Capítulo 3

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Quando o jato particular tocou o solo, no Rio de Janeiro, Olívia soube, sem a menor sombra de dúvida, que Ian era um bárbaro desalmado, sem qualquer resquício de compaixão.


Eles haviam decolado de um pequeno aeroporto particular, retirado, situado em meio às colinas do centro da Pennsilvânia. Ele a levara até uma aeronave imensa, que aguardava dentro de um hangar. Ignorando suas perguntas e exigências, ele a trancara numa suíte na parte de trás do avião. Ficara sozinha desde a decolagem. Durante 16 horas ela não teve nada a fazer, exceto chorar, dormir e comer petiscos do frigobar. E imaginar o que ele pretendia fazer com ela. Agora, você me pertence. O isso significava?


Ela estremeceu, segurando firme seu véu de noiva rasgado. Ian deixara claro que não tinha qualquer intenção de se casar. Demonstrara que não gostava dela, nem sequer a respeitava. E seu estilo de vida de playboy não tinha nada que indicasse ser um pai. Então, por que ele havia raptado Olívia? Para onde a estava levando?


Ela colocou as mãos na barriga, por cima do tafetá amassado do vestido de noiva. Em apenas um dia ela já amava o bebê mais do que sua própria vida. A ponto de jurar que trataria o menininho ou menininha, por algum motivo achava que seria menina, de forma muito diferente do que sua mãe a tratara. Olívia trataria seu bebê com amor. Olívia o protegeria.


Ela fechou os punhos. Ian podia pensar que ficaria lhe dando ordens, mas ela não era mais sua funcionária. Ele logo perceberia o que havia mudado entre eles...


Ouviu a porta da suíte sendo destrancada. Ian entrou no pequeno espaço, recém-barbeado e vestindo roupas limpas. Com sua camisa branca e calças sob medida, ele parecia relaxado e confiante. Sem dúvida, tivera uma excelente noite de sono. Ao contrário dela.


- Bem-vinda ao Rio de Janeiro - disse ele, com um sorriso, estendendo a mão. - Imagino que tenha dormido bem.


Ela se levantou da cama, cruzando os braços, de cara feia.


- Rio? Não! Leve-me de volta!


- De volta ao seu noivo? - Calmamente, ele recuou a mão.


- Não. Você ficará comigo até que o bebê nasça. Achei que tivesse deixado isso claro.


Mantida prisioneira pelo playboy mais cruel do mundo, numa cidade estranha e exótica? Um lamento escapou de seus lábios. Ela queria ir para casa. Queria sua avó. Queria estar a quilômetros de distância daquele homem que a seduzira tão negligentemente, mentira para ela e a enganara, partindo seu coração.


Ela ergueu o queixo.


- Você não pode me manter aqui, contra a minha vontade. Irei para casa na primeira chance que eu tiver!


- Aqui agora é sua casa. - Ele deu um sorriso preguiçoso.


- Mas o Rio pode ser perigoso. Você precisa ficar perto de mim. Para sua própria proteção.


Mas quem a protegeria dele? Ela olhou para a porta atrás dele.


- Não vou ficar com você!


- Você não tem dinheiro, nem amigos aqui. Não fala português. Estou curioso. Como exatamente pretende fugir?


- De alguma forma - sussurrou ela, mas a incerteza fez seu coração disparar. Tudo que ele dissera era verdade. Como ela poderia voltar para casa?


- Esqueça Wright - disse ele, friamente. - Ele não pode ajudá-la. Será melhor para todos se me obedecer. Principalmente para você.


Obedecer?


Foi isso que a colocou nessa confusão, para começar. Na praia de Copacabana, em meio à batida rítmica do samba, e os gritos da multidão, ele a pegara nos braços e a beijara, com uma ferocidade súbita que a enfraqueceu.

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