O passeio de balão não poderia ter sido melhor. Parecia a realização de um sonho que pelo menos para mim, nunca teria sido possível.
Pousamos em um grande jardim que parecia o estacionamento do aeroporto em que estivera, de tão grande que era. Havia várias árvores e uma fonte linda, se não fosse pela escultura de Victor com os braços estendidos para os lado, da onde jorravam água. Era extremamente patético e brega.
Sondei o jardim imenso e logo percebi que as portas do castelo estavam abertas com um belo e caro tapete vermelho estendido. Parecia cena de filme, mas não era. Tinha que me acostumar com isso.
- Isso foi tão brega - Lorena disse chegando perto de mim - sinceramente, o homem é dono do país e faz a gente vir de balão?
Sorri com a cara dela.
- Cuidado para não ficar igual a Bianca - disse sussurrando - ela com certeza amou.
Lorena me deu um tapinha de brincadeira no braço e sorriu:
- Minha mãe sempre me disse que eu não sou todo mundo.
Queria conversar mais com a minha amiga quando Carmela mais uma vez, emergiu sabe-se Deus de onde, e veio dessa vez com outro vestido. Esse era lilás, só que mais justo. Acentuava suas curvas e tinha um belo de um decote. Por Deus, essa mulher amava um decote.
- Senhoritas - disse ela sorrindo para nos - a competição oficialmente começou. A partir do momento que entrarem por aquela porta, suas vidas não serão mais de vocês. É importantíssimo que sigam todas as regras. Vamos, Thomas está esperando por nós.
Eu queria confronta-lá e dizer que a minha vida, era minha vida sim. Mas percebi que nem Lorena e nem Camila que tinha chegado um pouco depois, disseram alguma coisa. Então logo tratei de me acalmar também.
Demos a volta na fonte brega e logo Carmela nos orientou a entramos em fila indiana. Cada menina por ordem de chegada. Agradeci ao céus, porque aquilo de ordem alfabética acabava comigo.
Nos agrupamos uma atrás das outras e vi que muitas meninas alisavam seus vestidos, camisas, saias e até mesmo os cabelos. Eu por minha vez, estava de bata e um saião florido. Meus cabelos estavam presos em formato de trança e assim era muito mais prático. Talvez Thomas não gostasse de mulher de trança. Me ative a esses pensamentos.
Me concentrei em seguir a fila no tapete vermelho de cinema e via aos poucos o interior do castelo cada vez mais próximo de mim. Via quadros de Victor com alguns representantes do governo, alguns de paisagem e algumas esculturas estranhas, como um cavalo e um tigre que parecia vivo demais para estar ali.
A menina a minha frente entrou no grande Hall de Entrada e ficou lá por oito ou dez minutos e logo fui instruída a entrar.
O Hall de Entrada era gigante. Havia várias esculturas de diferentes animais espalhadas pelo saguão e o piso era tão branco, que fiquei morrendo de medo de arranha-lo com meus saltos. No fundo havia uma grande escadaria de madeira e perto dali uma porta gigante, aonde Thomás Salazar esperava as garotas.
Ele estava literalmente vestido para matar. Seu paletó preto estava impecável, os cabelos pareciam meio desorganizados, mas exalavam um charme magnético que era raro de se ver. Os olhos claros, estavam mais profundos que quando os vi pela TV, e ele parecia muito mais atlético visto pessoalmente. Enquanto fui me aproximando ele sorriu para mim.
- Creio que a senhorita seja Elisabeth Smith - disse com uma voz aveludada - acho que formalidades em relação a mim não são necessárias.
Não demonstrei um pingo de emoção. Continuei com a cara fechada.
- Realmente é bem desnecessário isso aqui - disse apontado para mim e depois para ele - já posso ir?
O sorriso que antes despontava em seu rosto...Sumiu.
- A senhorita é bem mal educada não é mesmo? - disse ele com uma voz ácida demais.
Ótimo, eu acabara de mostrar a dupla personalidade de Thomás Salazar. Que grande evolução!!
- Você devia ter pensado nisso antes de me trazer pra cá - disse áspera também.
Thomas sutilmente em frente as câmeras que agora tiravam fotos de nós, me puxou para um abraço.
- Acho que vou gostar de você - e me soltou rapidamente para que eu ficasse atônita sem entender nada.
Fuzilei-o com os olhos mas ele apenas virou-se e fez sinal para que eu abrisse as portas e entrasse. Entrei batendo os pés de ódio, mas me maravilhei pela maravilha do lugar.
