Três

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Obstinada como a juventude

Enquanto Ruby enaltecia todas as qualidades de Gilbert Blythe, as qualidades quais eu não acho que existam, caminhávamos para sala de aula. Eu estava com um frio na barriga pois sabia que entrar na sala depois do tombo que tomei por causa dos fãs de Blythe seria difícil. Assim que nós três cruzamos o batente de madeira onde se localizava a porta, as pessoas pararam de falar e me olhavam sem nenhuma descrição. Diana se inclinou e falou em meu ouvido:

- É aqui que a pior parte começa.

Movimentei a cabeça em um gesto de concordância. E tentei respirar fundo mas não consegui, novamente Gilbert Blythe estava lá, ótimo. Antes que eu pudesse caminhar, um garoto loiro com olhos escuros veio até nós com um sorriso cínico e arrogante.

- Ora, ora - sua voz era sarcástica - se não é a garota nova.

Ele passou a mão na ponta de meu cabelo e eu não consegui fazer nada. Ruby de imediato tirou a mão do garoto do meu cabelo e falou com prepotência:

- Não mexa com ela Billy.

Engoli em seco o nó que se formou em minha garganta, então aquele era o garoto monstruoso em que Diana havia falado, agora só faltava a garota, onde estava ela? Percorri os olhos na sala, sem saber exatamente quem era a Josie Pye.

- Bom dia classe - a professora entrou.

Diana e Ruby correram e se sentaram, a mesa era uma bancada, que cabia exatamente duas pessoas. Eu não sabia onde ia, então fiquei parada enquanto a professora abria a maleta e tirava seus materiais de dentro.

- Você deve ser a garota nova que veio de Avonlea - ela me encara e eu assinto - apresente-se para a turma.

Encaro os alunos da classe que me observam sem nenhuma descrição. E vejo uma garota loira com cabelos cacheados sentada ao lado do tal Billy, certamente era a Josie Pye, que cochichava algo enquanto eu perdia completamente meu foco. Pouso os olhos em Gilbert, que está sentado sozinho, ele sorri com certeza feliz por não ter que descobrir meu nome por conta própria.

- Me chamo Anne com E no final por favor.

- Certo Anne com E no final, vejamos um lugar vazio - ela diz.

Seus olhos pairam no ambiente até que ela aponta para a mesa de Gilbert Blythe, e eu torço mentalmente para não ser obrigada a sentar lá.

- Blythe, estou feliz que está de volta.

Ele mexe a cabeça em um "eu também".

- Como Blythe voltou agora e você não tem dupla e nem ele, pode se sentar ali.

Sinto minha face contrair de insatisfação. Que porcaria!

- Bom Anne, acho que não preciso ir até o armário para saber seu nome - seu riso é irônico.

- Por favor - falo - evite falar comigo o máximo possível.

- Ué por que? - seu cenho se franze - eu nunca te fiz nada.

Ignoro-o e encaro a professora.

- Hoje falaremos sobre o corpo humano. - diz ela.

Pego uma apostila debaixo do balcão e percebo que Gilbert não tem nenhuma.

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora