Capítulo 11

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A noite já estava avançada, mas a equipe permanecia em intenso estudo sobre casos antigos e como foram solucionados. Após as complicações do último caso em que participaram, foi constatando que era preciso uma maior preparação. Mesmo que tivessem demonstrado excelência em todas as antigas missões, não podiam atrever-se a fracassar.

Entretanto, Carol estava incomodada pelo fato de que Pedro, o novo membro, estava de cabeça baixa o dia todo. Não ria das piadas de Francine e não respondia às provocações de João, o que não era comum de seu comportamento de todos os dias. Ele sabia que algo estava errado, então aguardou até o fim do expediente se aproximar para abordá-lo.

Carol: — Tofani, eu estava pensando... — começou de supetão, sentando-se rapidamente na cadeira ao lado dele. — A loja chique já fechou, então está por nossa conta. O que você acha de pegar umas roupinhas pra nós. O pessoal maior paga pra gente.

Pedro: — Valeu, Carol, mas eu acho que vou pra casa. Tô meio pra baixo. — havia pouca resistência em sua voz, quase soando como se aquilo fosse um pequeno drama antes de aceitar o convite.

Carol: — E é por isso mesmo que nós vamos fazer comprinhas. Vai me dizer que isso não te anima? Você sempre aparece com uma roupa diferente, deve amar experimentar roupas.

Tofani apenas sorriu e se levantou, indicando com a cabeça para onde queria ir. Carol sorriu de volta e correu, puxando-o pela mão. O restante da equipe observou-os sem entender. Passaram pelos corredores e pelo elevador até chegarem na sofisticada loja que escondia a base da agência. O ambiente era muito bem pensado para induzir os clientes a comprarem, mesmo que os preços fossem muitas vezes fora do normal.

Carol: — Olha só! — pegou uma camiseta vermelha enfeitada com glitter que ainda conseguia ser sutil. — Isso é a sua cara, Tofani.

Pedro: — Ela é linda mesmo. — respondeu, passando a mão na blusa com cuidado. — Eu só não me sinto no humor de usar algo assim.

A ruiva reparou que não seria fácil fazê-lo entrar no clima de compras, então preferiu tentar ajudá-lo a se sentir melhor.

Carol: — Bem que eu reparei que você abandonou suas roupas coloridas. Me diz, Pedro, o que tá acontecendo?

Foi aí que o garoto desabou em lágrimas, surpreendendo a amiga, que apenas o abraçou.

Pedro: — Eu não sei o que tem acontecido comigo, Carol. — levantou a cabeça, ainda chorando. — Desde que levei aquele tiro, tudo deu errado. Meus pais se foram no momento em que eu mais estava vulnerável, sabe? Porra, eu tava me recuperando de um acidente. O João também não ajuda em nada. Cada palavra rude dele reafirmando como eu fracassei na missão me deixa muito mal, porque eu sinto algo muito estranho quando o decepciono. Não sei explicar, é só uma dor muito grande, como se eu decepcionasse alguém importante pra mim. Isso não tem nem sentido, porque ele não se esforça pra que eu me importe com ele.

Carol sentiu-se de coração partido. Ela já havia enfrentado uma situação parecida e sabia bem até onde aquilo levaria, mas não podia apenas dizer. Seria demais para Pedro. Então, estava prestes a contornar a situação com palavras de conforto quando Romania apareceu correndo e abraçou Tofani com força por longos segundos.

Pedro: — Desde quando você faz esse tipo de coisa?

João: — Eu não fiz nada e você não se lembra disso. — afirmou, apontando um dedo para Pedro. — Vocês que me desculpem, mas escutei tudo. A Fran pediu para chamá-los pra encerrar a noite e quando cheguei o garoto estava desabafando. — virou-se para o aluno. — E eu estou longe de estar decepcionado com você, Tofani. Você é foda. Mas saiba que não vou falar isso de novo.

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