Capítulo 40

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Tofani estava tenso e isso não era uma surpresa para ninguém. Acabara de ouvir da boca da dona do local onde dormia e trabalhava há semanas que estava na mira para ser assassinado por ir fundo demais em um caso. Isso indicava que precisava agira mais rápido do que pensou, mas naquele momento não seria possível. Estava a ponto de surtar, tanto de medo, quanto de nervoso.

Entretanto, seu desespero baixou um pouco ao entrar no próprio quarto e ver Romania dormindo direito pela primeira vez em alguns meses. Ninguém da Equipe dormia tão bem desde que chegaram ao local de investigação. Pareciam ter desaprendido a descansar, pois o medo constante tornou-se um empecilho em todas as circunstâncias de seus cotidianos.

Seu celular vibrou. Era uma mensagem de Carol.

"garoto, por que você não foi pro nosso quarto? vai que a louca te procura no meio da noite e eu nao to vendo luzes acesas."

O casal havia feito Pedro prometer que passaria a noite num colchão no quarto delas, porque temiam que Katheryn buscasse agir com as próprias mãos para cima de Tofani, e ela com certeza buscaria por ele em seu próprio quarto. Por perceber que o plano vinha de pura paranóia e não fazia sentido algum, ele apenas seguiu para seu quarto. Não estaria sozinho de qualquer forma.

Tofani foi sorrateiro até o lado da cama de João e tirou uma foto sorrindo com o garoto, que dormia de costas enrolado em uma coberta enorme. Era estranho considerando o clima do local. Enviou a imagem para a ruiva, dizendo:

"Altos papos por aqui, cê sabe."

Ficou por alguns segundos sentado em sua própria cama, até que uma chamada vinda do telefone de sua mãe acendeu sua ansiedade rapidamente, impedindo-o de pensar no colega que dormia profundamente logo ao seu lado e atendendo a chamada.

Pedro: — Mãe, quanto tempo! O que faz acordada às três da manhã? Na real, quatro horas aí no Brasil, né?

Fernanda: — Faz muito tempo mesmo. Hoje era aniversário da minha irmã. — foi seca e grossa. — Liguei pra te perguntar com quem você está dividindo o quarto nesse lugar aí.

Pensou na resposta e nas consequências que ela traria, então preferiu esquivar-se.

Pedro: — Por que a pergunta? Tanta coisa pra falar...

Foi quando Tofani lembrou-se de algo: programou seu celular para enviar todas as fotos que tirasse para sua mãe em sua primeira missão.  Ainda não sabia da seriedade e discrição do serviço e morreu de medo de ser sequestrado e ficar sem notícias. Era bobo, mas a questão é que pela falta de tempo, esqueceu-se de retirar a configuração. Provavelmente sua mãe havia visto a foto que acabara de tirar ao lado de Romania.

Fernanda: — Eu te aconselhei e acho que você não seguiu meus conselhos. Estou te avisando, Pedro Tofani, gente como esse garoto vai destruir sua vida mais do que já está destruída.

Pedro: — É bom ter uma pessoa tão "ruim" como ele pra conversar quando meus próprios pais não me perguntam nem como estou.

Fernanda: — Saiba que nós só te deixamos assim porque você não enxerga a verdade.

Pedro: — Boa noite, mãe.

Desligou o telefone rindo. Com certeza sentiu-se muito animado com a possibilidade de matar a saudade de sua mãe, mas seu psicológico já não estava fraco o suficiente para se abalar com o mesmo discurso de sempre. Era mais fácil do que nunca descartar tudo de ruim que ouvia. Finalmente, desvinculou sua câmera do contato de seus pais.

João: — Cê tá bem?

Tofani se assustou com a voz sonolenta e rouca de João Vitor, que estava acordado e olhando para ele, ainda deitado e enrolado na coberta.

Pedro: — Tô ótimo, João. Pode ir dormir.

João: — Não, não. Eu nem tava dormindo. — Pedro apreciou a mentira. Romania levantou-se da cama e abraçou o garoto. — Sua mãe tá te falando merda de novo? Ela não pode fazer isso com você...

Pedro: — Eu não ligo pra nada disso, tá bom? Obrigado pelo abraço. — retribuiu com carinho. — Por favor, vai dormir. Você tava descansando tão bem.

João: — Eu fico preocupado com você, meu bem... — riu. Tofani reparou no quão grogue ele estava. — Mas eu tô orgulhoso, você não precisa mesmo escutar seus pais. Nós aqui amamos você. E eu te admiro.

Pedro: — João, você tá se escutando? Puta que pariu. — suas risadas eram constantes. Soltou-se do abraço. — Duvido que você falaria isso se estivesse bem acordado.

João: — Não falaria mesmo, mas é tudo verdade. — pulou de volta para a cama. Ele sabia que não estava sendo totalmente coerente com o que falava e de fato não estava bem acordado, mas no fundo ficou orgulhoso da própria coragem. — Boa noite.

Pedro: — Boa noite, doido.

Tofani ficou algum tempo rindo sozinho e sentindo o vento. Ter o apoio daquelas pessoas em meio a tanto risco era a melhor parte de tudo.

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