Romano fazia, semanalmente, a conferência de algumas informações sobre os membros da igreja. Desde os novatos, aos mais antigos. Pois sabia que, em caso de precisão, poderia contar com esses. Para que sua ideia desse certo, precisava estreitar os laços, se mantendo próximo a eles, mostrando interesse e se preocupando. Então, sempre que possível, fazia por eles. Foi assim que descobriu Lurdes, moça recatada e esforçada, filha única de dona Araci, falecida há 5 anos. Na época, com a mãe internada e a cabeça aturdida, foi Romano que a abraçou, não permitindo que o seu mundo desabasse. Lurdes sempre teve a mãe como porto seguro. Mas, na sua ausência, Romano lhe deu firmeza para prosseguir. Por isso a garota lhe tinha uma fidelidade canina.
Não diferente foi com Aurélio. Ele viera de sua cidade numa tentativa de se afastar das más companhias, e agora morava com a tia, que frequentava a igreja que Romano geria. Após breve conversa com dona Geraldina, soube mais sobre o jovem e, experiente, lhe fez um pedido:
"— Preciso da sua ajuda."
A frase, dita a mais de 4 anos, fez o jovem sentir que alguém precisava dele e, até hoje, Aurélio permanecia ao seu lado.
Por esse cuidado, sentado em seu gabinete, Romano planejava:
"Preciso dar um jeito para que esses dois se desenvolvam..."
Foi quando o telefone em sua mesa tocou.
— Alô! Romano, falando!
A pessoa do outro lado da linha, se identificou, o que o fez se ajeitar na cadeira como se sentisse um desconforto.
— Olá, Conde! Em que posso ajudar.
Romano manteve a cordialidade. Após ouvir a demanda, deu uma resposta prática:
— Não! Não chegou ninguém por aqui com esse nome, nem com essas características. Inclusive, neste momento, estou olhando os registros. Realmente ninguém.
A pessoa reforçou o assunto, revelando até alguns detalhes mais particulares sobre o que desejava. Assim Romano se prontificou:
— Não se preocupe! Se encontrar essa pessoa por aqui, ligarei de imediato. Até breve!
E desligou o telefone. Por instantes permaneceu parado, raciocinando, não apenas sobre o que acabara de ouvir, mas também sobre quem pronunciara tais palavras. Romano conhecia a cúpula da igreja, e sabia que havia um outro grupo acima e mais poderoso que eles.
"Porque tanta preocupação com apenas uma pessoa?"
Se indagou instantes antes de Lurdes entrar como café.
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Ehso
RomanceFoi por sofrimento e constrangimento que Amália, aos 35 anos, saiu de Goiânia quase fugida. Em Brasília ela encontrou pessoas pouco conhecidas, mas que estavam dispostas a apoiá-la. Nessa nova etapa da vida conhece Marcos, 28 anos, seu vizinho. Um r...