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Era a hora do intervalo e aquele se tornara um momento quase totalmente dedicado a pensar em Luna. E já era algo que fazia sem qualquer esforço. Bastava deixar a razão e os cálculos de lado e sua mente o arrastava para todas as possíveis recordações sobre a moça: o ondulado do cabelo, o olhar doce, a fragrância suave.

"É de uma pureza que me faz querer estar com ela todo o tempo." — Ponderava em saudade.

E realmente era assim. Havia uma inocência velada em Luna que, somada a sua beleza, atraía, de forma substancial, a qualquer homem. Paulo foi apenas mais um.

O que o fez sair daquela atmosfera onírica, foi a visão do rapaz do outro lado do pátio externo do colégio: uma faixa na cabeça, o braço engessado, ferimentos no rosto. Aquilo o incomodou:

— Rosseau.

Ao ouvi-lo o rapaz se ocultou mais atrás da árvore em que recostava. Só saiu mais ao reconhecê-lo.

— Paulo.

— Eu tentei te visitar.

— Tava mal cara.

— E como se sente agora?

— Depois de ser arremessado contra um balcão de bar? — Rosseau deu um riso tímido. — Um pouco melhor. E você?

— Razoável. — Preferiu não comentar sobre Luna. — E como você saiu de lá?

— Os socorristas. Eu mesmo estava desacordado. Nem vi como fui retirado. E você?

— Depois que te pegaram, um conhecido do trabalho apareceu lá e começou toda a confusão.

— Sério?

Paulo puxou o celular do bolso e iniciou um vídeo.

— A polícia liberou a imagem das câmeras de segurança. Não dá pra ver nitidamente o começo da briga, mas assim que você passa voando sobre o balcão, veja o quebra-quebra e a correria.

Rosseau estava perplexo assistindo a cena.

— Depois de tudo isso você ao menos salvou a garota?

Os dois riram.

— Digamos que sim.

O sinal do fim do intervalo tocou.

— Que bom.

Cada um caminhou em uma direção. Enquanto retornava para a sala, um sentimento ardente tomou o coração de Paulo.

"Sei onde ela mora. Mas será que devo?"

Precisava se decidir.

EhsoOnde histórias criam vida. Descubra agora