Capitulo Dezesseis - Who?

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Um pequeno trailer do momento em que o gêmeo de Thomas vê Elisabeth pela primeira vez.
A trilha sonora me ajudou a compor a história dos dois.

Não me lembro como fui parar no meu quarto, mas só sei que vomitei várias vezes. Obadiah ficou preocupada, mas não havia nada que ela pudesse fazer. Foxes ficou preocupado, mas entendeu que eu precisava de privacidade. Todos eles estão felizes por eu ter ficado, eu no caso, estava aterrorizada e destruída por saber que Thomas mentia para mim, e seu pai mentia para o país inteiro. Tudo na realidade, era uma farsa.
Escolhi trancar a porta do meu quarto naquela noite, não queria ver as meninas, e não saberia explicar caso tivesse uma crise de choro, e nem sei o que faria daqui pra frente. Estava tudo muito confuso para mim.
- Você é tão idiota - digo para mim mesma socando o travesseiro de raiva - como pôde considerar fazer parte disso? Como pôde pensar em gostar dele? BURRA !!
O fato de eu saber que Thomas tinha um irmão gêmeo mudava tudo para mim. Com quem as meninas falaram esse tempo todo? Será que elas nunca haviam notado a diferença nos olhos? Nos sorrisos? Nos comportamentos tão diferentes?
Claro que não. Porque um sempre passava o pano para o outro. Então era muito fácil enganar todo mundo, mas até quando? Até quando aquilo continuaria? Eu tinha que falar a verdade, de um jeito ou de outro, era o certo a se fazer, amanhã eu tomaria a decisão.
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O salão onde nós ficávamos estava insuportável. Shonda não parava de falar o quanto ela merecia o coração do falso do Thomas mais do que as outras. Crystal só sabia chorar, Bianca dizia coisas fúteis sobre seu cabelo a cada cinco minutos, e eu estava surtando.
- O que deu em você hoje? - perguntou Camila - está tudo bem?
- Não estou tendo um dia bom - disse sem jeito - só isso mesmo.
- Você mente tão mal - completou Lorena - alguma coisa está preocupando você.
- Só o rumo da competição... - essa podia até passar, pensei comigo mesma.
- As meninas precisam superar isso - disse Camila - de certa forma ele precisa fazer isso. Não tem que ter um porquê para tudo.
Se ela soubesse...
- E como estão as coisas com Thomas? - perguntou Lorena.
- Ele veio me ver ontem - disse Camila - ficou preocupado de eu não estar bem, achei fofo.
QUE DESCARADO. CINICO.
- E ele estava diferente? - sútil Elizabeth, muito sútil.
- Como assim?
- O temperamento, postura...
- Ele estava como eu disse, brincalhão e descontraído. Essa é a versão dele que eu conheço.
DE QUAL IRMÃO ELA ESTAVA FALANDO?
- Liz - a voz de Carmela me atravessava como um ferrão, ela podia ser sútil mas dava medo as vezes - Thomas pediu para lhe entregar isso.
Automaticamente todos os olhos se viraram para mim. As meninas mais uma vez me fuzilavam, mas eram os olhos atentos de Camila que me preocupava. Os sentimentos que ela estava nutrindo por ele era real. Agora eu tinha que saber por quais dos dois.
Assim que Carmela saiu abri o bilhete:
Cara Elizabeth, acho que não estou sendo tão justo com você. Alguma chance de jantarmos hoje? Seu aniversário é daqui a três dias, gostaria de conversar mais um pouco com você.
  Com amor - Thomas Salazar Petravicius.
Ele poderia ser tão descarado assim? Que ódio.
- Eu não vou - disse para as meninas - ele quer jantar comigo. Sem chance.
Camila revirou os olhos.
- Eu disse a ele que seu aniversário estava chegando. Ele queria saber o que podia fazer e daí eu dei a ideia do jantar...
- Você só pode estar brincando Camila.
- Ele gosta de você - ela disse calmamente - está tudo bem para mim.
Gostar? Gostar de quem? E qual deles gostava?
- Mas eu não - disse seca - pode ficar pra você.
- Opa - interrompeu Lorena - o clima aqui ta pesado. Vamos parar com isso? O que custa você ir ao jantar?
- Mas...
- Se não for pelo Thomas vá pela Camila. Qual amiga faz isso pela outra Liz?
Bufei com o comentário sensato e resolvi ir ao jantar. Thomas não perderia por esperar.

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- A cor que ele mais gosta é amarelo - disse Foxes arrumando meu vestido para o jantar com o mentiroso Salazar.
- Foxes? Posso te fazer uma pergunta?
Ele me olhava atentamente pelo espelho mas balançou a cabeça.
- Você por acaso notou que os olhos de Thomas são bicolores?
- Sério? Nunca havia percebido. Pra mim é igual sempre. Como notou isso docinho?
- Na eliminação de ontem, eles são castanhos violetas e de repente estão azuis....
- Deve ser efeito de algo que ele está usando, sabe como é, gente rica...
