XII - INSEGURANÇAS DESABROCHAM.

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O desmoronamento apenas cessou, quando Leonídas e Kyriel adentraram em uma caverna. Lá dentro, os garotos percebem que não estão distantes da parede e em uma tentativa de diminuir a velocidade, Leonídas cria um par de botas de pedra, coloca seus pés no chão fazendo o máximo de força que conseguia, enfim parando a pedra que estavam em cima.

- A vontade que tenho agora, é de encravar minhas duas adagas em seu peito! - Kyriel grita. - Mas estou mais preocupado em saber onde nós estamos e o que houve com os outros.

- As coisas não aconteceram da forma em que eu esperava. - Leonídas responde. - Também estou preocupado.

- Enquanto estávamos descendo, os vi saltando para uma entrada. Acredito que se encontram na mesma situação que a gente. - Kyriel acrescenta. - A temperatura está alta aqui, além de estar claro. Acho que estamos próximos a lava.

- Havia percebido também. Devíamos seguir a luz. - Leonídas fala já se levantando.

De repente, o garoto sente sua perna perder a força, graças ao grande esforço. Assim, Leonídas retorna ao chão.

- Não estou conseguindo andar. - Fala Leonídas.

- Como assim você não está conseguindo andar?

- Tenho a impressão que estou pegando pesado demais. Fiquei muito empolgado com tudo isso, sem pensar nas consequências.

- Apenas tente pegar mais leve, é só o começo do seu treinamento. - Fala Kyriel.

- Vou fazer o possível. - Responde Leonídas com sinceridade.

- Consegue andar apoiando-se em mim? - Kyriel pergunta.

- Tentar não custa nada.

Caminharam lentamente pela caverna. Nela continha diversas estalactites e estalagmites, algumas tão grandes que formavam colunas, dificultando a passagem dos garotos. Pouco a frente encontram uma bifurcação, no caminho à direita emanava luz de um ponto distante.

- Vamos continuar seguindo a luz, certo? - Pergunta Leonídas curioso.

Kyriel balança a cabeça em concordância e os dois seguem. Seguindo o caminho foi possível ver uma alteração no ambiente. A caverna agora apresentava características de construções humanas. Havia várias passagens interligadas, escadas, pontes e túneis, assim causando a impressão de existir vida ali. Também havia ferramentas que pareciam ser de mineração, espalhadas pelo chão. Em geral, o ambiente poderia ser facilmente descrito como uma mina comum.

- Existem pessoas vivendo aqui? - Leonídas pergunta.

- Não sei se humanos conseguiriam viver nessas circunstâncias, Leo.

Antes que pudessem formular qualquer outra teoria, os meninos são nocauteados com uma pancada na cabeça. O ataque fora de pequenas criaturas, porém os garotos não tiveram tempo para identificar o que era.

Enquanto isso,+ Flora, Shinru e Matthias, ainda desmaiado, continuam o caminho pela caverna.

- Então você viveu anos longe da civilização? - Flora pergunta. - Qual a razão disso?

- Aparentemente, você também vive longe dos humanos, pensei que entenderia. - Retruca Shinru.

- Touché!

- Quando sairmos daqui, talvez eu lhe explique minhas motivações.

- Tudo bem, mas e esses garotos? Quem são exatamente? - Flora pergunta ainda curiosa.

- Não os conheço muito bem. Porém, posso falar um pouco sobre eles. O espadachim tem uma fixação estranha em dormir, o usuário do talismã é um tanto quanto inconsequente e esse que eu carrego nas costas é o que parece ser menos bobo. São uns cabeças de vento, mas são boas pessoas. Gosto da companhia deles.

- Garotos... nunca me dou bem com eles. - Flora revira os olhos. - Só mais uma pergunta. Você disse talismã?

- Leonídas usa esse item mágico para canalizar o poder de um Elementar, pelo o que entendi. Mas não compreendo totalmente como funciona isso.

- ELE FAZ O QUE? - Flora resmunga e age como se estivesse falando sozinha. - Esse garoto vai ouvir poucas e boas quando sairmos daqui.

