertir. — Tudo que tenho de fazer é fechar os olhos.
Ele estava rindo da modéstia dela! E a raiva a percorreu.
— Você tem tantas mulheres em sua cama — disparou ela — que eu tenho certeza de que é outra pessoa que está imaginando. E não estou nem um pouquinho preocupada!
— Entendo — murmurou ele, baixinho. — E você certamente não está com ciúmes, não é querida?
— E claro que não — disse ela. Mas é claro que ela estava. Jogou os cabelos compridos e molhados para trás. — Por mim, você pode dormir com todas as modelos brasileiras! Não tenho qualquer motivo para...
Sua voz estridente falhou quando Ian desviou o olhar, tirando a camisa branca molhada e a deixando cair no chão. Distraída pela visão do peito musculoso de Ian, com cicatrizes de um guerreiro, ela não conseguiu terminaria frase. Sua pele morena era coberta por pelos negros que desciam do peito até a barriga definida. Sua calça cinza, molhada pela chuva, estava colada às nádegas quando ele foi para o banheiro.
Ela o ouviu abrindo a torneira do chuveiro. O calor subiu por seu rosto e todos os outros lugares de seu corpo. O que havia de errado com ela? Como é que ainda poderia querê-lo tanto, depois que ele deixara claro que, fora sua gravidez, ele não achava nada de especial ou interessante nela?
Cruzando os braços nus, ela estremeceu dentro do sutiã branco e da calcinha molhada, grudados na pele. Três meses antes, Ian Lima tirara tudo dela: inocência, fé, coragem e sonhos. Seria uma tola tão desesperada a ponto de se atirar embaixo do mesmo trem, o Expresso Lima, que não parava para mulher alguma?
E, pior, já não era mais apenas seu coração e sua alma que estavam em risco. Agora ela tinha uma criança em quem pensar. Quando Ian partisse, como fatalmente faria, ele não estaria abandonando apenas Oliva. Também deixaria para trás uma criança de coração partido, que sempre pensaria no motivo por seu pai não tê-la amado o suficiente para ficar.
Exatamente como o pai de Olívia. Ele, certamente, não as amara o suficiente, e fora obrigado a se casar por conta do bebê... Olívia. Casara-se com sua mãe e fora, mais ou menos, pai de Olívia. Ele passava a maior parte do tempo no sofá, após o trabalho, assistindo bobagens na televisão e bebendo cerveja, gritando com Olívia e a esposa, sempre que elas se atreviam a fazer uma pergunta.
E quando sua mãe adoeceu, exatamente quando mais precisaram dele, ele arrumou as malas.
— Lamento — ele dissera a Olívia, então com 15 anos, sem olhá-la nos olhos. — Preciso cuidar da minha própria felicidade enquanto posso.
Então, Olívia teve de abandonar o colégio para cuidar da mãe, trabalhando à noite na lanchonete local para sustentá-las. Sua mãe aceitava seus cuidados com amargura, acusando Olívia de ter sido a causa de seu casamento infeliz e de sua própria falta de chance. O filho de Olívia não cresceria dessa forma.
— Olívia — Ian a chamou.
Ela olhou para ele e viu reflexos de sua própria dor nos olhos dele. Era tão tentadora a vontade de esticar os braços para ele! De tentar protegê-lo do que estivesse causando aquela angústia no olhar.
Mas o que ela estava pensando? Que Ian precisava de sua ajuda? Era pra rir!
— Você está tremendo.
Ela desviou o olhar.
— Apenas estou com frio.
Ele esticou a mão para afagar seu rosto.
— Então, deixe que eu a aqueça — ele sussurrou.
Tirando o sutiã e a calcinha, ele a pegou nua no colo. Ela estava anestesiada demais para protestar, enquanto ele a carregava até o banheiro de mármore. Ele gentilmente a colocou dentro de um boxe de vidro.
Ela resfolegou quando a água quente bateu em sua pele, acariciando seu corpo, escorrendo por seus cabelos, sua garganta e entre os seus seios. Descendo por sua barriga, chegando ao tufo de pelos entre suas pernas. Tão quente e sensual, tão viva! Por muito tempo ela não sentira nada, exceto seu coração partido. Sentiu-se anestesiada quando concordou em se casar com Timothy. Que diferença poderia fazer se casar com ele? Ela quase nem ligava para o fato de viver ou morrer.
