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Gizelly Bicalho

No outro dia despertei sozinha, abro os olhos e a primeira coisa que vejo é o teto branco do quarto. Me espreguiço um pouco na cama e passo as mãos no rosto. Tudo está em silêncio, que horas devem ser agora? Olho para o criado mudo e vejo um relógio digital ali, nele é indicado que são 11:40am, eu realmente estava precisando de um descanso depois de tudo isso. Olho em volta e não vejo nada. Onde será que a louca está? Será que ela ainda está chateada? 

Sento-me na cama e noto aquela mesma porta que Marcela entrou ontem está meio aberta, acho que ali deve ser outro banheiro. 

Será que Marcela acharia ruim por eu estar mexendo nas coisas dela? 

Pensando bem, as coisas aqui nessa casa são minhas também, certo? Certo.

Sem querer pensar muito, levanto da cama e vou até lá, abro aquela porta de madeira e deslizo-a para o lado. Isso é um... Não é um banheiro, na verdade é um closet. Nós somos ricas ou alguma coisa assim? Cara, nós temos um closet!

Se bem que a julgar pelos móveis dessa casa, o tamanho dela e os carros na garagem, eu acho que temos uma vida boa. Eu trabalho com o que mesmo? Preciso me lembrar de perguntar isso a Marcela depois.

Entro no closet e, uau! É grande, repleto de prateleiras e tem um espelho no final dele. Olho em volta, está cheio de roupas em todas as prateleiras, na parte de baixo tem diversos sapatos e pares de tênis. Somos organizadas. Céus! Eu já estou até mesmo falando no plural.

Hesitante eu vou andando por aquele espaço. Algumas roupas eu consigo identificar como as de Marcela porque ela sempre amou coisas de couro, mais cores neutras e sociais, alguns vestidos longos parecem ser dela, não acho que eu utilizaria algo como aquilo. Devo admitir isso não mudou mesmo com os anos que passaram, ela tem bom gosto para roupa.  Meu gosto apesar de parecer um pouco diferente, também não era muito diferente do que era antes, roupas mais básicas. 

Armani. 

Prada. 

Lanvin. 

Chanel. 

Jesus! Marcela trabalha para algum tipo de máfia britânica? 

Será que Marcela se formou em advocacia mesmo? Pelo visto parece que sim, praticamente todos os seus familiares são advogados. Os pais dela sempre quiseram/obrigaram ela e Bianca a seguir essa carreira, desde pequenas as preparavam para isso. E como eu sabia de tudo isso mesmo não suportando ela naquela época? Mari! Ela sabia tudo sobre a vida da Bianca!

Por falar nela... Preciso saber como está minha melhor amiga, e minhas irmãs. É tanta coisa.

Suspiro, prendo meus cabelos num rabo de cavalo informal e volto a olhar por aquele closet. Vejo uma caixa preta na prateleira de cima em frente ao espelho, ela me chama a atenção. O que será que tem ali?

Curiosa como só eu sou, não consigo me conter e vou até lá verificar. Procuro por um banco ou cadeira, eu poderia ter crescido pelo menos um pouco, né? Pelo menos peitos eu tenho.

Encontro um banco, subo nele e puxo a caixa para mim. Ela é pesada. Com todo cuidado, eu a pego e desço do banco, coloco a caixa de plástico preta no chão e olho em volta dela, em busca de alguma etiqueta. Mas não tem nada.

Mesmo receosa eu abro a tampa, eu tenho um grande problema e ele se chama: curiosidade. Respiro fundo e puxo a tampa e... CDs? 

— Será que eu posso mexer nisso aqui? 

Pergunto a mim mesma. Bem... De qualquer forma, Marcela ainda não voltou mesmo, seja lá onde ela foi, espero que ela demore. Pego alguns CDs. Apenas um deles está com etiqueta: Marcela. É o que está escrito no CD. Agora eu realmente fiquei curiosa. Pego apenas aquele CD e guardo os outros na caixa, fecho a tampa e me levanto do chão. O que eu vou fazer agora? Será que vejo o que tem no CD ou...? 

Amnésia | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora