Um Ano

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Esse capítulo não estava planejado para ser assim, maaaaasss eu achei uma matéria que me inspirou de certo modo. Então, eu fiz uma adaptaçãozinha transformando algo que estava em fases de testes preliminares em 2018 para algo mais concreto, confuso? Demais. Quando vocês lerem irão entenderkkkkk.

Bom capítulo!

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Gizelly Bicalho

Antes eu adorava acordar sozinha na cama, poder rolar de um lado para o outro livremente, sem ninguém para impedir enquanto eu tomava coragem de levantar. Mas hoje eu tenho que dizer, odeio acordar sozinha. Acho que me acostumei com Marcela grudada em mim todas as manhãs. E não sei dizer ao certo a razão, ou qual o milagre que a fez levantar da cama antes de mim. 

No banheiro ela também não estava, mas era nítido que ela tinha passado por ali. A calcinha pendurada no registro do chuveiro a denunciou. Como sempre. 

Já conversei com ela sobre isso, mas ela me ouve? Não. 

Quando eu digo que ela consegue ser pior do que a Júlia no quesito teimosia, eu não estou brincando. Porque ela é. Para falar a verdade nossa filha sempre é obediente, ao contrário dela. Que deveria ser um exemplo para ela. Mas aos poucos eu vou colocar essa mulher na linha. Ela que me aguarde. 

Depois do banho, vesti-me com nada mais que uma calça de moletom e peguei uma das blusas de banda da minha esposa. Eu adoro usar as roupas dela. São tão cheirosas, além do mais, Marcela  diz que fico adorável e sexy com as roupas dela. 

Talvez eu goste de agradar ela. 

Chego à cozinha e paraliso na porta ao ver a cena na mesa. Um sorriso vai surgindo aos poucos em meus lábios ao ver Marcela   e Júlia lado a lado, entretidas lendo jornal enquanto comem cereal. As duas parecem concentradas, Marcela  principalmente. 

— Esse cara novo que faz os quadrinhos é um mestre das piadas. 

Marcela comenta entre risadas, leva uma grande colher cheia de cereal com leite e enfia na boca. Cruzo os braços, elas ainda nem notaram minha presença. Vejo duas crianças, não uma mãe e uma filha. 

— Mamã, o que quer dizer essa palavra aqui? 

Júlia  mostra o jornal em sua mão para Marcela, ela segura a folha e lê com atenção o que está escrito.

— Peitos. – Ela diz naturalmente e ri, mas logo parece se dar conta e olha assustada para nossa filha. — São, é... Um dia você vai descobrir. 

— A senhora sempre diz isso.

Ela resmunga indignada, um enorme bico em seus lábios. Tão fofo. 

— Você ainda é muito nova para saber certas coisas.

— Sou nova para saber de onde vem os bebês também? 

Marcela  engasga com o cereal em sua boca e começa a tossir. Não aguento e acabo rindo da reação dela. Só então as duas notam minha presença e olham para mim. Eduarda sorri e Marcela parece que vai morrer de tanto tossir. 

— Olha, sua mamãe acordou. Que tal perguntar a ela de onde vêm os bebês? 

Marcela  diz ao seu recuperar e dessa vez quem quase se engasga sou eu. Ela me olha debochada enquanto limpa sua boca com as costas da mão. Fuzilo-a com o olhar, maldita idiota. Fez isso de propósito.

— De onde vêm os bebês, mamãe?

Suspiro e vou até perto delas, puxo uma cadeira e me sento de frente para a minha curiosa filha. Marcela ostenta um brilhante sorriso em seus lábios. Tudo bem, McGowan. Isso aqui vai ter volta.

Amnésia | GicelaOnde histórias criam vida. Descubra agora