Quarenta e seis

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I don't Want to love him

— Sinto muito por tudo isso — falou Gilbert ainda com o gelo no rosto devido a briga — eu espero que você esteja bem.

Assinto enquanto mexo no armário.

— Pensei que estava evitando vir até o armário quando eu estivesse aqui — falo, a fim de deixar claro que apesar de não dizer nada, eu sabia que ele fazia isso — eu estou bem.

A mentira era tão descarada, que nem sequer consegui conter a imensa vontade de chorar, e agradecê-lo por ainda se preocupar comigo depois de tudo que havia acontecido entre nós.

— Eu sei que você não está bem — sua voz soou quase inaudível — ele a decepcionou, e eu sei o quanto é duro, amar alguém que lhe decepcione.

— Nunca amei ele, Gilbert — confesso encarando-o ainda com os olhos marejados, no momento em que digo isso, o garoto me encara com seu olhar de compaixão ao mesmo tempo, realizado — talvez eu tenha sido precipitada demais em não querer ouvi-lo. — era duro admitir, mas eu sabia que eu estava sendo dura demais com ele.

Ele assente, e movimenta as mãos que estavam congelando.

— Deixe eu te ajudar — seguro o saquinho de gelo e pressiono delicadamente contra seu rosto.

O encaro de perto, e vejo ele arrepiado, finjo que não vi, mas ele insiste em me provocar.

— Esse é o efeito que você causa em mim, Anne — ele sorri bobo — me deixa arrepiado só em encostar uma compressa de gelo.

— Isso que nem estamos em contato direto — sorrio — que coisa não é?

— Anne? — Abby interrompe e o clima se encerra de imediato, a encaro e ela sorri.

Torno a lembrar da foto em que os dois estavam se beijando.

— Podemos conversar?

— Claro, com licença — devolvo o gelo para Gilbert e acompanho Abby para fora do colégio.

— Anne, eu te chamei aqui porque sinto que as coisas estão fora do controle.

— Realmente — digo enquanto encaro minhas unhas neutras.

— Quero que saiba, que eu e Gilbert não temos absolutamente nada — ela fala com bastante naturalidade, como se aquilo não a atingisse — um dia fomos namorados, mas éramos novinhos e ele estava passando uma temporada em Nova York. Mas eu descobri, que... não gosto de garotos.

— Você está me dizendo que você...

— Estou em busca de encontrar meu amor próprio antes de tudo, e aquele beijo fotografado, não era um beijo apaixonado — ela diz — era para eu saber o que realmente sentia, e posso afirmar, que eu não o amo, muito menos ele me ama.

— Quando vi a foto meu coração se despedaçou, era como se ele mira-se uma flecha em chamas no meu peito a fim de despedaçar-me.

— Eu entendo, por isso achei por bem lhe contar toda a verdade antes que fosse tarde demais para você aceitar isso.

— Aceitar o que?

— O óbvio Anne — ela sorri — Gilbert a ama mais do que qualquer coisa nesse mundo, e ele não deixou de me dizer isso um dia sequer, e no dia em que foi na cafeteria foi para lhe dizer tudo que sentia.

— E eu estraguei tudo, me sinto uma idiota.

— Olha, ele fala de você com tanta paixão, fidelidade e respeito — ela pousa a mão em meu ombro — posso afirmar que a ama de todo o coração.

— Preciso concertar isso — falo encarando-a — obrigada pela sinceridade e preocupação.

Nos abraçamos e eu saio em busca do garoto que sem dúvidas, tinha todas as chaves do meu coração.

. . .

Gilbert estava na detenção, era óbvio que ficaria mais tempo, e eu, estava terminando o último ensaio do teatro, estávamos próximos das férias, e de acordo com Diana, tudo era cronometrado, o teatro, o baile, a viagem para um resort, e as festas de fim de ano eram por conta própria. Eu já estava preparada para tudo, desde o teatro, até o fim do ano letivo.

Assim que o último ensaio acabou, me deparei com Gilbert parado no batente da porta observando-me atento, com um sorriso torto e ao mesmo tempo doloroso devido a dor. Sorrio de volta para ele, que me chama somente movendo a cabeça.

— Posso levá-la?

— Precisamos mesmo conversar — o encaro — eu vou avisar Marilla que vou demorar um pouco.

— Sim, faça isso — ele diz — vamos passar em um lugar antes de eu deixá-la em casa.

Pego minha mochila, e seguimos para o estacionamento. Aviso Marilla, que me responde com um "cuidado". E em seguida entro no carro, o mesmo carro que entrei no hospital, no dia em que o pai de Gilbert morreu.

— O cinto continua não gostando de mim — falo enquanto puxo o mesmo que está travado.

Gilbert se inclina, e era impossível ficar tão perto dele e não sentir o corpo ferver.

— Estou começando a achar que isso é uma desculpa tola para me fazer ficar próximo de você.

— Se pararmos para pensar, não é tão tola... — lhe encaro perversa e ele retribui com seu típico olhar confuso — estou brincando.

— Não precisa fingir que isso não é real — ele se ajeita — eu sei que é.

Ergo os braços em resposta.

— Pronta para ver o lugar mais lindo do universo?

O encaro surpresa.

— Contanto que seja ao seu lado Gilbert, eu estaria preparada para ver até o pior lugar.

Ele acaricia o dorso de minha mão e sorrindo diz:

— Você não sabe o quanto é bom ouvir isso.

. . .

Foi curtinho, mas emocionante, poucos capítulos para terminar e... Vocês terão muitas surpresas ainda!

Espero que estejam gostando e me acompanhem até o final! 💙

Anne With An E - Sec XXI (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora