Vinte e nove

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A favor dos reencontros.


A Anne que eu costumava ser em Avonlea estava crescendo e aprendendo arduosamente o quanto o amor pode ser uma desgraça. Não que o que havia acontecido entre mim e Gilbert seria a decadência do romance que perdurava minha ingênua mente, talvez, poderia ser o momento errado o qual eu estava fadada a viver o meu romance trágico, e com isso, consequentemente aprender que a vida amorosa não é um conto de fadas o qual pensei que seria. Subo as escadas e troco minha roupa em silêncio para que Marilla não viesse me perguntar sobre como fora a noite. Apesar de ter sido em sua maior parte calorosa, teve seu pico de frieza que durará para sempre em meu coração.

Só de sutiã, caminho até a minha coleção de miniaturas e seguro o Mickey.

— Você teve seu par ideal Mickey — suspiro — porque Gilbert Blythe não pode ser o meu?

Visto uma roupa mais confortável, devido a tempestade de neve repentina, a aula foi cancelada porque a entrada do colégio estava barrada por uma árvore caída. Pego o celular e encaro a tela que me avisa uma notificação. Respiro fundo, será que a notificação se tratava de mais uma das desculpas esfarrapadas de Gilbert Blythe ou... Poderia ser outra pessoa?

Abro o chat e lá está uma mensagem de Ben.

"Olá Anne, saber que hoje não teremos aula é doloroso, pois ainda tinha esperanças em vê-la"

"Sinto muito Ben, mas por enquanto, você pode se contentar com uma selfie"

Foco o celular no meu rosto pálido e cansado, e tiro uma selfie fazendo careta.

Em segundos ele responde...

"Foi a coisa mais linda que vi em toda minha vida"

Me pego sorrindo, e logo repreendo a mim mesma. — você acabou de sair de um Anne, não caia na ladainha de outro.

"Devo ser agradecida, mas duvido que esteja falando a verdade"

Ele não visualiza mais.

. . .

— E como foi na casa do garoto? — Marilla me encara enquanto cutuco uma fatia de presunto.

— Foi...

— Foi ótimo tia Marilla — interrompe Jerry — só um pouco frio.

— A luz acabou e bom... Lá só tem ar condicionado. Ficou tão frio que me senti lá fora — falo relembrando que realmente estive lá fora.

— Meu Deus! E não tinha cobertores suficientes?

— Tinha, a casa é grande e acolhedora.

— Daria para hospedar Avonlea inteira — ironizo.

Marilla sorri.

— Vamos, alimente-se e após isso vá os dois para a cama, já está tarde e amanhã vocês tem aula.

— Marilla, quase me esqueci. Amanhã é quinta e eu vou precisar ficar um tempo a mais no colégio porque vou participar da reunião do teatro.

— Quem diria não é mesmo? Você adorava encenar.

— Eu não encenava — sorrio — eu estava brincando.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora