Eu Sou Deles

XIV

A vontade de parar e poder apenas deitar e chorar, sem mais pensamentos e apenas um questionamento "a onde será que eu vou parar"
-Laura Silva

Ainda parada eu encaro os dois a minha frente,e penso o por que de eu estar envolvida nisso tudo, por que as coisas tem que ser simplesmente dessa forma?

Respiro fundo esperando com que em algum dia ou em algum momento esses questionamentos sejam respondidos.

Liam e Adam trocam olhares como se estivessem se comunicando e eu apenas aguardo com a minha pequena mania de bater os pés quando estou nervosa ou impaciente.

Até que finalmente Adam solta um grito onde até mesmo eu me assusto e acabo dando um pequeno pulinho.
Ele me encara como se eu fosse a coisa mais insignificante que ele já viu na vida e diz:

— Eu não sei porque você espera mesmo que nós devemos dar alguma explicação pra você. Uma menina que não passa de uma serva, o que eu realmente acho é que está na hora de você se colocar no seu lugar e entender que não devemos nenhum tipo de explicação nem para você e nem para ninguém a não ser que seja do nosso interesse. A partir de hoje não iremos contar nada pra você, espero que fique quieta e comece a cumprir seu dever que é alimentar a mim e ao meu irmão.

Quando Adam terminou de falar ele estava vermelho e sem fôlego como se estivesse correndo uma maratona, olho para ele com surpresa eu espera ouvir isso do seu irmão Liam mas não dele.

Chega um momento na nossa vida que cansamos de todas as humilhações cansamos de todo abandono e de ver as pessoas indo embora. É exaustivo se sentir inferior e ser tratado como alguém sem importância, alguém que nasceu errado.

Será que realmente vale a pena ver todas as pessoas ao meu redor irem embora, morrerem ou me maltratarem ou simplesmente me matar com as palavras? Será que realmente vale a pena desistir de tentar ser feliz de ter uma vida melhor, apenas para tentar mudar algo que existe e continua existindo mesmo depois de muito tempo ?

Nesse momento talvez eu não tenha perdido apenas a minha liberdade e sim perdido junto com ela o objetivo disso tudo.

Quando nenhum dos dois diz qualquer coisa eu viro as costas e começo a caminhar para a floresta.

Que se dane se eu poderia ser morta, ou se poderiam acabar comigo, talvez fosse esse mesmo o meu destino.

E quem disse que eu ligava pra isso? Nesse momento eu já tinha me perdido e agora nada tem tanto sentido quanto tinha antes, é como se o fogo da minha raiva estivesse se apagando aos poucos..

E eu apenas consigo observar as coisas ao meu redor, e não consigo não me comparar com a paisagem .

Uma floresta escura, a terra vermelha que estava sobre o chão, os galhos retorcidos, e até mesmo o céu escondido pelas enormes árvores que estavam ao meu redor. Deixando tudo em uma completa escuridão.

E eu me sinto exatamente assim, na completa escuridão, com opiniões destorcidas pelo medo e pela raiva. Fazia tão pouco tempo que eu havia chegado no palácio mas parecia que séculos haviam se passado, e tudo cercado por brigas, sangue, medo.

Ainda andando e perdida tanto em pensamento quanto em relação a minha localização ouço um pequeno farfalhar apenas giro minha cabeça ao redor e continuo a caminhar.