Até descobrir que estava grávida... Ouviu Ian  entrar no chuveiro, atrás dela. Resfolegando, fechou os olhos ao assimilar que ele só poderia estar nu. Um constrangimento invadiu seu corpo, quando ela encostou a testa no vidro. Ela sabia que seu corpo rijo e musculoso estava apenas a alguns centímetros de distância dela, sob a mesma água quente. Ela se afastou o máximo que pôde, encostada ao vidro.
— Por favor, não me toque — ela sussurrou, sem se virar.
— Você quer que eu a toque, meu amor. — A voz dele era profunda, quase imperceptível, por causa do barulho da água. Ele colocou as mãos nos ombros dela, lentamente esfregando os músculos tensos com os polegares. — E eu quero tocá-la. Há meses venho querendo. Quase morri por não tocá-la.
Ele não a esquecera? Sentira sua falta?
Mas mesmo enquanto dizia a si mesma que isso não seria verdade, encostou-se nele. As mãos dele davam uma sensação tão boa! O estresse, a raiva e o medo se dissolveram sob seu toque.
Ele lentamente esfregava seus ombros.
Depois as costas.
Depois...
Seu corpo inteiro estava mole, quando ele a virou de frente. Ela fechou os olhos como se pudesse fingir que não estava nua diante dele, como se cada centímetro de sua pele não estivesse gritando por seu carinho, para sentir seu corpo quente e rijo junto ao dela.
Ela sentiu o braço ao redor da cintura. A coxa musculosa entre as coxas dela.
— Abra seus olhos, querida.
Ela sacudiu a cabeça.
— Olívia.
— Não.
Ele deslizou a mão sobre suas costas nuas, na pele macia e molhada. Involuntariamente, ela estremeceu sob o toque e pressionou as mãos contra o vidro, esforçando-se para equilibrar os joelhos cambaleantes.
— O que você quer de mim? — ela sussurrou. — Depois de todos esses meses me ignorando?
—  Fiquei longe para protegê-la. — Ele respirou fundo. — Você era virgem. Eu temia que fosse levar nosso caso a sério demais, que fosse querer coisas que eu não podia dar.
— Como um compromisso? Ele respondeu baixinho.
— Sim.
Sem pensar, os olhos de Ellie se abriram.
— Eu sei que você nunca se comprometeria com uma mulher...
A voz dela sumiu ao olhar para ele.
O vidro do boxe redondo estava opaco pelo vapor, deixando os dois dentro de um mundo branco, profundamente sozinhos e demasiadamente próximos. Com seus ombros largos, ele era bem mais alto que ela; cada centímetro de seu corpo era coberto de músculos. Sua brutalidade masculina a assustava. Os olhos dela passaram pelo local entre as pernas musculosas e ela puxou o ar pela boca.
Ele a amedrontava. No entanto...
Ela o queria. Tanto...
Ela lambeu os lábios.                  
— E agora? — conseguiu dizer, com a voz rouca. — O que mudou?
— Você está grávida do meu filho. Não há possibilidade de eu deixá-la ir. — Inclinando-se para mais perto, ele tirou os cabelos molhados do rosto dela. — Até o nascimento do bebê, você é minha...
Ele passou as mãos ao longo da pele quente. Descendo pelos braços dela, pelo espaço entre seus seios, deslizando até barriga. Ela sentiu os dedos passando por seus quadris, levemente roçando sua cintura, parando para fazer carinho sobre a barriga.
Ele desceu os lábios sobre os dela.
Seu abraço foi quente e dominador, como havia sido no carnaval. Ele a beijou profundamente, mordendo os lábios dela, até quase machucar. Depois o abraço ficou mais suave. Os braços dele ao redor dela, segurando-a bem perto. Ele pegou seus seios, segurando-os por baixo, com as duas mãos, apertando os mamilos suavemente.
Um gritinho escapou dos lábios dela, embaixo da água quente. Ele provocava um mamilo com a língua e apertava o outro com a mão. O mundo inteiro parecia girar ao redor dela, com aquele prazer agonizante pela pressão da água e da língua dele. Com outro gritinho, ela arqueou as costas.
— Eu sou o único homem que a tocou dessa forma — sussurrou ele, no ouvido dela. Ela sentiu a barba por fazer roçando em seu pescoço. — Diga-me.
— Só você — suspirou ela.
