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Ayla on

Voltamos para casa. Quando entramos todos vieram abraçar as três que haviam sido raptadas, enquanto eu subia para o meu quarto.

Minhas mãos ainda estavam sujas, e eu só entrei no banheiro e as lavei. Olhei para o espelho, realmente estou patética. Dava para ver minhas olheiras, e a sujeira em me rosto.

Deveria tomar outro banho? Sim. Eu iria? Não. Lavei meu rosto e minhas mãos, e me direcionei ao meu guarda-roupa. Peguei qualquer uma e coloquei em meu corpo.

E me joguei na cama. Eu estava cansada, sem sentir nada, nenhum remorso, nada. E ainda por cima, vou ter que lidar com as três para que elas não contem o que aconteceu.

Fechei meus olhos. E tentei procurar outra emoção além de indiferença, mas não tinha, não tinha nada. Abri os mesmos e vi Freya sentada no banco da minha janela. Me levantei e fui andando devagar até ela.

- Me contaram o que você fez Ayla - ela falou olhando para o céu - Mas eu sei que você não faria isso por fazer, então eu vou perguntar e ouvir sem te intrometer, o que aconteceu?

Dessa vez ela olhou para mim com os olhos cheios de lágrimas. Parece que não falaram só para Freya e sim para todos eles. Me sentei ao seu lado e a encarei.

- Eu tive que fazer algumas mudanças em mim para poder fazer o que tinha que ser feito para salvá-las - disse seria.

- Porque você não veio falar com a gente? - pegou em minhas mãos, mas eu logo as soltei - Poderíamos te ajudar.

- Não, vocês iriam me atrapalhar - eu falei - Alguém eventualmente morreria e colocariam a culpa em mim, não que eu me importasse.

Ela me olhou assustada. E depois recuou um pouco. A realização começou a ficar aparente em sua face, o que era meu bizarro.

- Não, Ayla - ela negava - Não, não, você não fez isso. Não poderia ...

Ficou murmurando mais algumas coisas nas quais eu não conseguia distinguir. E se levantou. Passou a mãos em seu cabelo, estava frustrada.

- Não - ela falou - Vou chamar seu pai. Ele sabe como pode te ... - e mexeu as mãos.

Saiu correndo do meu quarto. E eu voltei meu olhar para o céu. Cheio de estrelas. Pisquei algumas vezes, e podia jurar que via ondas eletromagnéticas no céu, se mexendo num vai e volta calmo.

Alho muito diferente do caos que estava por vir. Olhei para a porta no mesmo instante que Niklaus entrou. Ele veio até mim exasperado.

- Ayla, não me diga que você fez o que sua tia acha que você fez - ele disse.

- O que ela acha que eu fiz? - perguntei retoricamente, e ele levantou uma sobrancelha.

- Não, Ayla - ele falou e fez a mesma coisa que Freya fez antes de sair voando do meu quarto - Por que me diz porque?

- Bom, Klaus - eu comecei - Ou era isso ou era deixar alguém bom morrer.

- E você diz que matar alguém é melhor do que não matar? - ele perguntou - Se estivéssemos em outra situação até concordaria, mas não.

- Olha, não foi isso que eu quis dizer - eu falei, não tinha que dar explicações mas eu ia - Era melhor matar alguém que você sabe que não era puro, do que alguém que era. Matar Jacob era melhor do que matar a Hope.

- Não - ele falou autoritário - Você não pode achar isso. Matar não é a solução.

- Eu não te devo nada - falei no mesmo tom que ele e me levantei o enfrentando.

- Olha com quem você fala - ele disse se aproximando - Eu ainda sou seu pai.

- Eu não acredito muito nisso não - eu falei - Você é tão meu pai quanto um estranho como o Alaric era até alguns anos atrás, anos e não meses. E eu não me importo com o que você ache. Eu fiz o que eu tinha que fazer para trazer a sua filha de volta. Não lhe devo explicações.

