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— Me desculpe, Aurélio.

— Mas pelo que?

— Se não tivesse voltado, para me levar para lanchar, não teríamos nos encontrado com o vizinho.

— Não ligo. Já deu pra ver que ele é cabeça quente. E como você mora aqui, virei quantas vezes forem necessárias. — Ele sorriu pouco tímido. — Ainda bem que lembrei que você não tinha comida.

— Ainda bem mesmo. Eu nem tinha pensado.

Querendo desviar o foco da conversa, Amália mudou de assunto:

— Gostou do lanche?

— Muito bom. Tanto que já trouxe alguma coisa para comer amanhã cedo.

— Se precisar eu posso trazer alguma coisa logo pela manhã.

Mas ela não gostou muito de ouvir aquilo.

— Não precisa, Aurélio. Já fez muito e eu tenho que dormir.

Com alguma dificuldade ele fez a proposta:

— Quer sair amanhã para comermos à noite?

— Ainda não sei. Vou ver como será o dia de amanhã e qualquer coisa eu te aviso. Estou cansada da viagem.

— Oh! Claro! Eu tinha me esquecido desse detalhe. Fica pra uma próxima então.

Amália desprendeu o cinto de segurança:

— Vamos ver.

E desceu do carro, passando pelos dois portões e a porta de casa. Enquanto preparava um chá, riu se lembrando da frase:

"— Demente? Retardado? Mongoloide?... Estou tentando descobrir qual o problema que o viado do seu namorado tem."

Agora a risada veio mais forte e não conseguiu segurar:

—Não deve ter um pingo de juízo. — Constatou Amália, bebericando o líquido quente.

EhsoOnde histórias criam vida. Descubra agora