Resolvi me calar para não estender mais a discussão que não sairia do lugar. Deixei que Foxes me chamasse de todos os nomes de imperatriz que ele sabia, e me senti poderosa. Ele sempre fazia um trabalho incrível. Eu amava aquele homem.
Meu vestido era curto e valorizava as minhas curvas de um jeito único. Justo porém nada muito vulgar. O decote era cavado e valorizava meu busto. Os saltos eram amarelos para combinar com o vestido e a maquiagem não era tão pesada para não sobrecarregar com a cor que eu já estava usando. Se Thomas amava amarelo, ele iria odiar essa cor para sempre.
Me despedi de Foxes e quando abri o soldado Heath esperava por mim. Ele sorriu ao me ver  e estendeu seu braço para que eu o acompanhasse.
- Boa Noite Senhorita Smith - disse ele enquanto andávamos.
- Boa noite soldado Heath. Como você está?
- Bem e a senhorita? Animada para esse encontro?
Revirei os olhos e ele riu.
- Ora, dê uma chance para o garoto.
- Eu vou dar uma paulada na cara dele. Isso sim.
- Com raiva?
- Com ódio. Acho que no fim, nada disso aqui é real.
Heath me olhou com intensidade mas não disse nada. Ficamos calados até ele me deixar numa varanda enorme que com certeza eu nunca saberia aonde era.
- Voce está entregue - disse gentilmente - espero que tenha uma noite agradável.
- Eu também- disse sorrindo - e obrigada.
Ao me virar para entrar na varanda, lá estava ele. Thomas ou seu gêmeo, estava virado de costas olhando a vista da varanda. Havia uma mesa de jantar impecável, com tudo que eu amava e coisas que eu sempre sonhei em comer, mas nunca imaginei.
Queria ir embora, mas antes que eu pudesse mudar de ideia, ele olhou para mim. Seus olhos azuis perfuraram os meus, e eu sabia que estava falando com o outro, não com Thomas. O que de fato estava acontecendo? Jogo de ping pong? Inferno.
- Você não vai entrar para conversarmos? - pensando bem, sua voz era mais grave que a do irmão.
Não respondi e entrei na varanda. O irmão me olhou de cima a baixo e sorriu.
- Amarelo? Minha cor favorita.
- É mesmo?
- Não te contaram?
- Sim. Mas gostaria de saber de quais de vocês o amarelo é a cor favorita.
Ele pareceu não se surpreender, pelo contrário. Aquele sorriso de lado me pegou de jeito. Eu o tinha visto mais vezes que Thomas.
- Voce está perguntando de mim e do meu pai?
Então o jogo era esse?
- Antes fosse. - olho dentro dos seus olhos que era uma pura imensidão azul - a sua ou do seu irmão.
Meu coração não batia no peito, mas o gêmeo apenas sorriu mais. Fez sinal para que me sentasse, e não havia raiva em seu olhar, apenas fascínio? Talvez...
- Como você descobriu? Estou curioso para saber como a jovem Elizabeth descobriu, o que o mundo não sabe.
Revirei os olhos. Como ele podia estar tão calmo?
- Não seja idiota. A cor dos seus olhos. Você sempre veio me ver e eu sempre desconfiei da cor dos seus olhos. Depois, o comportamento. Vocês parecem tão iguais mas são diferentes.
Ele se levantou e bateu palmas, o sorriso de lado delineava perfeitamente com seu rosto esculpido. Como era possível ele ser mais bonito que o irmão?
- Muito inteligente - ele veio se achegando mais perto e sussurrou no meu ouvido - mas me deixe te dizer uma coisa, quem deu as cartas para você, fui eu.
Sinto um arrepio por todo o meu corpo quando ele volta para o seu lugar e se senta de frente para mim.
- Como?
- Você acha mesmo que eu sou tão descuidado de sair vendo as outras garotas com a cor dos meus olhos de verdade? Eu jogo esse jogo há muito mais tempo que vocês. Eu vivo um papel que não é meu.
- Então é verdade? Thomas...Ele...
- É claro que ele sabe. Meu pai pediu a minha ajuda. Thomas não teria tempo para se dedicar totalmente a vocês, com tantos afazeres de governo.
- Então porque ele mentiu esse tempo todo?
- Essa é uma pergunta que me fiz durante dezessete anos. Não achei resposta.
Os pensamentos fervilhavam na minha cabeça. Porque Victor escondia isso do país? Quão desumano era viver na sombra de alguém?
- Perguntas?- ele disse sorrindo - a hora é agora.
- Porque você nunca contou a verdade?
- Porque sempre vivi rodeado de guardas especiais que meu pai deixava perto de mim. Os daqui não são nada comparado aos dele. Nunca tive liberdade a não ser quando me passava pelo meu irmãozinho.
- Irmãozinho?
- Eu sou o irmão mais velho Elizabeth. Essa competição deveria ser minha. Eu deveria estar governando, vocês deveriam estar apaixonadas por mim. Lutando por mim, e olha quem eu sou? A sombra do meu irmão.
Isso era muito pior do que qualquer coisa. Thomas não era o mais velho, logo o irmão tinha mais direito que ele. Na realidade, todos os direitos. Porque Victor tinha escolhido Thomas e não o irmão?
- É tudo mentira - digo baixinho.
- Bem vinda ao mundo adulto e político gracinha - ele disse pegando uma taça de vinho e virando com tudo - mas o seu propósito aqui é diferente.
- O que? Não...
- Sei que o meu irmão tem um trato com você. Quando ele toma as decisões eu preciso saber. Se não o jogo não fica interessante....E eu posso acabar ferrando tudo. Sabia que quase brigamos por sua causa?
- Eu? Porque? Você... Não....Aquele dia...
- O dia que você sabia da prova da minha mãe. Não era Thomas, era eu. Ele não queria que eu fosse ver você, a menina diferente. A menina das cotas que faria o país se acalmar na crise.... tantas qualidades....
- Ele falou isso de mim?
- Muitas expectativas sobre você. Fiquei curioso. Queria saber quem era a nova "amiga " do meu irmãozinho. E TCHARAM: você está aqui.
A risada dele não me causava medo, mas era muito divertido vê-lo rir. Havia algo nele que era diferente do irmão. O que estava acontecendo comigo?
- Mas me diga Liz - ele disse chegando perto de mim - agora que sabe da verdade, o que vai fazer?
- Eu...Eu não sei.
- Como eu disse, tenho uma proposta. Que tal você firmar um acordo comigo?
- Mas o acordo de Thomas?
- Você vai manter um acordo com quem mente pra você e suas amigas?
- Você também mentiu.
- Ninguém sabe que eu existo - algo passou em seu olhar. Dor? Raiva? Ódio? - não vale me acusar. Quando eu a conheci eu soube que você era diferente.
- Porque eu?
- Sem dramas gatinha - ele passou a mão no meu rosto e não consegui evitar, ele era muito atrativo - só me escuta.
Ele se levantou e virou a minha cadeira de frente pra ele. Seu rosto estava a centímetros do meu.
- Se fechar um acordo comigo, eu juro que conto a verdade para todo o país. Mas para isso, eu preciso saber o que os Rebeldes querem. Toda vez que acontece um ataque aqui, os guardas especiais do meu pai me tiram primeiro. Isso acontece há muitos anos.
- Voce não participa dos assuntos políticos?
- Não sabem que existo lembra? Seria um escândalo e meu pai poderia ser até morto. Vai contra as leis que ele criou. Um chefe de estado nunca deve mentir.
- E você não tem medo disso? Seu pai...
- Passei a minha vida vivendo a sombra do meu irmão, sozinho, isolado, nunca pude sair da droga desse castelo, o que vai ser de mim quando meu irmão ganhar o governo? E essa competição? O que eles vão fazer comigo? Fingir que eu não existo? Vou ter que assumir o governo quando meu irmão resolver sair com a esposa e filhos dele? E a minha vida? Eu quero o que é meu por direito Liz. Eu não escolhi nada disso.
- Eu também não.
- Por isso eu soube que você era diferente. Sempre se manteve fiel aos seus pensamentos até agora. Por favor, me ajude, e deixe que eu ajude você.
Seus olhos me esquadrinhavam, eu estava muito confusa. Precisava pensar.
- Preciso de tempo - disse me levantando - é como se eu tivesse uma bomba nas mãos e não quisesse que ele explodisse, mas é preciso.
- A decisão é toda sua - ele me olha com tristeza mas frieza - mas eu vou arruinar essa competição com você ou sem você.
- Você é um idiota - grito - como pôde querer fazer isso assim?
- Como pode ele ter a vida que eu merecia ter também? Parece justo pra você? Não me importa se sua amiguinha está gostando do meu irmão. Eu so gosto de mim.
- VOCÊ É PATÉTICO - grito com ele.
- Amo uma mulher brava. Me da vontade de fazer várias coisas.
- NÃO SE ATRE...
Foi rápido como um flash e quando me deparei, eu estava imersa em grandes olhos azuis. O beijo desesperado para que alguém o salvasse de sua escuridão me atingiu em cheio. Eu não conhecia muito de Thomas, mas sabia que ele era calmo, talvez um bálsamo. Seu irmão por outro lado, era ventania. Ele podia ser a maior escolha da vida de alguém ou a pior escolha. Era uma linha tênue, mas será que eu estava disposta a atravessa-la?
- Isso é pra você saber que as minhas intenções são boas.
- Como ousa? Você....
- Você gostou que eu sei. Olha pra você. Não sabe de quem gosta, mas sabe que eu sou melhor que o meu irmão.
Joguei vinho na cara dele, e peguei a minha bolsa. Já era demais para mim. Ele me puxou pelo braço.
- Espero que seja sensata Liz - disse ele - você não perguntou meu nome...
- Nem preciso. Agora me solta. Não quero ter nada a ver com você.
- Então me deixe falar mesmo assim. Sou Astra. Astra Salazar.
O choque do nome não poderia me deixar mais arrepiada. Corri para fora dali com lágrimas nos olhos.

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