Dezoito

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Um segredo que eu pedi.

— Então, ficaremos aqui por quanto tempo? — digo inquieta — eu já estou cansada de esperar.

— Não sabemos nem que horas são — Ben bate na porta — vamos abra.

Apesar de pouco conhecê-lo, posso dizer que, Benjamin não era como Billy e os amigos dele, ele pensava como eu, adorava histórias como eu e frequentava a escola de artes junto com Cole, filho adotivo de Josephine que é tia da Diana. Exatamente por isso, eu nunca o vi nos corredores do colégio, Ben era o típico garoto que em Springdale Colege, faria sucesso absoluto. Acabei contando para ele o ocorrido com Gilbert Blythe, eu já não me importava mais se alguém estava escutando, principalmente porque eu precisava falar algo que fizesse o tempo passar, e falar do garoto que conheci a mais de um mês atrás e o beijei e automaticamente me apaixonei, curiosamente, conseguia preencher o tempo que muitas vezes era vazio e infinito.

Poucos minutos depois de implorarmos para sair, a porta se abre.

— Saiam — diziam eles — cansamos de esperar, vocês falam tanto que até desligamos o microfone.

Encaro Ben que sorri.

— Vencemos eles pelo cansaço — ele me olha — isso sim é uma conquista.

Talvez, só talvez, fossemos mais parecidos do que imaginei que seríamos.

— A brincadeira acabou — diz Josie — se quiserem podem ir embora e Anne, me desculpe por ter sido tão exigente.

Josie está cabisbaixa, aparentemente cansada e muito, muito estranha.

— Tudo bem Josie — pouso a mão em seus ombros — sei bem como é ter as expectativas frustradas — digo indiretamente a alfinetando acerca do não beijo entre mim e Ben — eu fiquei assim vindo para cá.

Diana e Jerry me puxam e vamos embora, sem nos despedir de ninguém, muito menos do garoto que foi o meu companheiro a maior parte da noite.

— Assistimos vocês a festa inteira — diz Diana — e vocês não paravam de falar — ela completa.

— Vocês falaram tanto Anne, que mal consigo escutar meus pensamentos.

— Eu não sei se o propósito de Josie era te humilhar, ou sei lá, expor você. — Diana fala — mas você disse tantas coisas lindas e convincentes, que tenho certeza que ela nunca mais irá colocá-la no armário novamente.

— Eu achei ela tão estranha — digo — o que mais aconteceu quando eu estive fora?

Os dois trocam olhares e eu fico encarando-os para ter certeza de que não esconderam nada de mim.

— Você disse... " Mesmo que o mundo inteiro detestasse você e a achasse má, se sua consciência a absolvesse de qualquer culpa,você não estaria sozinha... " — Diana falou poeticamente — foi lindo, mas, atingiu a consciência dela.

— Ela desligou o áudio e saiu da sala, a festa continuou e algum tempo depois ela abriu a porta e a deixou sair, ela estava tão desnorteada que Billy foi embora após os dois discutirem do lado de fora da casa.

— Eu nunca tive a intenção de atingi-la.

— Mas, se pararmos pra pensar, ela é sozinha, completamente sozinha. Não só devido aos seus atos irremediaveis, mas, seus pais vivem viajando, ela mora em uma casa enorme, e não tem um irmão para fazer companhia.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora