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"— Me beija!"

Era a frase que ecoava algumas vezes, durante o dia, na cabeça de Luna. E, por mais que tentasse, não conseguia tirar a cena da mente. Naquele instante, se enxugava no quarto.

"Mas que droga!" — O incômodo era grande. — "Como faço pra esquecer isso?"

Passou o hidratante importado por todo o corpo, depois o desodorante sem cheiro e, por fim, algumas essências. Vestiu uma saia preta, rodada e bem curta; a blusinha amarela, com um decote generoso, era amarrada na parte de baixo; a sapatilha de um preto consistente e lustroso. Porém, em seu âmago, se sentia instigada.

"— Me beija!"

Não se recordava de quando em sua vida, dera um beijo despretensioso, sem interesse, puro.

"Puro..."

Era a palavra que, para ela, melhor definia Paulo. Colocou brincos, pulseira e colar. Em seguida uma leve maquiagem.

"— Me beija!"

Passou o batom como se realmente fosse beijar o rapaz e, diante do espelho, quase viu o seu reflexo, alto, forte, belo. Aquilo a arrebatou em um devaneio:

"Quem sabe... quem sabe se eu conversar com calma... se eu explicar direito... talvez eu possa... talvez ele me... um beij..."

A campainha tocou, arrancando-a de seu mundo de sonhos e fantasia.

Luna se apressou, apenas jogando os cabelos para o lado.

"— Me beija!"

Enquanto caminhava para a porta tentou se manter dentro da realidade:

"Quando ele souber a verdade, isso tudo acaba. Acho que contar a verdade vai ser a melhor forma de botar um fim nisso. Está decidido!".

E abriu a porta, sendo possuída pela realidadenua e crua.

EhsoOnde histórias criam vida. Descubra agora