O caminho parecia livre. Meu estado não ajudava muito. Ferido da queda no barranco. Com as roupas sujas e molhadas. Cansado da noite intensa, e a manhã já avançava, chegando em sua metade. Teria poucas chances, precisaria ser objetivo. A construção deveria ter uma prisão. Geralmente essas coisas ficam no subsolo.
Entrei escondido, invadi a sala de troféus, nada. Passei pelo longo corredor onde estavam nossos quartos, ninguém. No final do outro corredor, onde ficava o quarto da Nicole, encontrei uma grande escadaria de pedra, que finalmente levava até uma galeria de celas, escuras e úmidas. Quem as guardava era o homem pequeno, o Aragão. Uma chegada explosiva o derrubaria facilmente. Não foi bem assim.
O homem pequeno deveria estar acostumado a brigar, pois quase me estrangulou. Não fosse uma sorte minha em torcer sua mão até ele chorar, talvez estivesse morto. King estava na última cela. Havia outros presos, alguns mais jovens outros mais velhos, todos bem machucados. Usei uma barra de ferro para quebrar o cadeado da grade. Sequer falamos algo e já estávamos novamente na escadaria subindo quando encontramos Vladimir Draco. Ele vinha acompanhado da Helga, dos dois velhos, de mais 4 policiais trazendo o Urubu e a Nicole. Realmente a situação agora era a pior.
- Vocês são sempre assim? Disse Vladimir. Agora vão ver como o inferno funciona aqui na terra.
- O que está acontecendo? Por que vocês escolheram a gente? O que vão fazer? Gritou o Urubu, enquanto vinha sendo carregado por dois soldados.
A Nicole e ele não estavam feridos. Mas é claro que tínhamos nos enfiado no meio de algo muito grave, evidentemente.
- Onde está o negro? Perguntou o Vladimir.
- Ele tem nome, seu arrombado. Reagiu Nicole.
- Vê se ele está aqui no meio da minha bunda, seu filho da puta! Completou Urubu tentando se soltar.
King permanecia petrificado em silêncio. Fomos levados a uma cela maior. Com portas de ferro e apenas uma passagem para a vista para os olhos.
- Está vendo? Deveríamos ter voltado, quando você parou na estrada. Disse a Nicole, olhando firmemente para Urubu. Seu creep!
- Eu vou tirar a gente daqui. Só preciso saber o porquê deles escolherem a gente e o que é isso.
- Fizeram algum tipo de pergunta pra vocês na delegacia? Eu perguntei.
- Nada. Disseram quando nos pararam que tínhamos cometido alguns crimes, mas era mentira, claro. Respondeu o Urubu.
- Eles vão matar a gente! Sussurrou King.
- Como é? Perguntei assustado.
- Eles vão matar a gente! Repetiu.
- Que besteira! Disse Urubu, você deve ter feito alguma merda, só querem dar um susto na gente.
- Você não viu os dois velhos juntos? Perguntou a Nicole já sem paciência. Essa porra está marcada desde a lanchonete, centenas de quilômetros daqui.
- Eles vão matar a gente! Eu ouvi tudo. Respondeu quase sem voz o King. Isso aqui é uma espécie de campo de tortura.
Pensei em Verônica. Tomara que ela não vá me procurar na polícia. Podem pegá-la. Que merda! Morrer num buraco desses? Depois de tudo que sonhamos. Nossa única esperança era o Karuma. Era certo que ele iria nos salvar! Era a única certeza que eu tinha. O Karuma é foda! Já salvamos ele, ele vai nos salvar também!
Naquele momento ouvimos barulhos na porta. Uma pessoa apareceu. Vocês nem imaginam a cara de horror que ficou impressa nos rostos de Nicole e King.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Funerária do Rock
Mystery / ThrillerCinco jovens da cidade grande encontram mistérios indecifráveis quando decidem assistir a um show de rock numa cidadezinha do interior.