Ela é incrível

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Gizelly Bicalho

Ainda ficamos mais algum tempo naquele abraço, enquanto eu acariciava seus cabelos da parte da nuca, Marcela alisava a base de minhas costas com carinho. Incrível que em momento algum eu senti vontade de me afastar, e o sorriso em meu rosto parecia não querer sair mais. Senti ela cheirar meus cabelos várias vezes, alisar a curva de meu pescoço com sua cabeça como se fosse um filhote de gato. Também ouvi quantos suspiros ela deu a cada vez que eu afagava seus cabelos.

Marcela parecia feliz, eu fiquei feliz em saber disso.

Somente nos afastamos quando ela ficou sem jeito de estar agarrada comigo e quebrou nosso abraço. Não falamos nada, sorrimos uma para a outra, e ainda sem dizer alguma coisa nós duas saímos do quarto da Júlia e fomos para a sala. 

Agora estamos aqui, assistindo um filme de comédia "Se Beber Não Case", é um filme bastante engraçado. Embora eu ainda esteja curiosa para saber sobre a razão de ter uma tatuagem de puzzle no pulso. Marcela não tinha mencionado nada sobre isso ainda, talvez eu deva perguntar a ela.

— Hm... Marcela.

Marcela desvia o olhar da televisão para mim e depois procura pelo controle, ela desliga a televisão e volta a me olhar. Respira fundo, Gizelly.

— Aconteceu alguma coisa?

— Eu quero te perguntar uma coisa.

Ela levanta as sobrancelhas interessada e cruza as pernas, me olhando daquele jeito intimidante dela. Por que ela tem que me olhar nos olhos desse jeito?

— Pode perguntar.

— Okay... — Viro minha mão e olho para meu pulso esquerdo, levanto o olhar e vejo Marcela me encarando. — Por que eu tenho um puzzle tatuado no pulso?

Viro o pulso para que ela veja, Marcela ergue as duas sobrancelhas e suspira. Ela morde seu lábio inferior e alisa o pulso da mão direita, junto minhas sobrancelhas e quando abro a boca para questiona-la sobre a tatuagem, Marcela vira o pulso e me mostra sua tatuagem. É a mesma que a minha...

Oh não... A dela é maior.

— Nós fizemos essa tatuagem juntas. — Ela começa, se remexe um pouco como se estivesse desconfortável. — Tínhamos completado cinco meses de casadas. — Marcela sorri e olha para um ponto qualquer atrás de mim, seus olhos tem um brilho nostálgico, ela deve estar se lembrando dessa época. — Eu estava distraída assistindo uma série quando você entrou pela porta toda saltitante falando sem parar. — Ela solta uma risadinha, abro um sorriso. — Eu pedia para você falar mais devagar, mas você simplesmente falava mais rápido e embolado ainda. 

— Eu costumava fazer isso quando queria muito alguma coisa.

— Exato. — Marcela pressiona os lábios e olha para baixo, suas mãos em seu colo, enquanto ela mexe os dedos, mais especificamente nos anéis que sempre estão presentes. Ela está nervosa. — Você disse que queria fazer uma tatuagem, eu nem acreditei porque você nunca quis uma. Dizia que iria doer muito, quase surtou quando eu fiz a minha na coxa.

— Eu fiquei animada e perguntei o que você queria fazer, você disse que era surpresa e que eu teria que ir contigo em algum salão de tatuagens. Saímos de casa e fomos procurar algum estúdio pela região, quando achamos um você saiu me arrastando pra lá. — Ela dá uma pausa e busca fôlego. — Quando nós entramos e você disse que nós duas queríamos fazer uma tatuagem eu fiquei sem entender nada, você não tinha falado nada comigo sobre isso. Mas então você disse que queria algo que nos marcasse e representasse nosso relacionamento. 

— E eu escolhi esses puzzels?

— Sim. — Ela sorri de lado. — Eu lembro que você disse que essa tatuagem nos representaria como uma peça de quebra cabeça, você vivia dizendo que nós erámos como um quebra cabeça.

Amnésia | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora