a normalidade de um dia de caos

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Hoje o dia começou bem. Bem para quem ficou acordada até duas da manhã se dividindo entre uma crise interna e insônia. Mais nada que uma xícara generosa de café e outras fatias mais que generosas de torradas não resolvessem essa situação. Pelo menos é o que Catra esperava.

O café por mais que a ajudasse em deixá-la acordada infelizmente também atacava sua ansiedade. E dado os acontecimentos do dia de ontem, ela estava a ponto de considerar tomar um dos ansiolíticos que sua mãe usava. Apesar de nunca ter sido muito adepta a rotinas ou rituais matutinos (Afinal quem era ela? Uma it girl?), hoje em específico, antes de sair de casa, parecia estar se preparando para uma luta em um octógono. Bem, havia sim uma luta acontecendo, mas era naquela mente sem rumo dela, onde seus dois únicos neurônios funcionais (como ela mesmo dizia) estavam em um "bota casaco, tira casaco", ainda remoendo o ocorrido do dia anterior. Respirou fundo mais do que uma vez, balançou a cabeça forte, chegou a dar uns tapinhas nas bochechas. Tentou se convencer de que isso era apenas para acordá-la, mas ela sabia que não.

Desde ontem não fez questão de olhar o celular. Inclusive desligou. Não se preocupava em se atrasar ou perder aula pela falta do despertador, pois sabia que sua mãe estaria de prontidão no pé da cama às seis da manhã, tirando o lençol do seu corpo, abrindo as cortinas e dizendo que o café já estava na mesa. Demorou mais do que o usual no banheiro, de repente tendo um grande interesse em pentear seus cabelos cacheados ou de fazer questão de que sua pele estivesse limpa.

Durante o caminho para Bright Moon fez diálogos internos, ensaiou desculpas, convencimentos, falas, preparou olhares de desinteresse e aversão. Não era muito longe, uns dez minutos de bicicleta. Estava armada com um arsenal verbal para qualquer um que viesse a intimidar. Inclusive ela. Quando estacionou a bicicleta próximo à entrada da escola, respirou mais uma vez. Olhou para o celular para ver as horas. Tela preta. Estava desligado, sua burra. E ela definitivamente não estava pronta para ligá-lo ainda. Sem pânico. Deve ser umas sete e dez, já tem alunos entrando, mas não tantos. Entrou, cumprimentou o porteiro, passou pelas catracas e seguiu para a sala.

Nada.

Andou pelos corredores, passou pela piscina onde já havia uma turma se preparando para a aula de natação - uma das várias opções de pagar a disciplina de educação física - e de alguma forma desejando que as pessoas a olhassem, mas não a reconhecessem.

19 semanas atrásOnde histórias criam vida. Descubra agora