Capítulo 27

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Quando despertei, estava praticamente em total escuridão, mas através das frestas da porta pude ver a luz do dia. Eu suspirei coçando os olhos e um pouco desnorteada, estava frio, parecia um daqueles dias de preguiça que amoleciam o meu corpo tornando difícil até a tarefa de respirar — isso e a embriaguez do dia anterior, a bebida ardendo ainda na minha garganta e o gosto amargo dela em meus lábios. Enfim desperto e tenho as mãos macias de Johanna envolvendo meu corpo em proteção extrema. Eu me viro em sua direção e beijo suavemente a sua testa já que não tinha praticamente qualquer vista dela.

— Acorde, senhorita Mitchel.

— Hum... bom dia, querida, dormiu bem? — ela se moveu na cama, pegou um controle no criado mudo ao lado da cama e ligo a luz que subia progressivamente para não queimar nossos olhos.

— Pouco, mas o suficiente. Que horas são?

— São... — ela se vira e pega o seu celular. — 5:40.

— Preciso me preparar para o trabalho.

Afasto uma mecha de seu cabelo vermelho do rosto, mas ele volta a cair sobre seus olhos, nós duas rimos antes que ela beijasse meu pescoço e minha clavícula.

— Depois fala do meu obsessivo empenho com trabalho. Tem que estar na IMS apenas as 7 e de carro demora 10 minutos.

— Não, eu tenho que estar na IMS as 6h45 sem atrasos, faz parte do meu ritual de pontualidade.

Me ajoelho sobre o colchão enquanto ela parece igualmente preguiçosa como eu. Eu a beijo, ela me puxa para cima de si e estou deitada sobre seu colo como se duas cobras estivessem enroladas uma a outra no amontoado de colchas e lençóis.

* * * * *

Eu estava com vergonha.

Estava com vergonha quando saímos do quarto já trocadas, eu com uma roupa emprestada sua; um vestido verde de alças um tamanho maior que eu e um espaço bem folgado em baixo e estranhos saltos baixos que eu não me sentia confortável.

Ela me guiou através da escada e através do imenso hall de entrada onde viramos para a esquerda. As luzes brancas do sol invadiam o espaço através da porta a frente, luzes que pareciam se espalhar por todo o cenário. Ela me guiou por entre os cômodos até chegarmos a sala de jantares onde a primeira coisa que ouço é a voz da senhora Marcelyn conversando e meu corpo treme involuntariamente.

Quando o olhar deles nos alcança, eu sorrio timidamente.

— Cecilia, ainda aqui? Pernoitou? —senhora Marcelyn separava em pequenos cubos um melão ao me olhar.

— S-sim, senhora.

Ela já havia dito para não chama-la de senhora, mas quem disse que os velhos hábitos vão embora?

— Ela estava no quarto de hospedes ao lado do meu, não podia deixa-la partir, assim como não podia leva-la em casa por causa da fiscalização de transito.

Eu estava no quarto de hospedes?

Por que não pedimos para o velho chofer me levar?!

Eu a olho e ela balança a cabeça um pouco, como se pedisse para mim não nega-la. Claro, havia uma cama extra no seu quarto, mas era o quarto dela, o que seus pais diriam se soubessem que uma amiga dormiu no mesmo lugar que ela? Não somos mais crianças e o clima com certeza seria de desconfiança de que fizemos algo errado — nós fizemos, dormimos abraçadas, mas ninguém viu e foi incrível.

— Temos um motorista particular para isso, filha, por que não pediu para leva-la em casa?

— Mãe, não iria incomodar o velho Benjamin as quatro da manhã.

Meu Indomável Desejo (Edição Definitiva) | COMPLETO!Onde histórias criam vida. Descubra agora