Onze

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A ansiedade dolorida da Esperança em vão.

As mãos de Gilbert deslizavam sob minhas costas encharcadas enquanto eu enlaçava minhas mãos em seu pescoço quente. Sentia meu coração pulsar a cada toque mais intenso, era como se aquele beijo começasse a me encher e quando ele tirava os lábios dos meus, eu ficasse vazia de novo. Não sabia se sentir aquilo era normal, afinal, eu nunca havia beijado ninguém antes. Quando finalmente nos soltamos, ele me olhou com aquele olhar quente e cheio de ímpeto, e seu sorriso se abria toda vez que os nossos olhos se cruzavam. Ele puxou minha mão para perto e beijou o dorso, senti meu corpo em combustão, eu não sabia que Gilbert Blythe surtiria esse efeito em mim, eu nem sequer cogitei, que um dia nos beijariamos com tanto afeto. Agora eu o encarava, não porque não havia gostado, não porque estava arrependida, sim porque estava confusa demais com tudo que estava sentindo.

— Há algo errado? — ele me encara.

— Não, não há nada de errado Gilbert — solto de imediato.

— Não gostou do beijo? — suas sobrancelhas se juntam.

— Eu amei o beijo — digo — e se pudesse faria novamente — confesso.

— O que a impede?

Meus pensamentos me direcionam para Ruby, e sua paixão incontrolável por Gilbert. Por um segundo, me arrependo do que tinha feito, e quando ele se inclina para começar mais um beijo, eu dou um passo para trás impedindo-o.

— Eu não deveria — digo — você sabe bem o porque.

Ele cruza os braços e encosta no tronco da árvore. A chuva começa a cessar, mesmo assim, não estávamos nenhum pouco dispostos a sair de lá, o assunto estava bom, os olhares estavam bons e o beijo, M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O.

— Eu não gosto da Ruby — ele diz, sem nenhum aviso prévio — digo, não como algo a mais.

— Como sabe que falo dela?

— É uma de suas únicas amigas, você está sempre com ela e ela me beijou no dia do enterro de meu pai — ele diz com tanta insignificância, que me sinto mal.

Um nó se forma em minha garganta, impedindo-me de respirar.

— Anne você está bem? — ele coloca a mão em minhas costas.

— Quando estou nervosa tenho falta de ar — digo — mas não é nada grave.

Ele se aproxima e joga uma mecha do meu cabelo para trás.

— Você foi a única pessoa que me interessou até agora.

— Por favor, você tem um estádio de garotas atrás de você — falo sem pensar — eu sou a mais feia.

Ele gargalha e movimenta a cabeça em um não.

— Não seja tola. Você é linda, muito linda. — sua voz é doce e cheia de verdade — e inteligente. — ele pisca.

Um choque elétrico percorre minha espinha, tremo em resultado e ele torna a me abraçar. Sentir remorso ou não? Eu simplesmente não tenho ideia do que sentir, é como se, tudo em minha volta desaparecesse e só me restasse Gilbert — e que resto bom — me iludo mentalmente.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora