Carona

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Gizelly Bicalho

Estava sentada na cantina, depois de ficar uma hora dentro do laboratório graças a McGowan, que mais uma vez me deixou lá por diversão.

Mari, minha melhor amiga, estava tirando uma com a minha cara, assim como a minha irmã mais velha Rafaela.

- Qual é Gizelly, melhora essa cara de tacho vai. - eu olhei pra Mariana revirando os olhos e tentando me controlar, já que eu estava cheirando a tinta. Só pra constar, a merda do laboratório estava em reforma, é claro que a imbecil da McGowan sabia desse pequeno detalhe. Aliás, a escola toda sabia desse detalhe.

- Vão se ferrar vocês duas. Porque ao invés de vocês ficarem tirando uma com a minha cara vocês não vão fazer algo de útil como, por exemplo, estudar pra prova que teremos daqui a pouco.- ambas reviraram os olhos como se eu estivesse falando uma grande idiotice.

- Nossa Mari, não surta, mas creio que a sua garota está vindo pra cá. - Rafa disse, fazendo tanto eu quanto a Mari, olharmos para entrada da cantina vendo Bianca aparecer Junto com o encosto da Marcela, elas são meias-irmãs e só pra dizer, são bastantes populares na escola. Bem a Bianca até que era legal, porém Marcela era a arrogância em pessoa, tirando o fato que ela vive me irritando. Eu a odeio, não porque eu não queria, mas pelo simples fato que desde que essa idiota entrou no colégio, há dois anos, ela vive me infernizando e pregando peças em mim, não é algo que eu procurei ou coisa do tipo.

- Aí senhor, ela está vindo até nós. - Mariana falou paralisada. Eu me preocupei com a minha amiga assim como Rafa, pois Mari parou de respirar por segundos. Realmente aquilo me deixou muito assustada.

- Mari por Deus, respira e volte a realidade. - implorei já que a mesma estava ficando vermelha.

- Ok, olha meninas eu não estou a fim de ver o infarto da Mari, ou melhor, me deixa sair daqui, pois o meu gatinho chegou, então - antes mesmo de Rafaela terminar de falar ela saltou da nossa mesa toda saltitante indo até o seu namorado. Deixando-me sozinha com a Mari na mesa. Droga.

- E aí Tchitchela, eu vim te fazer companhia sabe, não queria que você ficasse sobrando ou ficar de vela. - A idiota da Marcela sentou ao meu lado, se achando a coisa mais gostosa do mundo eu olhei pra boba da minha amiga que estava igual manteiga derretida suspirando pela Bianca, então voltei a olhar em direção de Marcela que tinha um grande sorriso me encarando. 

- E quem te disse que eu quero sua companhia, McGowan. - cruzei meus braços a encarando irritada. 

- Qual é! Todas querem minha presença. Afinal eu sou uma delícia. - ela encheu o peito me olhando de uma forma convencida, como sempre o seu ego ultrapassa a linha tênue de sua modéstia. Revirou meus olhos e encarei Mari, que estava praticamente babando na reluzente, bufei de raiva por ter que ficar ali com Marcela. 

- E então Gigi, se aproxima mais gatinha, garanto que eu não mordo. - ela logo piscou se achando o pedaço do paraíso, não posso negar que Marcela é bonita, porém, sua beleza é tanta que chega a perturbar os olhos das pessoas, não a minha, jamais!

- Bem eu dispenso sua companhia! Gatinha. Mas sabe como é eu tenho coisas bem mais úteis pra fazer do que ficar aqui e me enjoar de sua grande capacidade de fazer o pessoal te odiar, mas faça bom proveito. - mostrei meu lanche a ela, já que o mesmo estava intacto. - e coma, ele sim vai adorar que você o devore todo. - saí da mesa a deixando com aquele sorriso me encarando. Eu a detesto, mesmo que eu demonstre de todas as formas que não a suporto ela mantém aquele sorriso nos lábios.

(...)

Estava esperando Mariana pra voltarmos pra casa como sempre, mas nada dela aparecer. Aliás, ela saiu antes mesmo de me esperar, até pensei que ela tivesse ido ao banheiro. Então, eu fiquei aqui no portão a esperando. Rafaela a essa altura também já deve de ter ido já que ela sempre ia embora o Ian, seu namoradinho.

Olhei mais uma vez de um lado a outro e nada de Mari, olhei meu relógio de pulso, e já era quase seis da tarde. Suspirei desanimada já que o ônibus passou e o próximo iria demorar uma eternidade, a escola daqui a pouco iria fechar, e nada da minha amiga, não que eu não goste de andar, mas a questão principal é que daqui a pouco irá anoitecer e minha casa fica longe, bem longe da escola e andar a pé sozinha é muito chato.

- Olha só, se não é a senhorita Não-Me-Toque. - Marcela parou sua moto extremamente grande e barulhenta ao meu lado, com seu ar de superior, deixando nós, meros mortais, vendo sua beleza esvoaçante. Reviro meus olhos e mordo meu lábio inferior a olhando.

- McGowan, eu sei que sou gostosa, mas porque você não liga esse troço barulhento que você chama de moto e some da minha frente. - ela morde seu lábio e suspira olhando pra frente vendo a pequena movimentação da rua.

- Eu não posso. - ela deu de ombros, me fazendo negar com a cabeça. – sabe, não posso deixar uma donzela como você ir embora andando, ou até mesmo pegar um ônibus. E também, Mari está em casa a essa hora. - eu ri do seu jeito falando se olhando no espelho e ajeitando seus cabelos loiros. Em seguida ela me olhou com um grande sorriso.

- Ah é? E quem vai me dar a certeza de que você está dizendo a verdade? Olha, eu não quero ser desconfiada, mas creio que você não seja a pessoa em quem eu confie sabe. Mas pode deixar que eu pego um ônibus. Mil vezes andar nele espremida do que andar agarrada a você. - eu falei batendo meu pé fazendo cara de paisagem começando a ir até o ponto do ônibus.

- Nossa como você é má. Vamos Gizelly, primeiro, eu irei devagar. E segundo, eu e você já sabemos que o ônibus só irá aparecer à noite, então deixe de ser tão arrogante e sobe logo na minha moto. - ela estendeu o capacete. Bem... Pelo menos se eu for com ela vou evitar muitas coisas, porém terei que suportar sua presença até em casa. Ela sustenta o capacete por alguns segundos, hesitei em pegá-lo, porém eu engoli meu orgulho e aceitei a carona.

(...)

- Está entregue gatinha. E o que você me diz de me dar um beijo, na boca e de língua, em agradecimento. - eu desço de sua moto e reviro meus olhos, estava demorando até, sabia que essa carona tinha uma segunda intenção.

- Vai sonhando McGowan. - comecei a andar até a porta de casa. - sabe quando esses lábios maravilhosos irão encostar-se aos seus? - ela me olha com expectativa. - nunca - falo estalando minha língua. 

- Tudo bem, Bicalho. Fique aí renegando um beijo. Eu só lamento por você, mas um dia você ainda irá implorar por meus beijos, aí será minha vez de dizer não. Até mais gatinha. E a propósito se quiser eu te trago pra casa sempre que você precisar. Sabe como é, amo salvar donzelas indefesas. - antes mesmo de eu respondê-la, a senhora "sou foda" subiu na sua moto asquerosa e foi embora. Me deixando com cara de tacho.

- Mais nunca que eu vou beija-la mesmo, Marcela McGowan jamais irá fazer o meu tipo.

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Eu tenho fogo para escrever fanfic, quem amou?

Amnésia | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora