Era uma noite de sábado, véspera do dia dos namorados, com céu limpo e clima agradável. Para ela um momento especial em que tentaria a restauração de seu casamento.
"— Gostaria de conversar com você amanhã, depois do culto."
Dentro do carro que retornava para casa, ele recebeu uma ligação:
— Mais tarde nos reunimos. — E desligou.
Ela não gostou muito do que ouviu, mas aguardou. Ao chegar em casa, ele pediu com uma voz mansa e serena:
— Pode me aguardar no quarto? Subo em um minuto para termos uma conversinha rápida.
Sorridente, Amália correu para o segundo andar, pegou a camisola no guarda-roupas e, após vestí-la, sentou-se na cama. Havia uma euforia em seus pensamentos:
"As orações! Elas surtiram efeito." — Mentalmente dava glórias à Deus.
Dirceu chegou à porta e parou. Amália tinha o olhar fixo nele já que, presa à sua cintura estava uma pistola. Na outra mão, um chicote. Por instantes marido e mulher se olharam, estagnados, mas as sensações rapidamente os tomaram.
— Dirceu, por favor!
— Sim! Eu te farei esse favor! Depois disso você vai aprender quem manda aqui.
E deixou que o chicote se desenrolasse, com a ponta tocando o chão.
O pavor tomou a garota que, numa atitude desesperada, correu pra cima dele. O murro que a atingiu a deixou tonta e, ao rodopiar, caiu de bruços sobre a cama.
— Ótimo!
E partiu para cima dela, que estava desacordada. A primeira chicotada atingiu as costas de Amália na diagonal, da direita para a esquerda, e a dor infernal a fez rogar:
— Pai!
As açoitadas seguintes, a lançaram em aflição e devaneio, fazendo os minutos durarem uma eternidade. Mas a garota não gritava. Apenas gemia. O que fazia Dirceu golpear cada vez com mais violência. Cansado, ele parou, sentenciando:
— Na minha casa, eu mando e você obedece! — E enrolou o chicote sujo de sangue.
Foram palmas batidas no portão que a desconectaram da dolorosa lembrança. Amália passou pela lateral da casa e encontrou a moça.
— Boa tarde!
— Boa tarde!
— O Marcos está?
— Quem gostaria?
— Vera. — Mentiu o nome Eliane. — Eu sou conhecida dele.
Amália olhou a moça, de cima em baixo: o cabelo avermelhado muito bem cuidado e vistoso; óculos de sol com armação estampada; brincos discretos em ouro e com uma pedra cada; o vestido justo, com botões na frente, revelava um corpo curvilíneo; as batatas das pernas expostas, demonstravam a incidência de exercícios físicos, além de cuidados com a pele.
"Uau! Não duvido que seja conhecida." — Pensou Amália antes de responder. — Ele não está. Saiu para o trabalho. Quer deixar recado?
— Não precisa. Eu volto uma outra hora.
— Olha, é melhor ligar antes porque ele sai cedo e chega tarde.
— É que eu estava passando e resolvi aproveitar a oportunidade. — Mentiu novamente. — Qual horário é mais fácil para encontrá-lo?
— Após às 20 horas. Mas não é certeza mesmo.
— Tudo bem! Obrigada!
A garota entrou no carro e saiu. Ainda manobrando nas ruas para chegar à via principal, teve o pensamento:
"Se eu ligar ele me pega na mentira."
Ainda trancando o portão lateral, Amália também tecia a sua opinião:
"Esse não para."
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Ehso
RomanceFoi por sofrimento e constrangimento que Amália, aos 35 anos, saiu de Goiânia quase fugida. Em Brasília ela encontrou pessoas pouco conhecidas, mas que estavam dispostas a apoiá-la. Nessa nova etapa da vida conhece Marcos, 28 anos, seu vizinho. Um r...