Escurecia quando Amália chegou em casa e já estava decidida a sair novamente.
"Ou faço agora ou não faço mais".
Entrou para o quarto e foi direto nas malas, procurando roupas mais adequada para o que pretendia.
"Nada definitivo." — Pensou selecionando as peças — "Como estão velhas. Mas alguma deve servir."
A bermuda de lycra azul, tinha várias manchas, da mesma forma que as blusinhas, talvez causado por respingos de água sanitária.
"Preciso mesmo de roupas novas."
Se vestiu com o que tinha e saiu de casa, voltando para a pista de corridas que ficava acima da feira permanente de Taguatinga. Sem pressa, fez um breve alongamento em um poste ao lado do posto de combustível e, em seguida, começou a caminhada.
"Melhor ir com calma."
Pensava ao tentar arrumar melhor a roupa, que teimava em subir. Outro problema que constatou é que as vestes estavam mais justas que imaginava, e tinha para si que se fizesse algum movimento mais amplo, a costura cederia.
"Onde nós estamos? Uma roupa de hoje não dura 10, 15 anos!?" — Riu com a própria piada, mas depois ficou séria. — "Ou será que engordei?"
À sua frente, na direção sul, viu uma construção grande e baixa.
"Deve ser o atacadista que a Lurdes me falou."
Próximo à ela, por entre conjuntos de casas, havia comércios locais: padarias, bares, loterias, mercearias. Uns abertos outros fechados.
Amália procurava manter, inicialmente, um ritmo de caminhada para se avaliar. Fez um grande retorno ao final da via de corrida e agora seguia rumo ao norte. Olhando à frente, viu que a avenida, com pouco menos de 4 quilômetros, findava próximo a um grande prédio.
"É o shopping." — Se lembrou novamente de Lurdes.
Após 10 minutos, acelerou um pouco mais o passo e precisou reajustar a blusa pois, os seios grandes, balançavam muito. Nesse interim repensou:
"Se bem que tem a feira. Talvez amanhã encontre algo interessante lá."
Gotas de suor minavam de sua testa e então percebeu que a blusa estava molhada.
"Tinha que ter trazido uma garrafa d'água."
Sesentia tão bem fazendo a caminhada, que perdeu a noção do tempo. Passava de 20 horasquando decidiu retornar para casa.
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Ehso
RomanceFoi por sofrimento e constrangimento que Amália, aos 35 anos, saiu de Goiânia quase fugida. Em Brasília ela encontrou pessoas pouco conhecidas, mas que estavam dispostas a apoiá-la. Nessa nova etapa da vida conhece Marcos, 28 anos, seu vizinho. Um r...