"— Me beija!"
Era a frase que ecoava algumas vezes, durante o dia, na cabeça de Luna. E, por mais que tentasse, não conseguia tirar a cena da mente. Naquele instante, se enxugava no quarto.
"Mas que droga!" — O incômodo era grande. — "Como faço pra esquecer isso?"
Passou o hidratante importado por todo o corpo, depois o desodorante sem cheiro e, por fim, algumas essências. Vestiu uma saia preta, rodada e bem curta; a blusinha amarela, com um decote generoso, era amarrada na parte de baixo; a sapatilha de um preto consistente e lustroso. Porém, em seu âmago, se sentia instigada.
"— Me beija!"
Não se recordava de quando em sua vida, dera um beijo despretensioso, sem interesse, puro.
"Puro..."
Era a palavra que, para ela, melhor definia Paulo. Colocou brincos, pulseira e colar. Em seguida uma leve maquiagem.
"— Me beija!"
Passou o batom como se realmente fosse beijar o rapaz e, diante do espelho, quase viu o seu reflexo, alto, forte, belo. Aquilo a arrebatou em um devaneio:
"Quem sabe... quem sabe se eu conversar com calma... se eu explicar direito... talvez eu possa... talvez ele me... um beij..."
A campainha tocou, arrancando-a de seu mundo de sonhos e fantasia.
Luna se apressou, apenas jogando os cabelos para o lado.
"— Me beija!"
Enquanto caminhava para a porta tentou se manter dentro da realidade:
"Quando ele souber a verdade, isso tudo acaba. Acho que contar a verdade vai ser a melhor forma de botar um fim nisso. Está decidido!".
E abriu a porta, sendo possuída pela realidadenua e crua.
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Ehso
RomanceFoi por sofrimento e constrangimento que Amália, aos 35 anos, saiu de Goiânia quase fugida. Em Brasília ela encontrou pessoas pouco conhecidas, mas que estavam dispostas a apoiá-la. Nessa nova etapa da vida conhece Marcos, 28 anos, seu vizinho. Um r...