O saguão de entrada era a coisa magnífica do mundo. Espaçoso e com uma escadaria de cinema, ele tinha vários lustres espalhadas pelo lugar. Todos pareciam de diamantes. O chão era mais branco que o da entrada e havia várias mesas enormes para o que imaginei, serem para nossas refeições. A frente de todas as mesas havia uma mesa linda, com três cadeiras. Creio que para a família Salazar e Carmela.
Céus!! Aquele lugar era enorme, seria difícil não me perder ali.
Tratei de seguir o caminho reto e logo me deparei com um guarda que disse que eu deveria ir para os meus aposentos, subindo a escada de cinema e virando à esquerda, o quarto requisitado teria o meu nome. E foi isso que fiz. Estava exausta.
Como falado pelo guarda, meu quarto era um dos últimos do corredor extenso, e ficava de frente para uma estátua de pantera. Não entendi muito bem o gosto por estátuas de animas mas logo tratei de entrar no meu quarto.
Tres empregados esperavam por mim. O que estavam fazendo ali, eu não fazia a mínima ideia.
- Aí que bela - um dos empregados disse - ele tinha o cabelo colorido e as unhas eram pintadíssimas. Definitivamente ele não era uma mulher.
- Foxes - disse a outra mais gordinha parada ao lado dele - vai assustar a senhorita...
Eu não sabia o que era aquele circo, mas Foxes me fez rir.
- Eu não sei o que está acontecendo aqui - disse sorrindo para os três - mas se me permitem, o que estão fazendo aqui?
- Ela é meio bobinha né? - disse Foxes cutucando a mesma que havia dado bronca nele - somos seus serviçais senhorita.
AN?
- Serviçais?
- Concordo Foxes - disse a outra mais magricela - bobinha demais. Escute senhorita Smith, cada menina nesta competição tem três serviçais ao seu dispor. Todos para cuidar da sua beleza, estilo, carisma e talento. Nos somos os seus.
Eu com certeza estava com cara de idiota pois Foxes se pronunciou mais uma vez.
Céus, eu já gostei desse homem de cara.
- Eu me chamo Foxes, essas são Obadiah e Nora. - ele disse apontando para a magricela como Nora e a maiorzinha para Obadiah. Todos sorriram para mim.
- Então quer dizer que vocês me produzirão para a competição?
- OLHA OBADIAH - Foxes exclamou saltitando - ela pensa bonitinho.
Eu comecei a gargalhar e surpresos com a minha postura Obadiah e Nora também riram.
- A senhorita é bem estranha - disse Nora - nunca ninguém nos tratou assim.
- Assim? Assim como? - disse me sentando na cama de frente pra eles - rir com vocês?
Foxes e Nora se entreolharam mas foi Obadiah que respondeu:
- Ser tão normal - disse ela suavemente - o resto das pessoas por aqui sempre se esquecem de onde vem ou quem são.
- Na verdade eu não gostaria de estar aqui - disse suavemente - esse não foi o tipo de vida que escolhi para mim.
Foxes pareceu surpreso com a honestidade da resposta mas sentou-se ao meu lado.
- Acho que no fundo ninguém escolhe os caminhos da vida não é querida?
Assenti meio sem jeito, mas por mais que fosse doideira, eu já amava aqueles três.
- Porém sem ficar tristinha - disse ele - anime-se porque você precisa estar deslumbrante para o jantar de hoje.
- Jantar? - me joguei na cama fazendo drama - eu estou só o pó.
Obadiah riu com a resposta. Porém Norah me puxou pelos braços.
- A senhorita vai sair deslumbrante por essa porta,prometemos isso.
- No que pensaram? - disse me levantando por fim para ajudar Nora.
- Algo de galã, porém moderno. - disse Obadiah com Foxes batendo palminhas.
- Moderno? Acho que gostei do seu tom de voz - sorri para ela.
- A senhorita pode pensar que aqui não é o seu lugar, mas ascendeu uma esperança para muitas pessoas. Querendo ou não, a senhora vai estar deslumbrante essa noite.
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A Noiva
RomanceEm Um Mundo Futurístico as mulheres são quase extintas. Um novo governo chamado Nova Ordem assumiu o controle, e para salvar a população desse colapso, eles decretam que jovens de 16 anos são obrigadas a casar. Elisabeth Smith completará 16 anos da...