— Olívia. — Sentiu os dedos dele, suaves como um sopro, passando sobre os pelos entre suas pernas. Um tremor sacudiu seu corpo e ela jogou a cabeça para trás, junto ao vidro, tremendo até os pés. O calor do chuveiro provocava ondas quentes que desciam pelas curvas de seu corpo.
Ele estava tão perto! Tão perto! E ela ainda o queria mais perto. Queria que ele a pegasse nos braços, a apertasse junto ao vidro e mergulhasse dentro dela, até que ela esquecesse seu próprio nome. Até que esquecesse da dor e da mágoa. Até que voasse com a felicidade explosiva que não sentia desde o dia em que ele a abandonara...
Ele acariciava entre as pernas dela, com uma lentidão deliberada.
— Por favor. — Ela se contorcia, girando a cabeça de um lado para outro, apoiada no vidro. — Por favor!
— Por favor, o quê? — disse ele, baixinho. Ele abaixou para beijá-la, mordendo seu pescoço.
Ela podia sentir que ele havia deixado uma marca em sua pele. Assim como fizera muito tempo antes, quando deixara uma marca em sua alma. Ele já a marcara da forma mais profunda possível: a preenchera com seu filho.
— Diga-me o que você quer, Olívia — sussurrou ele, junto à sua pele. — Quero ouvir você dizer.
O que ela queria?
Um grito veio de dentro de seu coração. Um homem a quem ela pudesse amar. Um homem em quem pudesse confiar, tanto por seu filho quanto com seu coração.
Ela queria o impossível.
Lágrimas se formaram em seus olhos.
— Já não é ruim o bastante que meu bebê vá nascer sem ter um nome? — sussurrou ela. — Não é ruim o suficiente que eu seja mãe solteira, ruim que todos pensem que sou uma prostituta? Você é tão egoísta a ponto de querer que isso seja verdade? De tirar a última gota de orgulho que ainda tenho?
Ele congelou. Olhando para ela, a expressão dele era agressiva, no chuveiro pouco transparente.
Ela teve uma visão de seu corpo musculoso sob os raios de sol que brilhavam entre o vapor quente, e o viu como um deus feroz. Um deus grego poderoso e cruel, que seduzia as donzelas mortais ao seu bel prazer e as deixava famintas por seu fogo, até o dia em que morressem.
Ele desviou o olhar.
— Eu jamais quis magoá-la, Olívia — disse ele, com uma voz baixa. — Jamais.
Subitamente, ele desligou a água quente.
Sem dar mais uma palavra, Ian a puxou do chuveiro. Ele a secou com uma toalha grossa de algodão, depois fez o mesmo com seu corpo musculoso.
E mesmo enquanto ela tremia sob seu toque, ainda não conseguia desviar o olhar de suas formas masculinas perfeitas, dos pelos escuros sobre seu peito e barriga, que formavam uma trilha até seu...
Ela fechou os olhos com força.                                           
Disse a si mesma que não desejava Ian. E mesmo se quisesse, não poderia tê-lo. O prazer oferecido por ele funcionava como uma droga. Se ela provasse mais uma vez, jamais escaparia de ficar viciada.
Ian era um egoísta que desprezava as mulheres. Ele pegava o que queria. Pegava a mulher e não largava, até que estivesse totalmente saciado. Depois a jogava de lado, para atacar a seguinte. E só dava importância ao seu próprio prazer.
Ela o ouviu sair do banheiro e ficou esperando pela batida da porta da frente. Agora que ela negara sua gratificação instantânea, ele seguiria para a próxima mulher, mais submissa.
Ela fechou os olhos. Ele facilmente encontraria outra mulher para satisfazer seus desejos. Uma mulher mil vezes mais bonita e mais inteligente, o que Olívia jamais seria.
— Olívia — disse ele.
Chocada, ela se virou, abriu os olhos. Ele estava vestindo uma camisa preta e jeans escuros. E esticou a mão para lhe dar algo.
Pegando a pilha de roupas nos braços, ela viu um lindo vestido, calcinhas, um sutiã de seu tamanho, tudo de tecido flexível para acompanhar a mudança de suas formas, mas tudo muito macio e muito, muito bonito. O tipo de roupa de gestante que teria custado uma pequena fortuna.
— Onde... você...
— Foram meus funcionários que providenciaram esse guarda-roupa para a sua estadia.
— Minha... estadia?
Ele deu um sorriso que ela sentiu até a ponta dos pés.
— Venha comigo.

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