— Me desculpe, Aurélio.
— Mas pelo que?
— Se não tivesse voltado, para me levar para lanchar, não teríamos nos encontrado com o vizinho.
— Não ligo. Já deu pra ver que ele é cabeça quente. E como você mora aqui, virei quantas vezes forem necessárias. — Ele sorriu pouco tímido. — Ainda bem que lembrei que você não tinha comida.
— Ainda bem mesmo. Eu nem tinha pensado.
Querendo desviar o foco da conversa, Amália mudou de assunto:
— Gostou do lanche?
— Muito bom. Tanto que já trouxe alguma coisa para comer amanhã cedo.
— Se precisar eu posso trazer alguma coisa logo pela manhã.
Mas ela não gostou muito de ouvir aquilo.
— Não precisa, Aurélio. Já fez muito e eu tenho que dormir.
Com alguma dificuldade ele fez a proposta:
— Quer sair amanhã para comermos à noite?
— Ainda não sei. Vou ver como será o dia de amanhã e qualquer coisa eu te aviso. Estou cansada da viagem.
— Oh! Claro! Eu tinha me esquecido desse detalhe. Fica pra uma próxima então.
Amália desprendeu o cinto de segurança:
— Vamos ver.
E desceu do carro, passando pelos dois portões e a porta de casa. Enquanto preparava um chá, riu se lembrando da frase:
"— Demente? Retardado? Mongoloide?... Estou tentando descobrir qual o problema que o viado do seu namorado tem."
Agora a risada veio mais forte e não conseguiu segurar:
—Não deve ter um pingo de juízo. — Constatou Amália, bebericando o líquido quente.
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Ehso
RomanceFoi por sofrimento e constrangimento que Amália, aos 35 anos, saiu de Goiânia quase fugida. Em Brasília ela encontrou pessoas pouco conhecidas, mas que estavam dispostas a apoiá-la. Nessa nova etapa da vida conhece Marcos, 28 anos, seu vizinho. Um r...