Shinru encara a menina com uma cara de confusão.

- Por quê ficou tão brava? De onde você vem magia é proibida ou algo assim?

- Quando sairmos daqui, talvez eu lhe explique minhas motivações. - Rebate Flora com sarcasmo.

- Ha ha! Você falou a mesma coisa que eu, gostei de você. - Shinru responde com uma risada.

Subitamente, gritos ecoaram pelos túneis da caverna. Flora e Shinru se encaram assustados e correm na direção do som. Ao chegarem no fim do túnel, reparam que estão em uma grande gruta, mas estão no alto. Descobrem que a origem do som era Kyriel e Leonídas que foram atacados.

- São anões subterrâneos. - Flora comenta. - Oh, Shinru. Meus sentimentos pelos seus amigos, mas não há o que fazer, eles são humanos.

- E isso importa? - Shinru interrompe. - Eu não irei abandoná-los, deixar um amigo para trás, vai contra meus princípios.

- É que talvez não seja uma boa ideia... - Flora tira seu chapéu. - Anões, assim como eu, não têm boas memórias com humanos. Além do fato deles odiarem alguém como eu.

- Anões odeiam garotas, Flora? - Shinru pergunta,sem entender.

Flora coloca os cabelos por trás das orelhas, mostrando-as a Shinru.

- Shinru, sou uma elfa. Humanos odeiam elfos e anões também - Flora completa.

- Mas porque eu te odiaria? Mal te conheço.

- É uma relação complicada, Shinru. São décadas e décadas de histórias. Assim como nas lendas, humanos iam atrás de criaturas mágicas, com ganância de mais poder. Hoje em dia, a maioria das pessoas acreditam que outras raças sejam só mitos, mas estão erradas. Elas existem, porém escondidas. A maioria de nós, evita ao máximo conviver perto de humanos, com medo do que pode acontecer.

- Flora, não vou te tratar assim. Te vejo como igual, assim como vejo os meninos. - Responde Shinru.

- Só peço que não conte a eles. Não sei se vão reagir da mesma forma. - Flora esclarece.

- Fique tranquila, Não contarei.

Ouvem-se os resmungos de Kyriel lá em baixo.

- O que vocês querem?

- A pergunta certa é: O que VOCÊS querem? - Um anão de cabelos negros, com uma enorme barba trançada, começa atravessar a multidão de anões, indo na direção dos dois garotos. - Me deem um bom motivo para eu não matá-los agora mesmo, humanos deploráveis.

- Deixa eu pensar aqui. - Fala Leonídas com ironia. - Que tal o fato de a gente não ter feito nada?

O anão dá um tapa na cara do garoto.

- Invadiram nossas terras e garanto que foram os mesmos que causaram o desmoronamento. - Explica o anão. - Tem certeza que não fizeram nada?

- Bom, essa parte é verdade mas... - Leonídas começa uma explicação mas é interrompido por Kyriel.

- Eu não me prestaria a me meter com um reles anão por minha própria vontade. - Kyriel fala em um tom prepotente.

- Que seja! - O anão volta a falar. - Daqui a pouco você não poderá reclamar mais. Até porque, morto não fala.

Leonídas e Kyriel, são levados até o centro da gruta e são postos para execução.

- Eu exijo meus direitos! - Leonídas suplica. - Quero meus advogados!

- Leonídas, dá pra calar a boca? - Kyriel pergunta.

- Se alguém aqui tem que calar a boca, esse alguém é você. - Leonídas responde em um tom raivoso. - Seu pequeno ataque não nos ajudou em nada. Não quero nem saber o que foi aquilo.

Sendo sorte ou não, um novo convidado chega a festa. Um aracnídeo colossal aparece. Seu tamanho era suficiente para todo o grupo ficar em cima sem dificuldades. Ela possuía um aspecto inteiramente horrendo, até mais do que se espera de uma aranha gigante. Contudo, não parecia normal. Seu corpo parecia emanar uma energia maligna intensa, mas isso não importava na hora, já que ela avançava em direção a Kyriel e Leonidas.

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