Terminada a conversa, os dois retornam para a ala médica da gruta dos anões, onde os demais se encontravam.
E então? - Fala Leonídas sério. - Podemos considerar o assunto resolvido?
- Podemos. - Rebate Kyriel sem o menor ânimo.
- Que ótimo. - Leonídas responde sarcasmo. - Agora só falta você pedir desculpas pra Flora.
- Não abuse da sorte, Leonídas. - Kyriel argumenta.
- Olha aqui seu desgraçado...
O garoto começa a falar mas logo é interrompido por Flora.
- Deixe isso pra lá, Leo - A garota começa. - Não vale a pena. Além do mais, não quero que vocês arrumem outra discussão por minha causa, está tudo bem.
- Não está tudo bem, Flora. - O garoto rebate. - Mas se considera o assunto resolvido, não vou dizer o contrário.
Kyriel revira os olhos diante de toda aquela conversa.
- Desde que ele não volte a se comportar como hoje, vai ficar tudo bem. - Flora conclui.
- Todos nos certificaremos disso.
Todos entram em concordância, encerrando o assunto e o foco volta para a situação em que se encontrava Matthias.
- Ele vai ficar bem? - Flora torna a perguntar.
- Sinto em dizer que não sei ao certo. - Um dos anões que cuidava de Matthias explica. - Nunca vi nada assim antes.
- Explique-se. - Leonídas intervém.
- O ferimento do seu amigo em si não tem nada de grave. - Ele torna a explicar. - É apenas um arranhão superficial.
- Então o que tem demais afinal?
- O problema é o que fez esse arranhão. - O anão conclui. - Não faço a menor ideia de onde saiu a aura que sobrepujava aquela coisa. A única certeza que tenho, é que era magia antiga, muito antiga.
- O quão antiga você quer dizer? - Flora pergunta ao anão preocupada.
- Tão antiga quanto a Árvore Arcana. - Ele explica. - Talvez até mais.
- Isso é realmente preocupante. - Intervém Kyriel. - O que diabos uma coisa tão antiga estaria fazendo aqui?
- Talvez ela estivesse adormecida. - O anão contrapõe. - Mas aquele desmoronamento que vocês causaram, deve tê-la acordado...
O grupo olha na direção de Leonídas.
- Outra vez esses olhares. - Leonídas bufa. - Eu não precisaria ter feito aquilo se a gente tivesse descido junto.
- Então agora a culpa é minha? - Flora fala em um tom brincalhão.
- Sua? - O garoto retruca em tom irônico. - Claro que não, gatinha. - A culpa foi do Shinru.
- Minha culpa?
- É fácil esquecer que você mal entende quando estou brincando. - Conclui Leonídas.
Após isso, o ambiente assume novamente um aspecto sombrio.
- Creio que nosso trabalho aqui tenha acabado. - Fala o anão de antes. - Querem jantar?
- Difícil acostumar com vocês tão hospitaleiros depois da primeira impressão. - Diz Leonídas alisando a parte do rosto pega pelo tapa do anão chefe. - Depois do que aconteceu hoje, merecemos uma boa refeição.
Todos vão para um grande salão. Este era todo ornamentado, possuindo estandartes alaranjados espalhados por todo o local. Ao centro, havia uma grande mesa, que aparentava ser utilizada apenas em ocasiões bastante formais. Acompanhando a mesa, havia assentos que, apesar de bastante bonitos, não eram grandes o suficiente para o grupo. Isso causou um leve estranhamento e incômodo neles. Nos maiores e mais decorados assentos, situavam-se o líder dos anões, e uma mulher que aparentava ser sua companheira. Ela possuía uma expressão de genuína gratidão pelos presentes. Seus cabelos eram de um tom ruivo e seu rosto era acompanhado de grandes olhos, fazendo-a parecer sempre surpresa.
Ao lado deles, se sentavam outros quatro anões, dois ao lado do rei, e duas ao lado da rainha. Eles possuíam aspectos similares ao seus líderes, dando logo a entender que se tratavam de seus filhos.
Do lado do grupo, sentavam-se os anões que tratavam de Matthias. O primeiro continha em seu rosto uma expressão de constante compaixão, o que devia ser realmente reconfortante para seus pacientes. A segunda, entretanto, possuía um rosto cansado, como se já estivesse cansado de fazer o mesmo trabalho por anos a fio.
