Capítulo 24

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Meu coração estava explodindo dentro do peito, era tanta energia que eu sequer conseguia respirar direito.

Além da preocupação com a minha mãe ser a única coisa que me importava, eu senti o meu pulmão se romper por causa da asma que me persegue desde sempre, mas Johanna me amparou e já estávamos chegando ao Eleutério.

O meu único pensamento foi o de saber se minha mãe estava bem, se corria algum risco de morte. Uma imensa dor atravessou o meu corpo e eu logo pensei que sequer conseguiria me despedir.

A morte foi a única coisa que passou por minha cabeça já que ela não tinha mais tanta saúde para desfrutar e tinha estado sozinha desde a manhã por causa da minha empolgação.

Ela atravessa as portas de entrada comigo aos seus pés, eu seguro o meu peito. Passamos voando pela recepção onde Alice lhe entregou um cartão e um aparelho médico de respiração. Johanna passou em outro balcão sem parar e recolheu um tablet onde constava diversos detalhes, mas não tinha como saber o que ela procurava ali.

Tudo na minha vista parecia embaralhado. Eu fui guiada por Johanna até uma porta que dizia "Emergência" e tinha uma placa luminosa de uma cor amarela.

— Amarelo, ela está estável, Cecilia. Por favor, aguarde aqui fora que eu vou ver como ela está sim?

— Johanna... salve minha mãe!

— Desculpe, mas isso não será eu quem fará, querida. Apenas fique calma. Berta, uma agua para Cecilia, por favor.

Ela comunica a uma moça baixinha de cabelos grisalhos e óculos escuros que segue até um bebedouro onde pega um copo e me entrega para beber.

Aquela sala do outro lado me apavorava. De momento, pensei que a luz sobre o batente da porta poderia mudar de cor — para vermelho ou verde —, mas se acontecesse, poderia realmente ser vermelho e tudo desabaria no meu mundo.

Eu me sento num banco de espera do corredor e me encolho em meus braços enquanto meus pés tremem no chão e não há nada para me acalmar, apenas três outros médicos ao meu redor que percebem que estou com falta de ar.

— Está tudo bem, senhora?

Aceno que sim, mas está difícil até para manter os olhos abertos por mais que alguns segundos. Mas os médicos são rápidos e pegam uma bombinha de ar para eu poder respirar, tusso, ofego por ter engolido rápido demais e tento me acalmar para também não precisar entrar numa daquelas salas com luzes vermelhas, amarelas ou verdes.

— Calma, respira comigo — uma mulher mais velha segura a minha mão esquerda e põe a direita sobre o meu peito. — Um... — olho para sobre seu peito e respiro. — Dois — mais uma vez. — Três.

Depois disso, apenas tapo meu rosto e dobro os lábios pelo nervosismo dos instantes que não passam.

— Estou bem... obrigada.

— Se precisar estaremos aqui, sim?

Balancei a cabeça em afirmação.

* * * * *

Eram 22h40 quando olhei meu celular. A bateria estava em 1% e não demorou para que se apagasse e me deixasse ainda mais tensa por não poder conferir mais as horas.

Depois de horas naquele lugar, olhando pelo corredor, o movimento intenso de pessoas, olhando a todo momento a luz sobre o batente, nem mesmo a fome parecia me assaltar mais, pois não a tinha, não tinha fome e nem vontade de nada.

Apenas para esperar.

E se isso fosse culpa minha? Minha irresponsabilidade em deixar uma mulher idosa em casa sozinha durante o dia! Isso nunca tinha acontecido antes e quem a viu naquele estado merece a minha gratidão eterna — talvez o nosso vizinho que sempre estava com um ouvido na sua casa e um na minha a meu pedido já que ele só trabalhava a noite.

Meu Indomável Desejo (Edição Definitiva) | COMPLETO!Onde histórias criam vida. Descubra agora