XIV - OS ESPINHOS DE KYRIEL.

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Era possível enxergar cicatrizes do combate por toda a gruta. Leonídas parte em direção aos seus amigos e graças a enorme preocupação que lhe tomava, não sentiu qualquer dor ao correr, seguido por Flora que vinha logo atrás. Sem pensar duas vezes Leonídas toma Matthias dos braços de Shinru e o abraça com lágrimas em seus olhos.

- Aguenta firme, amigo. - Leonídas súplica. - Vamos encontrar um jeito de te ajudar.

Os anões comovendo-se com a bravura e dedicação de quem lhes acabara de salvar suas vidas, partem em direção ao grupo, oferecendo seus serviços.

- Estamos em débito como vocês. Admito que lhes fiz mal juízo, mas não podemos negar ajuda depois de tudo que vocês fizeram. - O anão chefe torna a falar. - Venham conosco!

Os anões levam Matthias para a ala médica da gruta e o prestam os primeiros socorros.

- Ele vai ficar bem? - Diz Flora em um tom preocupado.

Em meio ao calor da batalha, Flora esqueceu suas orelhas descobertas, isso passou despercebido pelo grupo. Ou quase.

- Flora! Você é uma... - Fala Kyriel assustado. - Não, eu não posso acreditar que seja verdade.

- O que Kyriel? Qual o motivo de tanto estardalhaço? - Pergunta Leonídas ao amigo.

- ELA É UMA ELFA, LEONÍDAS! - Grita Kyriel. - OLHE SUAS ORELHAS!

Shinru que já estava a parte da situação, tratou de intervir de imediato.

- Ela é uma elfa, qual o problema? Pretende fazer o que? - Diz Shinru intimidando Kyriel.

- ME DIGA VOCÊ, O QUE PRETENDE FAZER. - O garoto continua a gritar. - Como consegue olhá-la da mesma maneira que antes, mesmo sabendo o que ela é.

- Não acredito que você vai continuar com esse tipo de comportamento. - Fala Leonídas com raiva no olhar. - Mais cedo foi com os anões, e agora com a Flora. O que diabos deu em você?

- Estão agindo como se essa escória estivesse no mesmo nível que nós. - Fala Kyriel irritado. - Mas eles não estão.

- SE TEM ALGUÉM AQUI ABAIXO DO NÍVEL, ESSE ALGUÉM É VOCÊ. - Flora bufa de raiva. - ACHA QUE TEM O DIREITO DE ME TRATAR DESSA MANEIRA?

Shinru põe seu braço a frente de Flora, ao mesmo tempo que olhava para Kyriel.

- Acalme-se, Flora. - Ele diz. - Vá esfriar a cabeça, nós resolveremos isso.

A garota parte em direção a outra ala da gruta.

- Vou me certificar que ela fique bem. - Leonídas fala com frieza em direção a Kyriel. - Espero que quando voltarmos, essa situação já esteja resolvida.

O garoto então parte em busca da garota.

- Flora é a razão de estarmos tão bem agora. O combate poderia ter causado ferimentos muito mais graves em todo mundo, até mesmo ter levado a vida de um dos seus companheiros. Querendo ou não, você tem uma dívida com a garota agora. Se trata-la mal pelo simples fato dela ser ela mesma, te garanto que suas espadas não serão o suficiente para me parar. - Shinru diz.

- Não me peça para aceitá-la. - Fala Kyriel em negação.

- Não me importo se você aceita ou não. Se não concorda com isso apenas cale a boca e fique na sua.

Mesmo após sofrer grandes danos na batalha, Matthias ainda se encontrava consciente o suficiente para se atentar a conversa. O garoto, no momento nutria um sentimento de grande desaprovação por Kyriel, pensando em milhares de coisas para falar ao garoto assim que estivesse em condição.

Mais distante na gruta, Leonídas alcança Flora e tenta pensar em algo que possa dizer para tranquilizá-la naquela situação.

- Apenas o ignore. - Diz ele. - Nenhum de nós compartilha dessa opinião.

- Na verdade, essa situação toda ocorreu bem melhor do que eu havia imaginado. - Explica a garota. - Apesar de ter gostado de vocês, não imaginei ter uma recepção tão boa por parte do grupo. Mas ainda assim fiquei extremamente abalada com o que o Kyriel disse. - Agora com lágrimas nos olhos. - Ele me tratou como se eu fosse um monstro.

- Você não é um monstro, Flora. - O garoto fala secando as lágrimas do rosto da garota. - Muito pelo contrário e um dia ele verá isso por si só.

- Obrigado, Leo.

A garota retribui com um sorriso para o garoto e o envolve num abraço sincero por alguns instantes.

- Agora, mudando de assunto, está na hora de termos aquela conversa sobre os Elementares. Tudo agora ficará mais claro.

- Sobre o que você queria falar? - Leonídas pergunta.

- Ao contrário do que vocês acham. Os Elementares são seres protetores da natureza. - Flora explica. - Tomar esse poder para si, é algo que ofende não só aos elfos, como também a todos os seres místicos. A natureza é tudo que temos. Esse poder deve ser conquistado e não pego a força. Se continuar a usá-lo sem o concentimento do proprio Elementar, você vai acabar matando-o e por consequência, prejudicando todo o equilíbrio.

- Está dizendo, que mesmo após virar um talismã, o Elementar continua vivo? E tudo o que eu fiz até agora, só contribuiu para dificultar ainda mais a situação que vocês todos se encontram? - Indaga Leonídas.

- Sinto lhe informar que sim. - A garota fala em um tom triste.

- E o que posso fazer para reverter essa situação?

- Conheço alguém que sabe fazer um encantamento para trazer o Elementar de volta a sua forma original. - Explica a Flora. - Mas não garanto que depois disso ele vá começar a te conceder poder por livre e espontânea vontade. Dependerá de você conquistá-lo.

- Entendo. - Fala o garoto.

- Até lá, peço que não utilize mais o talismã.

- Sabendo disso agora, eu não tenho como me opor a isso. - Conclui Leonídas.

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