céu e inferno

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Catra acordara por conta própria no dia seguinte. Por mais que não tivesse ingerido quase nada de álcool, sentia uma ressaca gigantesca. Uma ressaca moral. Porque no momento seguinte ao acordar, todas as memórias da noite anterior a atacaram, todas de uma vez só. Catra teve vontade de voltar a dormir, porque talvez assim conseguisse apagar a noite de ontem. Mas também tinha medo dos seus sonhos. Ela sonhou ontem, sonhos esquisitos. Bons. Ruins. Num deles, ela continuava a não escutar os apelos de Adora e desdenhava do choro da garota, deixando a raiva a consumir. Dizia tantas outras coisas piores, que ela não se recordava, mas lhe causavam um embrulho no estômago. Via a garota sucumbir, sentar no chão e se desfazer em lágrimas, enquanto Catra saía satisfeita. Se sentiu horrível. Mas em outros a história era diferente. Nestes, Catra a deixava falar. A abraçava, tal como ela a abraçou, mas não para confortá-la, mas sim um abraço amigo. Elas se entendiam ali e deixavam o passado para trás.

E num desses bons sonhos, ela se lembra que fugia daquela esquina e levava Adora para sua casa. Para o seu quarto. A jogava na cama e a enchia de beijos e mordidas no pescoço, enquanto a garota se contorcia debaixo dela. Lembra que aos poucos, num ritmo que era agoniante de tão devagar, subia a camisa da garota - a jaqueta já teria ido embora há um bom tempo -, enquanto Adora quebrava o silêncio com alguns gemidos. E dessa vez a beijava sem nenhum remorso, beijava-a meio desconcertada, tomando um dos lábios da loira entre seus dentes, e mordendo-o, provocando mais alguns gemidos dela. Fazia isso enquanto acariciava a cintura de Adora, fazendo desenhos com seus dedos na pele da garota, sem muito sentido.

Catra acordou da pior e da melhor maneira possível.

Ansiosa e com tesão.

O cheiro de torradas e de café quente também acordou seu estômago. Sua mãe já estava acordada, e a garota sabia que se voltasse a dormir, logo estaria sendo acordada por ela.

Resolveu que faria uma coisa por vez. Primeiro ela lidaria com sua mãe, em qualquer conversa que as duas teriam com relação a sua saída ontem. Segundo, ela lidaria em limpar a quadra. Terceiro, ela lidaria com Scorpia e Entrapta, que deviam pedir explicações no grupo sobre seu sumiço. Só depois que ela lidaria com o que realmente ocorreu ontem. Se levantou, tomou uma ducha, deixando a água atravessar todo o seu corpo, pensando que aquele ato também estaria limpando qualquer vestígio de ontem. Se viu no espelho, seus olhos inchados. Seria difícil explicar isso para sua mãe.

19 semanas atrásOnde histórias criam vida. Descubra agora