- SAÚDEM OS HÉROIS! - O anão chefe grita enquanto se aproxima do grupo.
O grupo dos anões explodem em vivas ao seus salvadores.
- Em meio a bagunça mal conseguimos nos apresentar. - Diz o chefe.
Todos do grupo se apresentam de imediato, exceto Kyriel que demorou um pouco a falar seu nome, mas graças a uma rápida olhadela de todo o grupo, ele logo cedeu. - É um prazer heróis. Eu sou Thimdael Forjaviva.
- Também conhecido como o baixinho que me deu um tapa na cara. - Fala Leonídas em tom brincalhão.
- Depois de provocar um deslizamento você bem que mereceu. - Fala Thimdael no mesmo tom do menino.
- É justo. - Retruca o garoto.
Thimdael logo apresentou o resto dos presentes. Ao lado do rei respectivamente se encontravam Degrand e Heldrir.
A rainha dos anões chamava-se Blanca, e ao seu lado, suas duas filhas Hilda e Hatha.
Ao lado do grupo, o anão chamava-se Kragrith e a anã Restrid.
Tendo sido todos apresentados, era inevitável que os anões parassem de conter sua curiosidade sobre o que traria aquele grupo tão exótico até o seu território.
- O que vocês fazem por aqui? - Thimdael pergunta.
- Estávamos a caminho das planícies. - Explica Flora. - Mas dados os acontecimentos, é inevitável que façamos um pequeno desvio antes de voltarmos a seguir nosso caminho. - A garota explica. - Só precisamos descobrir como voltar a superfície.
- Quanto a isso vocês não precisam se preocupar. - Fala Blanca com displicência. - Guiaremos todos até lá. Ainda não temos palavras para expressarmos o quanto somos gratos por terem ajudado nossa família com aquela coisa monstruosa.
- Qualquer coisa que possamos fazer por vocês, basta pedir. - Thimdael finaliza. - Nossa confiança uma vez conquistada é para vida toda.
- Tenho certeza que ficamos todos contentes em conquistar a amizade de vocês. - Fala Kyriel com ironia.
- Sinceramente Kyriel, chega dessa besteira. - Flora fala irritada. - Você não faz idéia do quanto está sendo ridículo. Até mesmo nós, elfos e anões, que mantemos uma rivalidade até bem mais antiga do que com os humanos, estamos contentes em deixar as diferenças de lado pelo bem do que talvez seja uma nova aliança. olhe também para seus amigos. - A garota tenta recompor a calma. - Por que simplesmente não consegue fazer o mesmo?
O ambiente torna a ficar pesado.
- Melhor eu ir dormir. - Fala o espadachim impaciente.
Ninguém se contrapos ao que o menino sugeriu e ele logo seguiu para outros aposentos.
- Não deem atenção para o que aquele idiota diz. - Fala Leonídas irritado.
- Não vou fazer caso por conta de um jovenzinho insolente. - Thimdael fala sereno. - Se ele não de dispõe a aproveitar deste belo momento, o que podemos fazer não é?
Os garotos vêem Matthias se aproximando.
- Fico feliz que esteja melhor. - Shinru abre um sorriso para o amigo.
- Digo o mesmo. - Fala Leonídas em concordância. - Venha sente-se, você precisa comer.
- Não precisa nem pedir. - O garoto fala já se juntando a mesa. - Espero que as atitudes daquele cabeça oca não estejam causando problemas.
- Agora não mais. - Leonídas completa.
Após um longo e divertido jantar, os anfitriões se retiram para os seus aposentos, seguidos de seus filhos, enquanto os garotos foram se juntar a Kyriel, que ainda se encontrava desperto.
Leonídas esperava conversar com seus amigos sobre a situação em que se encontravam, mas devido ao rumo sombrio que aquele dia havia tomado, resolveu que seria melhor deixar isso para outro momento.
Devido ao cansaço, ninguém do grupo estava com ânimo para continuar a conversar sobre qualquer assunto que fosse, então foram dormir.
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Arbitrium e a Árvore Arcana
AventureQuatro destinos se cruzam a partir de uma missão. Matthias, Leonídas, Shinru e Kyriel partem em uma aventura até a Árvore Arcana para investigarem qual a causa do caos instaurado a terra de El, para controla-lo antes que seja tarde.