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As três batidas na porta chamaram a atenção da garota, que imediatamente pegou o celular, fazendo breve conferência na conversa.

"Estranho. O horário não confere."

Novamente as batidas, que a fizeram se aproximar da porta em silêncio e olhar pelo olho mágico.

"Impossível!"

Então o chamado:

— Luna!

— Já vai!

Respondeu correndo para o banheiro e tentando colocar um pouco de ordem em sua aparência. Como ela não aguardava ninguém, para aquele horário, se vestia bem à vontade: short jeans, blusa larga mostrando o sutiã, cabelo preso por uma presilha. Colocou uma jaqueta de couro por cima e vestiu uma saia.

Melhor organizada, voltou à porta e a destrancou:

— Boa noite! — Recepcionou.

— Oi! Tudo bem? — O sorriso de Paulo era de uma satisfação mágica.

— Está sim.

— Ótimo! Vamos sair para comer algo?

Ela não se lembrava da última vez em que fizera um programinha tão singelo. E foi isso o que a fez responder:

— Vamos!

— Legal!

Ela pegou os documentos, algum dinheiro e a chave. Trancando a porta, desceram as escadas, chegando à rua. Ali ela lhe informou:

— Tem um quiosque muito bom atrás daquele comércio. — E apontou para o prédio do outro lado da rua e na parte de baixo.

— Você é que conhece a área. Vamos lá.

— Mais ou menos. Geralmente eu peço para que entreguem então não sei como está o ambiente.

— Sem problema. Estamos bem.

Perto do quiosque havia um estacionamento para carros. A área era tranquila, e naquela noite de domingo se encontrava bem vazia. Talvez por isso ele tenha sido tão direto:

— Gosto de você!

Ela continuou caminhando, mas foi diminuindo o passo até parar, e colocar a mão sobre a boca, descrente do que acabara de ouvir:

— Gosta?

E Paulo se voltou a ela:

— Gosto.

— Mas isso não pode ser. — Luna também foi direta.

— Porque? — o rapaz tentava conter a própria euforia e frustração.

— Você não conhece nada de mim ou da minha vida.

— É o que quero fazer: te conhecer.

Com olhos marejados, ela recostou entre dois carros.

— Não dá!

— Me explica!

— Tenho 25 anos. Você é menor de idade. Isso não vai funcionar.

— Mas porque não? — Ele falou mais firme.

— Eu... eu...

Ele se aproximou pedindo:

— Me beija!

Luna impediu o avanço com a mão, olhou nos fundos dos olhos dele e disse:

— Garotas como eu, não beijam na boca.

Dali ela deu meia volta e, perturbada com o queacontecera, voltou para casa.

EhsoOnde histórias criam vida. Descubra agora