- Não mesmo - ele falou com os dentes trincados - Mas eu estou mandando você me explicar.

- E eu já expliquei o que aconteceu - eu disse e revirei os olhos.

Quando ele ia falar algo, alguém entrou no quarto segurando o Klaus de um lado e eu do outro. Não que a gente iria sair no tapa, mas sei lá, o descontrole passa de geração em geração.

- Calma, Ayla - Kol falou - Calma você também Nik.

- Não podemos brigar agora - Elijah falou.

- Sempre a voz da razão não é Elijah? - eu falei em deboche - Como se a gente não pudesse ver isso - falei tentando avançar mas Kol me segurava.

- Vamos nos acalmar - Ele continuou falando.

-  A gente já entendeu - eu falei quase rosnando - Você é o mais velho depois da Freya, mas não quer dizer que você manda em alguma coisa. Não era o Niklaus que comandava Nova Orleans? Sei lá, você parece meio inútil, não sei.

- Cala a boca, Ayla - Kol falou no meu ouvido.

- Não venha me falar o que eu tenho que fazer também, Kol - eu disse tentando olha para ele que me segurava por trás - Não era você a ovelha negra do grupo? Fala sério, você não sente saudades de todo o poder que você tinha? E onde está a sua esposa que eu nunca vi? Você a matou também?

- Cala a boca - eu percebeu que ele perdia o controle.

- Ou o que? - eu perguntei - Vai me matar? Vai arrancar meu coração? Eu não me importo, mas a minha pergunta é: se você fizer isso, o que a sua família vai achar de você?

- Cala a boca! - ele gritou e me jogou no chão.

- Kol! - Rebekah exclamou da porta e o segurou.

- Isso sim é divertido - eu falei - Um tênis que segurar o outro para não brigarem, olha só isso. E vocês me deixaram solta. Sabe, eu nunca fui uma pessoa ruim, modéstia à parte. Pergunta para Clary, sempre ajudei os outros, e nunca me colocava em primeiro lugar, mas aí eu conheci vocês. E percebi que se eu não começasse a me colocar em primeiro lugar, eu iria para o brejo, porque, por incrível que pareça, vocês são as pessoas mais egoístas que eu conheço. Mas tudo bem.

Vi que mais alguém iria entrar e logo joguei um feitiço na porta, a trancando. Sentei no banco da minha janela. Eu estava cansada e eu não queria arranjar briga agora.

- Me desculpa - eu falei sem emoção, afinal nada realmente me magoava ou despertava alguma emoção em mim agora - Eu só quero dormir, foi um dia longo e cansativo, é isso porque tudo aconteceu só nessas últimas horas. Vocês podem ir - eu disse e fiz um movimento com as mãos.

Elijah e Rebekah soltaram os outros dois. Primeiro achei que eles iam continuar me encarando até eu fazer alguma coisa. Mas como eu disse, eu estou cansada, e um medo meu era que eu machucasse alguém.

- Boa noite - eu falei achando estranho que ninguém falava nada.

Os quatro saíram do quarto e fecharam a porta. Meus olhos ardiam e eu só queria dormir. Coloquei a mão em pescoço e senti a pedra quente, muito quente. O que eu fiz dessa vez? Ah, eu calei eles de novo, por isso que não falavam nada.

Me levantei e fui até o meu banheiro. Liguei a água da torneira, e me apoiei na pia. Peguei um pouco de água e joguei no meu rosto e depois no pescoço. Sequei tudo rapidamente e quando terminava de passar o pano em meu rosto olhei para o espelho, especialmente para os meus olhos.

Não podia ser. Pisquei algumas vezes, e percebi que eles não estavam voltando ao normal. Sai do banheiro e mesmo cansada e com dores pulei da janela para o meu da floresta.

Isso não poderia estar acontecendo. Será que o sonho estava querendo me mostrar algo? Meus olhos. A cor deles. Não.

Eles estavam prateados.

A Mikaelson perdida - temporada 2Onde histórias criam vida. Descubra agora