Just a Little Bit Of Your Heart

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Gizelly Bicalho

É sábado de manhã, Marcela veio me acordar para arrumar minha mala já que logo estaríamos indo para Presidente Prudente. Estou ansiosa, será que os pais dela gostam de mim?

— Pronta?

E por falar em Marcela... Olho para trás e a vejo, seus lábios pintados de vermelho, separados enquanto ela sorria para mim. Sorrio de volta, pego minha mala e a seguro.

— Sim, podemos ir.

Passos no corredor são ouvidos e logo Júlia surge no quarto, por debaixo das pernas de Marcela, ela olha para ela e solta uma gargalhada, a prendendo entre suas pernas.

— Mamãe, não. — Ela resmunga e tenta se soltar, posso ver que Marcela não está a prendendo com força, apenas a segurou. — Mamãe me ajuda.

Implora e olha para mim com os olhos brilhando por ajuda, suspiro e solto a mala no chão.

— Solta ela, Marcela. — Peço com o máximo de calma possível e em segundos ela o solta, Júlia passa por ela e corre em minha direção, agarrando minhas pernas. Me abaixo e a pego no colo. — Pronto, está a salvo. 

— Obrigado, mamãe.

— Filha, o certo é você dizer obrigada. 

Marcela a corrige e a pequenina olha para ela confusa.

— Ah sim... — Ela ainda parecia meio confusa, olhou para mim e sorriu daquele jeito fofo dela. — Então, obrigada, mamãe. 

— De nada, filha. — Beijo sua testa e em seguida Júlia deita a cabeça em meu ombro, olho para Marcela e a vejo com um enorme sorriso no rosto. — Que foi? 

— Uh, nada, nada não. Podemos ir então? 

— Sim!

Júlia grita animada, o que nos causa uma gargalhada em conjunto. Marcela fica encarregada de descer minha mala já que estou com Júlia no colo.

Logo estamos entrando no carro para irmos.

Lá vamos nós, Presidente Prudente. 

(...)

Eu nunca gostei de viajar, sempre é tão entediante, por isso dormi durante toda a estrada. Júlia parece estar com a bateria no 100%, e também feliz porque vai ver seus avós.

Descemos do carro e eu logo estendo a mão para Marcela, ela sorri parecendo surpresa e logo segura minha mão, depois a de Júlia. Marcela disse que seu pai já estava nos esperando. 

— Seus pais sabem sobre minha amnésia?

— Agora eles sabem. — Marcela respondeu. — Eu não contei antes porque você sabe, meus pais são ocupados demais. 

Sua voz era puro sarcasmo, embora eu pudesse identificar um pouco de mágoa também. Optei por ficar na minha e não falar mais nada, Marcela parecia ter alguns problemas pessoais que envolviam seus pais e eu não me sinto no direito de me meter. Quando entramos pelos portões, já foi possível ver o seu pai lendo algo no banco em meio a grama, deu um aperto em minha mão para me avisar. Só então fui me dar conta que estávamos de mãos dadas ainda, mas não desfaço o contato, e surpreendentemente um sorriso surge em meus lábios enquanto caminhamos em direção onde Roberto McGowan que está nos esperando.

— Vovô!

Júlia exclama assim que chegamos perto o suficiente para ver ele, Roberto abre um enorme sorriso ao ver a neta e sem se importar em sujar sua calça social, coloca joelho no chão e abre os braços. Analiso ele, cabelos cortados, penteados da forma mais alinha possível e grisalho, o terno cinza o deixa com um ar ainda mais sério e ele não está usando barba mais, como eu me lembro que ele usava. Júlia agarra o pescoço do avô, que sorri e a abraça de volta.

Amnésia | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora